quinta-feira, 28 de abril de 2011

RELATÓRIO DO VI ENEJAC


VI ENEJAC

ENCONTRO NACIONAL DE EX-JACISTAS

Resort Porto d’AldeiaFortaleza/CE

Período: 07 a 12 de Setembro de 2010

RELATÓRIO

NOSSA HOMENAGEM À CARMOZITA

“In Memoriam”

Obrigada, sobretudo ao nosso Deus, Senhor da vida, Senhor do meu passado tão longo, mas que valeu a pena viver. Obrigada pelo meu presente tão pleno de e alegria. Neste momento, obrigada meu Deus, pelo meu futuro que continuo a colocar em vossas mãos...”

(Carmozita, julho de 2010)

VI ENEJAC – ENCONTRO NACIONAL DE EX-JACISTAS

Comissão Interestadual Organizadora

Maria Rodrigues Barbosa - CE

Maria Valcíria Pinheiro - CE

Eridante Paiva de Souza - RN

José Alaí de Souza - RN

João Camilo Pereira – PB

Margherita Peisino Pereira – PB

Cleonice da Silva Viana – PE

Ignácia Maria C. H. Lavareda – PE

Elaboração do Relatório

Eridante Paiva de Souza

José Alaí de Souza

Natal, 14/03/2011

Relatório On line

www.novoblogdoenejac.blogspot.com

Participantes do VI ENEJAC

A AMIZADE (*)

Eri Paiva

Seja por afinidade ou empatia,

Alguém que está sempre disposto

A nos proporcionar alegria,

A Amizade é um sentimento, Ajuda, compreensão...

Um dos mais bonitos talvez Tudo brotado a seu tempo

Que a vida nos dá de presente E regado com o devido carinho

Para termos ao nosso lado Dentro do seu coração.

Quem sente o que gente sente.

(*) Extraído de “Poemas de Amizade”,

Em nossos relacionamentos de Eri Paiva, distribuído por ocasião da

Encontramos aqui e ali, Noite Cultural - VI ENEJAC.

INTRODUÇÃO

Há cada dois anos vem acontecendo mais um ENEJAC - Encontro Nacional de Ex-Jacistas, reunindo pessoas de todo o Brasil, que participaram da JAC - Juventude Agrária Católica, nas décadas de 1950 e 1960.

A JAC fazia parte da Ação Católica Brasileira que atuando em pequenos grupos, tendo como método o “Ver, Julgar e Agir”, proporcionava aos jovens o crescimento na fé e uma consciência crítica e comprometida com uma atuação no seu meio e com as mudanças das estruturas sociais e políticas do país.

A JAC no Brasil começou na Diocese de Caicó, no Rio Grande do Norte em 1947 e teve como área de atuação 15 estados: Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Paraíba, Pernambuco, Piauí, São Paulo, Santa Catarina, Sergipe, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.

Como os demais movimentos de Ação Católica, a JAC foi extinta durante a Ditadura Militar de 1964, mas a maioria dos seus militantes continuou atuante nos sindicatos, nas associações, nas cooperativas, no movimento dos trabalhadores sem terra, nas comunidades eclesiais de base e nas diversas pastorais.

Dispersos nas décadas de 1970/1980, somente a partir de 1990 os ex-jacistas passaram a se encontrar. Em Outubro de 1990 realizou-se um encontro em Porto Alegre/RS e, em Julho de 1996, um segundo encontro de ex-jacistas, em Natal/RN.

O I ENEJAC ocorreu em Itaparica/BA, em 1998. De lá para cá foram realizados mais cinco encontros: Em 2001, em Porto Alegre/RS; em 2003, em Natal/RN; em 2006, em Florianópolis/SC; em 2008, em Itamaracá/PE e, em 2010, em Fortaleza/CE, cujos objetivos, tema e programação detalharemos no presente relatório.

Banner compoema e foto da escritora Rachel de Queiroz

“Ah! É tão bom, nesta vida, abrir a porta da rua como quem abre um abraço, dizendo assim como eu faço:

- Entre a gosto, a casa é sua”!

OBJETIVOS

Objetivo Geral:

- Propiciar aos ex-jacistas momentos de estudo e troca de experiências sobre Produção Sustentável e Consumo Consciente.

Objetivos Específicos:

- Celebrar a alegria do reencontro entre amigos ex-jacistas;

- Contribuir para uma reflexão sobre as necessidades, práticas e impactos da produção e do consumo na qualidade de vida e no meio ambiente;

- Estimular práticas permanentes de cidadania adotando valores e princípios que guiem as escolhas, hábitos e formas de produção e consumo sustentáveis;

- Conhecer experiências relacionadas ao tema do encontro;

- Favorecer um espaço de intercâmbio cultural entre os estados participantes do encontro.

O Ceará recebendo o Brasil


PROGRAMAÇÃO DO ENCONTRO

Primeiro dia – 07/09/2010:

Tarde: Chegada e credenciamento dos participantes

Noite: Abertura do Encontro

A abertura do VI ENEJAC ocorreu a partir das 20 horas, sob a coordenação de Maria Barbosa, Francisca Jarina, ambas do Ceará e Eri, do Rio Grande do Norte. O grupo de ex-jacistas do Ceará saudou os demais participantes do encontro com o seguinte poema de Rachel de Queiroz:

Visitante bem querida pode entrar a casa é sua...

Ah! É tão bom, nesta vida, abrir a porta da rua como quem abre um abraço, dizendo assim como eu faço:

- Entre a gosto, a casa é sua!

Casa pobre, casa branca, caiada de branca areia...

Mas tão sincera e tão franca apesar de pobre e feia.

Tão branca que noite e dia para ninguém se enganar do Mucuripe alumia a estrada verde mar.

E grita para o passante:

Entre, demore um instante, tome a luz pra se guiar!

E quer que cada jangada sobre as ondas navegando vela branca desfraldada pareça um lençol acenando.

Terra de gente que medo nunca aprendeu o que é...

Que faz do rifle um brinquedo, tem no mundo uma que é seu santo padroeiro:

Meu padrinho no Juazeiro São Francisco em Canindé

E quando o sol cor de lacre na seca escorraça a gente vai ao Norte, faz o Acre dá-lo ao Brasil de presente...

Com o pouco que Deus nos dá, casa de pobre contente...

- Um prato de mucunzá, um gole de café quente a rede branca e macia e junto de nós, todo dia,

Alguém que goste da gente...

Isto tendo, o mais é nada...

Pode vir inverno ruim que a gente diz, conformada,

Desgraça pouca é tiquim’...

Depois, pra que, neste mundo, a gente sonhar grandeza

Não pode ser porão fundo quem nasceu para a repreza...

Nesta vida tudo é sorte. Mais vale um bem-querer forte do que toda outra riqueza.

Visitante vem querida pode entrar, a casa é sua...

Pois que singela acolhida o afeto não defeitua de todo o seu coração ponha a mão na nossa mão,

- E entre a gosto, a casa é sua!”.

Após a saudação de boas-vindas pelo grupo de ex-jacistas do Ceará, os participantes se apresentaram em grupos, por estado, e entre uma apresentação e outra eram cantadas músicas que falavam sobre a amizade, num clima de muita alegria e descontração.

Inicialmente apresentaram-se os ex-jacistas da Bahia, ao mesmo tempo em que todos os participantes cantavam “Eu quero Apenas”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos:

Eu quero apenas olhar os campos,
Eu quero apenas cantar meu canto,
Eu não quero cantar sozinho,
Eu quero um coro de passarinho,
Quero
levar o meu canto amigo,
A
qualquer amigo que precisar.

Eu quero ter um milhão de amigos
E
bem mais forte poder cantar
Eu quero ter um milhão de amigos
E
bem mais forte poder cantar”.

Em seguida, apresentaram-se os representantes de Brasília com a música “Amigos para Sempre”, de Jayne:

Eu não tenho nada pra dizer
Você parece no momento até saber
Como eu estou sofrendo

Vem veja através dos olhos meus a emoção que sinto
Em estar aqui
Sentir seu coração me amando

Amigos para sempre é o que nós iremos ser
Na
primavera ou em qualquer das estações
Nas
horas tristes nos momentos de prazer
Amigos para sempre

E, na seqüência vieram:

- Os cearences com versos da música “Carinhoso”, de Braguinha e Pixinguinha:

“Meu coração, não sei por quê
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo,
Mas mesmo assim foges de mim.

Ah se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E o
muito, muito que te quero.
E
como é sincero o meu amor,
Eu sei que tu não fugirias mais de mim”.

- Os paraibanos com esses versos de Canção da América, composição de Fernando Brant e Milton Nascimento:

Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao
ver o seu amigo partir

Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A
te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar”.

- Os pernambucanos, com todos participantes cantando:

Se uma boa amizade você tem

Louve a Deus, pois a amizade é um bem

Toda boa amizade você conservar

Como é bom quando se sabe amar

A amizade vem de Deus e a Deus deve levar

Como é bom quando se sabe amar”.

- Os cariocas com a música de Roberto Carlos:

Eu tenho tanto pra lhe falar
Mas com palavras não sei dizer
Como é grande o meu amor por você

E nãonada pra comparar
Para poder lhe explicar
Como é grande o meu amor por você”.

- Os gaúchos com todo grupo cantando, versos de “Canção da América”:

Amigo é coisa para se guardar
No
lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O
que importa é ouvir
A
voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A
te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar”.

- Os sergipanos com a música “Amigo”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos:

Você meu amigo de , meu irmão camarada
Amigo de tantos caminhos e tantas jornadas
Cabeça de homem mas o coração de menino
Aquele que está do meu lado em qualquer caminhada
Me lembro de todas as lutas, meu bom companheiro
Você tantas vezes provou que é um grande guerreiro
O
seu coração é uma casa de portas abertas
Amigo você é o mais certo das horas incertas

Não preciso nem dizer
Tudo isso que eu lhe digo
Mas é muito bom saber
Que você é meu amigo”.

Encerrando a apresentação, vieram os potiguares cantando a seguinte paródia, de autoria de Eri, na música de Balão Mágico:

Nós somos todos do Rio Grande do Norte

A cada encontro, crescemos, ficamos fortes

Somos amigos e queremos abraçar

Nossos amigos que acabaram de chegar

Com emoção vamos nos apresentar

O nosso nome cada um vai confirmar

Nosso desejo é de consideração

Que nos acolham dentro do seu coração

(Aqui cada participante se apresentou dizendo seu nome e de sua cidade).

Somos amigos, amigos do peito

Amigos de uma vez

Somos amigos, amigos do peito

Amigos de vocês (bis)

A vida é linda, todos merecem viver.

Igual criança temos muito que aprender

Brincar é bom, mas nossa maturidade

Tem compromisso com a biodiversidade!

Somos amigos, amigos do peito

Amigos de uma vez

Somos amigos, amigos do peito

Amigos de vocês (bis)”.

Em seguida, Margarida Peisine (Margot), da Paraíba, fez algumas considerações sobre o tema: Produção Sustentável X Consumo Consciente – Atitudes permanentes de cidadania em defesa da biodiversidade e apresentou os objetivos e o detalhamento do programa do encontro.

Após o encerramento da abertura do encontro, os participantes durante algum tempo permaneceram em grupos informais, no auditório e em outras dependências do hotel, colocando o papo em dia e trocando informações.

Segundo dia – 08/09/2010:

Manhã:

Momento de Espiritualidade

Às 8 h e 30 min teve início a programação do dia com um Momento de Espiritualidade, baseado no seguinte texto (Gen. 1, 11 – 13) relacionado com o tema do Encontro: Deus disse “A terra faça brotar vegetação: plantas, que dêem semente, e árvores frutíferas, que dêem fruto sobre a terra, tendo em si semente de sua espécie”.

E assim se fez.

A terra produziu vegetação: plantas, que dão semente de sua

espécie e árvores, que dão seu fruto com a semente de sua espécie, e árvores que dão fruto com a semente de sua espécie.

E Deus viu que era bom. houve uma tarde e uma manhã: o terceiro dia.

Após o ato penitencial, o Momento de Espiritualidade foi encerrado com o hino de São Francisco.

1ª Exposição sobre o tema do VI ENEJAC:

Das 9 h e 30 min às 11 h e 45 min foi realizado o estudo do tema: Produção Sustentável X Consumo Consciente – Atitudes permanentes de cidadania em defesa da biodiversidade. Para quem esperava um palestrante munido de mapas e gráficos projetados com o auxílio de um data show, a surpresa foi grande, uma vez que o conteúdo do tema foi apresentado pelo comunicador social, educador popular e poeta Elias Silva, que de forma descontraída, a todo momento, interagiu com os participantes do encontro ( Resumo do Conteúdo – Anexos 05 e 06).

Em vários momentos do estudo, foram feitas referências ao trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Banco Palmas, uma experiência de sócioeconomia solidária através da qual os moradores do Conjunto Palmeiras produzem grande parte dos produtos e serviços que consomem, no próprio bairro, com a utilização de uma moeda social, chamada “Palmas”, que circula entre os moradores e comerciantes locais, de forma a estimular o consumo do que é produzido com o incentivo do microcrédito e, vendido no bairro, fazendo a economia girar.

Após o estudo do tema, houve aprofundamento em pequenos grupos e colocação em comum das conclusões.

De 12 às 14 h: Intervalo para o almoço e tempo livre

Tarde:

2ª Exposição sobre o tema do VI ENEJAC:

Às 14 h e 30 min, após alguns avisos e cânticos para animar o ambiente e reviverpassado, teve continuidade o estudo do tema do Encontro. Mais uma vez para surpresaconteúdo foi apresentado de forma descontraída pelo comunicador social Márcio Firmiano, Coordenador do Ponto de Cultura Casa AME, do Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim, que realiza um trabalho oferecendo um lequeatividades voltadas para o tratamento e a reinserção social de portadores de problemaspsíquicos. o dos participantes o de

A sede do Movimento de Saúde Mental Comunitária localiza-se no bairro BomJardim, em Fortaleza. É um espaço terapêutico que atende, tanto as pessoas comproblemas psíquicos quanto seus familiares, levando-os ao exercício da cidadania e a uma melhor qualidade de vida.

Noite: Tempo livre

Terceiro dia – 09/09/2010:

Manhã:

Às 7 h e 30 min, saída para Fortaleza com o objetivo de conhecer a atuação de duas ONGs que desenvolvem trabalhos relacionadas com o tema de estudo do encontro.

1) Banco Palmas:

A primeira instituição visitada foi o Banco Palmas uma prática de socioeconomia solidária no Conjunto Palmeiras, um bairro popular, com 32 mil moradores na periferia de Fortaleza.

Situado na região sul de Fortaleza o Conjunto Palmeiras foi uma favela, cujos primeiros moradores chegaram em 1973 e foram construindo seus barracos sem nenhuma rede de saneamento básico, água tratada, energia elétrica, escola ou outro serviço público.

A partir de 1981, com a fundação da Associação dos Moradores do Conjunto Palmeiras – ASMOCONP, foi iniciado o processo de organização das famílias e através de diversas parcerias a Associação de Moradores foi aos poucos construindo o bairro e, em 1988 conseguiu a implantação das redes de água tratada e energia elétrica. Apesar

dos avanços na infra-estrutura local, uma pesquisa realizada pela Associação de Moradores em 1997, constatou que a pobreza e a fome eram devastadoras no bairro. 90% da população economicamente ativa tinha renda familiar abaixo de 2 salários mínimos, 80% estava desempregada, e os pequenos produtores não tinham como trabalhar devido a falta de acesso ao crédito e comercialização de seus produtos. Cerca de 1.200 crianças estavam nas ruas por não ter vaga nas escolas.

Em janeiro de 1998 a ASMOCONP criou o Banco Palmas e implantou uma rede de solidariedade entre produtores e consumidores. O objetivo do banco é garantir micro-créditos para produção e o consumo local, a juros baixos, sem exigência de consultas cadastrais, comprovação de renda ou fiador. Os vizinhos passam a dar a garantia ao tomador do crédito, assumindo se a pessoa é responsável ou não. A gestão do banco é feita pela própria ASMOCONP e seu quadro de pessoal é majoritariamente voluntário.

Em março de 2003 foi criado o Instituto Banco Palmas uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos com o objetivo de fazer a gestão do conhecimento e difusão das práticas de Economia Solidária, através de pequenas unidades produtivas, formais e informais, financiadas pelo Banco Palmas, direcionadas para o atendimento de demandas locais, articuladas em um sistema de rede.

Os empreendimentos são independentes e interligados por instrumentos e regras de solidariedade do sistema Palmas, sendo acompanhados diariamente pela equipe do banco.

Principais Empreendimentos:

-Palma Fashion: Micro empresa de confecções gerenciada e financiada pelo Banco Palmas que além da confecção de roupas promove, capacitação profissional e eventos na área de moda.

-PalmaNatus: É um empreendimento produtivo que está ligado a rede do socioeconomia solidária do Banco Palmas, criado em 2005. Trabalha com sabonetes artesanais e fitoterápicos.

- Loja Solidária: Espaço destinado à exposição e venda da produção dos micro empreendedores locais.

- Feira do Banco Palmas: Espaço onde são comercializados semanalmente produtos feitos no próprio bairro. É também um instrumento de reforço a cultura popular, dando oportunidade para apresentação de artistas, cantadores, emboladores, repentistas e outras representações da cultura local. Propicia um momento de encontro entre as famílias e de troca de experiências entre os feirantes.

- Clube de trocas solidárias com moeda social: O clube de trocas é uma articulação entre produtores, prestadores de serviço e consumidores do bairro, que se reúnem semanalmente para trocarem seus bens e serviços utilizando uma moeda social

-Palma Limpe: Microempresa que produz materiais de limpeza: detergente, desinfetante, água sanitária, amaciante e cera líquida, formada por 05 jovens da comunidade. A capacitação foi realizada pela Prefeitura Municipal e os recursos garantidos pelo Banco Palmas. É uma microempresa devidamente legalizada.

Projetos Sociais desenvolvidos pelo Banco Palmas:

- Academia de Moda Periferia: É um espaço de formação e produção na área de moda destinado a mulheres e jovens da periferia de Fortaleza e Região Metropolitana. Objetiva melhorar a qualidade técnica e profissional, promovendo a inclusão social no mundo do trabalho, baseado nos princípios da economia solidária.

-Bairro Escola de Trabalho: É um projeto de capacitação profissional e geração de trabalho e renda para jovens de 16 a 24 anos onde os próprios empreendimentos do bairro (comércio, industria e serviços) capacitam e empregam os jovens da comunidade. Por outro lado, a Associação de Moradores/Banco Palmas e os empreendimentos do bairro, estarão dialogando com essa juventude que vive em situação de exclusão social, criando um ambiente favorável para uma cultura de paz, reforçando a organização comunitária e sua capacidade de luta. Acredita-se que essas ações reduzam os índices de violência entre os jovens, a partir do momento que estes se sintam valorizados, integrados a vida econômica e social da comunidade e co-reponsáveis pelo bem viver da região onde moram.

Incubadora Feminina: É um projeto de segurança alimentar direcionado a mulheres em situação de risco pessoal e social, moradoras no Conjunto Palmeiras. A estratégia consiste em reintegrá-las ao circuito produtivo de forma a garantir-lhes cidadania e renda que assegure o acesso ao alimento. É um espaço na sede da Associação equipado com sala, cozinha, refeitório, banheiros e um galpão onde são realizadas oficinas, cursos profissionalizantes e ateliê de produção.

--Projeto Bate Palmas: Projeto para inclusão de cultura e arte entre os jovens da comunidade. A Cia. Bate Palmas consiste em um estúdio de música, uma banda e uma pequena oficina para criação de instrumentos musicais. No período carnavalesco, a banda se transforma na bateria do Bloco Bate Palmas.

--Palmatech: É um espaço, localizado na sede da Associação, que oferece oficinas e cursos variados na área de capacitação profissional, gestão de empresas solidárias, criação de redes e instrumentos de Economia Solidária enfatizando a cultura da cooperação. A escola é encarregada pela gestão do conhecimento do Banco Palmas, elaborando materiais pedagógicos, publicações e relatórios.

- Escola Popular Cooperativa Palmas: É projeto do Instituto Palmas voltado para a juventude do Conjunto Palmeiras com o objetivo maior de fazer a juventude do bairro ingressar na universidade. Atua com uma pedagogia libertadora que oferecesse aos alunos: conhecimentos teóricos para obterem sucesso no vestibular, desenvolvimento da capacidade empreendedora, e sensibilização para a participação nas atividades comunitárias e de proteção ambiental.Cada turma tem 06 meses de capacitação, 600 horas de sala de aula. Os professores geralmente são ex-alunos, alunos universitários e professores das escolas públicas do bairro.

Após a visita às dependências do Banco Palmas e uma visão dos vários projetos e atividades desenvolvidos, os participantes do VI ENEJAC participaram de uma explanação sobre o trabalho da instituição como um todo, ocasião em que foram tiradas dúvidas e aprofundados os conhecimentos sobre a experiência da instituição. Ao final foi servido um lanche com produtos dos micros empreendedores do sistema Palmas.

2) Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim

Ponto de Cultura Caca AME

A segunda instituição visitada foi o Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim - MSMCBJ. A história dessa instituição está diretamente associada à rica vivência das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). O Movimento originou-se a partir da criação de espaços de escuta abertos às pessoas das diversas comunidades que compõem a região do Grande Bom Jardim, em Fortaleza.

O MSMCBJ acolhe as pessoas, respeitando suas dimensões bio-psico-sócio-espiritual, promovendo o desenvolvimento dos seus potenciais, através do resgate dos valores humanos e culturais, no sentido de favorecer a qualidade das relações pessoais, interpessoais e comunitárias para a promoção do dom da vida.

A mística e espiritualidade que alimentam o MSMCBJ têm raiz profunda nos ideais do italiano Daniel Comboni, que em meados do século XIX chegou à África Central, quando ainda era sacerdote, e lá realizou um trabalho de evangelização revolucionário por reconhecer os povos africanos como sujeitos do seu próprio resgate. Lá, em 1867, fundou o Instituto dos Missionários Combonianos e, em 1872, o das Missionárias Combonianas, por reconhecer a importância da mulher no trabalho de evangelização e transformação dos povos. No Bom Jardim, como parte da caminhada dos missionários combonianos no mundo, em 1996, juntamente com leigos e leigas da região, o padre Rino Bonvini fundou o MSMCBJ. Na compreensão de todos que fazem hoje o Movimento, a revolução do futuro não será só uma mudança ideológica, econômica ou política, mas será uma mudança da qualidade das relações do ser humano consigo mesmo, o próximo e o transcendente.

Desde a sua origem o MSMCBJ tem a compreensão sistêmica da vida como base de sua ação. Daí decorre a compreensão de que a articulação em fóruns e redes é fundamental para sustentar o trabalho e a luta da sociedade civil organizada pela garantia dos direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais. Em face à lógica de um capitalismo mundialmente articulado, gerador de miséria e morte, é urgente o fortalecimento de uma nova lógica societária, social e ambientalmente sustentável. E é com este objetivo que o Movimento articulá-se em fóruns e redes.

Trabalhar em parceria é uma das mais ricas experiências do MSMCBJ. Somando forças, experiências e saberes é possível imprimir uma qualidade diferenciada no trabalho social. Daí que o Movimento tem em sua história um acúmulo bastante positivo de realizações em parceria.

Atualmente cerca de 100 pessoas estão envolvidas no dia-a-dia do MSMCBJ, entre funcionários e pessoas que voluntariamente contribuem da forma que podem com a manutenção das diversas atividades que o Movimento realiza.

Principais Projetos e Ações

Projeto Iandé Memé Maranongara: Este projeto é realizado em parceria com a Prefeitura de Maracanaú. O Telecentro está localizado na Associação Paulo Freire na rua Urucutuba, 1012, Pantanal no Bom Jardim.

Terapia Comunitária: A Terapia Comunitária é a porta de entrada do Movimento. É um dos espaços onde as pessoas se encontram, partilham suas dificuldades e, juntas, tentam encontrar a solução para os problemas ou pelo menos aprendem a melhor forma de conviver com os mesmos.

Autoestima: De maneira complementar à Terapia Comunitária, o MSMCBJ desenvolve um trabalho de autoestima com grupos de adultos, de adolescentes e de crianças, compostos não só por moradores da comunidade, mas de outros bairros da região metropolitana de Fortaleza e até do interior do Ceará.

Biodança: Essa atividade é praticada no MSMCBJ desde 1998, trazida pela facilitadora Margarida Furtado. Atualmente, faz parte do programa de formação do MSMCBJ como instrumento de cuidar dos terapeutas e educadores e também é aberta à comunidade.

Messoterapia: No MSMCBJ a massoterapia junta-se às demais práticas terapêuticas a fim de proporcionar o restabelecimento da saúde e o relaxamento das pessoas que procuram o serviço.

Formação: Desde a origem do MSMCBJ uma preocupação constante é cuidar dos(as) cuidadores(as). Isto significa que cada pessoa que colabora com as ações do Movimento participa de momentos especiais de apoio e cuidado, nos quais vivencia o encontro consigo e com o grupo com o qual trabalha, também na perspectiva de contribuir com sua formação. O reconhecimento deste trabalho transparece quando o Movimento é convidado a realizar formações em diversos outros espaços no Ceará e em outros estados do país e nas parcerias que estabelece com as universidades locais.

Projeto Sim à Vida: Crianças e adolescentes, entre 07 e 17 anos de idade, em situação de vulnerabilidade social são atendidas com atividades sócio-pedagógicas, arte-educativas e de esporte e lazer como instrumento de intervenção em suas realidades e fomentando o seu protagonismo pessoal e na comunidade.

Casa de Aprendizagem Ezequiel Ramin – Cursos Profissionali-zantes: Local onde jovens, adultos e idosos da região do Grande Bom Jardim têm a possibilidade de se capacitar através da participação em cursos profissionalizantes e, ao mesmo tempo, melhorar sua auto-estima, com o apoio de profissionais de diversas áreas.

Horta comunitária: Com a experiência da Horta Comunitária as pessoas reaprendem a lidar com o cultivo da terra simultaneamente ao desenvolvimento de uma série de habilidades e saberes que se encontram adormecidos. A partir dessa atividade, estimula-se o bem-estar na comunidade e com a natureza, além de oferecer um meio auxiliar de geração de renda.

Ponto de Cultura Casa AME: Inaugurada em janeiro de 2006, a Casa AME Dom Franco Masserdotti é um dos mais novos espaços do MSMCBJ. Sua proposta é acolher pessoas que tenham sensibilidade, gosto e prazer pela Arte, Música e Espetáculo. O objetivo da Casa é também proporcionar às comunidades do Grande Bom Jardim um espaço de encontro, escuta, cidadania, lazer e cultura, através das oficinas de teclado, violão, bateria, piano, flauta, percussão, cartões orgânicos, pintura, mosaico e teatro. Por meio da arte-terapia a Casa favorece às crianças, adolescentes, jovens e mulheres da comunidade, além dos(as) usuários(as) do CAPS Comunitário do Bom Jardim. Através da arte, eles(as) passam a expressar e compreender as situações vivenciadas, adquirem informações e a partir daí podem intervir na realidade com mais segurança, em busca da conquista de sua cidadania.

Centro de Aprendizagem do Bom Jardim – CABJ: É mais um espaço de formação do ser humano criado pelo MSMCBJ a partir de demandas de pessoas da comunidade.

Às 13 h e 30 min: Após as visitas às duas instituições, foi servido almoço em um restaurante típico de Fortaleza. Em seguida, visita ao Mercado Central, principal local de comercialização de artesanato em Fortaleza, onde os participantes puderam fazer compras. Retorno ao hotel pelas 18 horas.

Noite: Tempo livre

Quarto dia – 10/09/2010:

Manhã:

Momento de Espiritualidade

Os trabalhos do dia iniciaram com o Momento de Espiritualidade baseado na leitura do Salmo 104 (103),10 0 16.

“Fazes brotar as fontes nos vales e escorrem entre os montes;

Dão de beber a todas as feras do campo e os asnos selvagens matam sua sede.

A seus lados moram as aves do céu, cantam entre as ramagens.

De suas altas moradas irrigas os montes, com o fruto das tuas obras sacias a terra.

Fazes crescer o feno para o gado, e a erva útil para o homem, para que tire da terra o seu pão.

O vinho que alegra o coração do homem, o óleo que realça o brilho do rosto e o pão que sustenta o seu vigor.

Saciam-se as árvores do Senhor, os cedros do Líbano que ele plantou.

Momento de preces:

Senhor, livrai-nos da concentração dos bens. Ajudai-nos a colocar, fraternalmente. Os nossos bens a serviço do povo desta terra.

Refrão: Ó luz do Senhor que vem sobre a terra, inunda meu ser, permanece em nó.

Senhor, ajudai-nos a promover uma nova cultura política para a construção de uma economia que atenda as necessidades dos cidadãos e respeite as exigências da natureza.

A questão ecológica tornou-se em nossos dias um dilema. Senhor, ensinai-nos a amar o que a mãe terra nos oferece e não nos tornemos insensíveis à degradação do meio ambiente.

Senhor, ajudai-nos hoje, a aprender mais a ouvir tua mensagem com vontade de entrar em ação. Faze com que nos animemos a fazer o que é certo, com sabedoria e sem desanimar.

Senhor, abençoe todos os que trabalham em campanhas de consumo consciente, sobretudo os que respeitam o meio ambiente; abençoai os que lutam por uma produção sustentável e um consumo consciente.

Senhor, nosso Deus, recebe nossas orações. Em tua misericórdia não nos deixeis cair em tentação. Livrai-nos do mal pela tua graça, tua bondade e teu amor. Queremos viver como construtores de uma nova economia que gere vida e paz, e sermos sinais da presença do Espírito Santo, que é fonte de vida. Amem”.

Trabalho em Grupo:

Reunidos em pequenos grupos, os participantes do VI ENEJAC com base nas experiências visitadas fizeram as seguintes observações:

Em relação ao Conjunto Palmeiras e o Banco Palmas:

- Que os dois projetos visitados se baseiam no bem estar das comunidades e na promoção humana.

- Que no caso do Conjunto Palmeiras, que inicialmente era para pescadores, a comunidade era carente de todo tipo de serviço o que levou o povo a se unir para buscar soluções adequadas às necessidades locais, porque “a união faz a força”.

- Que para a realização do trabalho, valeu a iniciativa de Dom Aloísio Lorcheider, fazendo com que seminaristas morassem em favelas ou outras comunidades carentes. O atual gerente do Banco Palmas participou dessa experiência.

- Que a Associação dos Moradores do Conjunto Palmeiras está vinculada ao Banco Palmas e os demais serviços da comunidade que são os projetos.

- Que vale a pena acreditar que o trabalho comunitário transforma e contribui para a inclusão social de comunidades marginalizadas;

- Que a experiência do Banco Palmas deu certo porque tem como principal objetivo estimular a produção e a comercialização de produtos e serviços a partir de três eixos:

1) A propriedade comunitária,

2) O desenvolvimento comunitário,

3) O controle social.

- Que é importante a busca de parcerias para o desenvolvimento do trabalho, mas desde que respeite a filosofia de trabalho e a autonomia da instituição.

- Que a qualificação das pessoas do sistema Palmas é um dos fatores responsáveis pelo sucesso do trabalho que vem sendo realizado na comunidade.

- Que a experiência do Banco Palmas é resultante da força do povo organizado, com objetivos claros e definidos.

- Que o sistema Banco Palmas desenvolve um trabalho no qual estão presentes a consciência e a preocupação com a produção e o consumo conscientes, o que resulta no desenvolvimento sustentável.

- Que o Banco Palmas se baseia no princípio da economia solidária. Tem sua própria moeda que é usada na comunidade, com vantagens para todos: produtores, comerciantes e usuários. Além de sua própria moeda o Banco Palmas dispõe de recursos em reais para necessidade dos moradores, sobretudo fora da comunidade.

- Que a experiência do Banco Palmas já tem 30 anos, e a “estrada” percorrida foi cheia de dificuldades, inclusive junto ao Banco Central. Tudo indica que a perseverança e determinação dos moradores e dirigentes do Banco venceram as resistências.

Em relação à Associação dos Moradores do Bom Jardim para a Promoção da Saúde:

- Que o trabalho de terapia comunitária proporciona o resgate da auto-estima e reintegra as pessoas na comunidade através de atividades voltadas para a geração de renda, arte e cultura, disponibilizando: horta comunitária e cultivo de plantas medicinais, biblioteca com sala de leitura, aulas de música, grupo de teatro, além de outras atividades.

- Que o projeto dá grande importância à promoção da saúde mental, com o objetivo de “resgatar o ser”, considerando que muitas vezes as pessoas e a comunidade não reconhecem ou não valorizam os seus dons e potencialidades.

- Que o Projeto dá grande valor à “Palhoça”, espaço onde as pessoas se reúnem para expressarem seus pontos de vista, seus sentimentos, suas dificuldades e possibilidades de colaboração. Espaço onde há a troca de experiências e acontece um tipo de terapia coletiva.

Tarde livre

Noite Cultural:

Como vem acontecendo nos encontros de ex-jacistas, a Noite Cultural reuniu os participantes do VI ENEJAC num ambiente de muita descontração e alegria, onde esteve presente um pouco do folclore, da cultura e da gastronomia dos estados. Assim, tivemos um a apresentação teatral por um grupo de teatro de rua de Fortaleza, seguida da apresentação de músicas regionais por participantes do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Baia. A representação de Brasília fez algumas considerações sobre as características do cerrado e os participantes do Rio Grande do Norte apresentaram o Pastoril, um auto natalino, de origem européia, que integra o ciclo das festas natalinas do Nordeste, particularmente, em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas.

Após as apresentações culturais, foram servidas comidas e bebidas típicas trazidas pelos participantes dos seus estados de origem.

Quinto dia – 11/09/2010:

Manhã:

Momento de Espiritualidade

Às 8 h e 30 mim - Momento de Espiritualidade, baseado no seguinte conteúdo: Daniel 3, 57 – 82.56

“Obras do Senhor bendizei o Senhor! / Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!

Céus, do Senhor, bendizei o Senhor! / Anjos do Senhor, bendizei Senhor!

Refrão: A Ele Glória e louvor eternamente

Águas do Senhor que está sobre os céus, bendizei o Senhor!

Todos os poderes do Senhor, bendizei o Senhor!

Sol e lua, bendizei o Senhor / Estrelas dos céus, bendizei o Senhor! (Refrão)

Chuvas e orvalhos, bendizei o Senhor! / Ó vós, todos os ventos, bendizei o Senhor!

Fogo e calor, bendizei o Senhor / Frio e geada, bendizei o Senhor! (Refrão)

Orvalhos e gelos, bendizei o Senhor / Frios e aragens, bendizei o Senhor!

Gelos e neves, bendizei o Senhor! / Noites e dias, bendizei o Senhor! (Refrão)

Luz e trevas, bendizei o Senhor! / Raios e nuvens, bendizei o Senhor!

Que a terra bendiga o Senhor, louvai e exaltai-o pelos séculos sem fim! (Refrão)

Montes e colinas, bendizei o Senhor! / Tudo o que germina na terra bendizei o senhor!

Mares e rios, bendizei o Senhor! / Fontes e nascentes, bendizei o Senhor! (Refrão)

Monstros e animais que vivem nas águas, bendizei o Senhor!

Pássaros todos do céu, bendizei o Senhor! / Animais e rebanhos, bendizei o Senhor!

E vós, homens, bendizei o Senhor! (Refrão)

Ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, louvemos e exaltemos pelos séculos sem fim!

Bendito sois, Senhor, no firmamento dos céus! Sois digno de louvor e de glória eternamente.

Apresentação do livro da JAC

Conforme ficou definido no V ENEJAC, o livro da JAC terá como objetivo registrar a experiência da JAC, situando-a dentro de um marco histórico, econômico, cultural, sócio-político e religioso. Deverá, também, servir de material de referência, analise e reflexão para os próprios sujeitos do processo, bem como para todos que se engajam nas lutas sociais do campo.

No quinto dia do VI ENEJAC, após o Momento de Espiritualidade, Ângela Neves e Raimundo Caramuru (ex-assistente nacional da JAC) fizeram uma exposição sobre o conteúdo do livro e a situação atual em relação a sua elaboração.

Ficou definido, com a intervenção dos participantes do encontro, que o conteúdo do livro deverá contemplar todas as fases do movimento, situadas no seu contexto histórico e a partir das contribuições em forma de textos recebidos de várias pessoas que participaram do movimento.

Caramuru, como o mais novo integrante da equipe e principal responsável pela atual fase de elaboração e organização do livro, deverá contar com a colaboração dos demais membros da equipe tendo em vista a redação final e sua impressão.

Tarde:

Redescobrindo Fortaleza

City Tour pelos principais pontos turísticos de Fortaleza, incluindo o complexo Dragão do Mar e a orla marítima para mais compras de artesanato e jantar. O retorno ao hotel ocorreu pelas 22 horas.

Manhã:

Avaliação do VI ENEJAC:

Na primeira parte da manhã do último dia do VI ENEJAC, foi realizada uma avaliação do encontro, ficando a critério dos participantes externar suas opiniões em grupo ou individualmente.

Os grupos foram compostos com representantes dos vários estados participantes do VI ENEJAC.

Os principais pontos destacados foram os seguintes:

Acolhida: A maioria das pessoas achou que por ocasião da chegada foi boa a acolhida, pela equipe do Ceará, desde o aeroporto até a recepção do hotel.

Local e acomodações: O local e as acomodações do hotel, incluindo toda infra-estrutura colocada à disposição para a realização do encontro foi considerado um ponto positivo, a partir das citações: “A estrutura muito boa”. “Local – foi apropriado para o evento. Um lugar lindo, espaço físico para tudo. Ótimas acomodações – salas de estudo amplas”. “Local tranqüilo e belo”. Mas, por outro lado, houve quem considerasse aspectos negativos quanto a limpeza, ao atendimento e falta de providências em relação às muriçocas.

Alimentação: Considerada boa. Cardápio com opções variadas e valorizando a culinária regional.

Conteúdo do encontro: “Conteúdo muito válido”. “Muito bem escolhido” “O tema foi muito positivo e atual”. Foram muitas as citações desse tipo, mas também houve quem considerasse a necessidade de um maior aprofundamento, inclusive analisando aspectos estruturais e conjunturais em relação à produção e à comercialização sustentáveis. Houve, também, quem esperasse maiores discussões, com conclusões para a continuidade de uma ação. Ainda, sobre o conteúdo houve quem considerasse que o “Programa não sobrecarregou ninguém. Mais leve do que isso só excursão e assim mesmo às vezes é cansativo”.

Metodologia e palestrantes: As palestras seguidas de visitas para conhecimento de experiências relacionadas ao tema do encontro, como metodologia foi considerada adequada. A forma como os palestrantes apresentaram o conteúdo foi considerada como “... dinâmica, moderna e atraente”.

Horário: Quanto a esse aspecto, as observações foram em relação à necessidade de uma maior atenção ao horário da programação.

Espiritualidade: Positiva, considerando as seguintes citações: “... muito proveitosa e encarando três momentos: penitência, ofertório e ação de graças”. “Muito boa e bem preparada, engajada ao tema”. “Muito boa, levando realmente ao recolhimento. Textos e cantos bem escolhidos”. Mas, houve quem achasse que a espiritualidade fugisse do tema central do encontro.

Visitas às experiências: De maneira geral as visitas ao Conjunto Palmeiras para conhecimento da experiência do Banco Palmas e, ao Bairro Bom Jardim para conhecimento do trabalho da Associação dos Moradores do Bom Jardim para a Promoção da Saúde foram consideradas muito positivas, conforme registro em um item anterior desse relatório.

Equipe de Coordenação: O trabalho realizado pela Equipe de Coordenação, principalmente pelo grupo do Ceará foi considerado muito bom e eficiente pela maioria dos participantes do encontro. De uma maneira geral, o VI ENEJAC foi considerado muito positivo, não somente pelo seu conteúdo, mas por tudo que ele proporcionou aos participantes, conforme citações a seguir:

“ Bom entrosamento entre os participantes.”

“ Rever os amigos – aprofundar amizades..”

“ Bastante fraternidade e alegria de conviver...”

“ Rever os nossos amigos de convivência no movimento, após 40 anos.

“ Conhecer novos amigos, ex-jacistas; de outros tempos e lugares”.

“Atualizar as conversas, os assuntos e reavivar encaminhamentos novos ou novas articulações...”

“ Ter acesso a informações, publicações e endereços...”

City Tour: A visita a Fortaleza foi considerada positiva para compras no Mercado Central, entretanto tornou-se cansativa para alguns participantes. Também houve quem dissesse que deveria ter sido realizada em outro dia da semana e não no sábado à tarde quando museus e o comércio estão fechados.

Sugestões para o próximo ENEJAC:

Em relação ao tema: Uma abordagem sócio-política sobre a América Latina, ressaltando os movimentos sociais, dando ênfase a questão rural, fazendo uma relação entre o rural e o urbano na atualidade e o compromisso do cunho reparador do Estado com as populações negra e indígena dando enfoque a questão da mulher.

Com relação à metodologia: Que seja uma forma mais participativa possível, a partir das experiências (a teorização da prática), observando os avanços existentes e suas limitações no processo histórico.

Concentrar as discussões do tema exposto em duas manhãs apenas, reservando o restante do tempo para lazer, etc, levando em consideração a idade dos participantes (ex-jacistas).

Quanto ao período, foi sugerido por alguns participantes que seja na segunda quinzena de outubro de 2012.

Para baratear os custos com passagem, deveria ser contactada uma companhia aérea com o objetivo de transportar todos os participantes do encontro.

Definições sobre o VII ENEJAC:

Com base nas conclusões de uma reunião realizada com representantes dos estados e sugestões contidas na avaliação do VI ENEJAC, foram tomadas algumas decisões a respeito da realização do próximo encontro de ex-jacistas:

Local do VII ENEJAC: Foz do Iguaçu – Paraná

Tema: Integração Latino-americana

Época: A ser definida, preferencialmente na baixa estação turística, quando os preços de passagens aéreas, hotéis e demais serviços são mais baixos.

Equipe responsável: Inicialmente, Porfíria (PR), João e Dora (RS) ficaram responsáveis pelos primeiros contatos tendo em vista conhecer alternativas de local, preço de hospedagem e época mais apropriada, devendo a equipe ser reforçada com outros participantes do Rio Grande do Sul nas fases de preparação e realização do encontro.

Missa de Encerramento:

A Missa de Encerramento, celebrada por Padre Flávio Lima foi o momento maior de agradecimento a Deus pela realização de mais um reencontro de irmãos que permanecem unidos pela fé e pela amizade firmada na juventude e que se prolonga por muitos anos.

Agradecimento, também, pela oportunidade de juntos reavivarmos a nossa responsabilidade e reafirmarmos o nosso compromisso para com o planeta terra, objeto de estudo e reflexão nos nossos últimos encontros, tendo em vista a nossa contribuição efetiva na preservação das diversas formas de vida e do meio ambiente.

Tarde: Retorno dos participantes aos seus estados de origem.

A N E X O S

Anexo 01

Aspectos Financeiros:

Receitas:

Recebido dos participantes................................ ........R$ 51.765,00

Doações do Ceará................................................. ....R$ 3.545,00

Doação do Rio Grande do Norte.................................R$ 400,00

Total............................................................................R$ 55.710,00

Despesas:

Hotel (hospedagem e refeições).................................R$ 45.585,10

Canecas de cerâmica ........................................ .......R$ 400,00

Gráfica.........................................................................R$ 1.588,10

Sacolas, canetas, papel, xerox.................................. .R$ 1.420,00

Lanche (Banco Palmas), aluguel carro........................R$ 1.420,00

Aluguel de ônibus e vans.............................................R$ 3.835,00

Despesa de correio......................................................R$ 311,05

Total............................................................................R$ 54.559,25

Saldo...........................................................................R$ 1.150,75

Anexo 02

Mensagem de Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques Arcebispo de Fortaleza / CE

Recebi a comunicação e convite enviados no dia 19 p.p. para o VI ENEJAC – Encontro Nacional de Ex-jacistas.

Agradeço muito pela atenção e pelo convite. Diante de compromissosanteriormente agendados, não poderei estar presente.Envio meuscumprimentos e votos de êxito no evento, como comprometo minhas oraçõespelo mesmo.

Fraternalmente. Em Jesus e Maria.

Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques

Anexo 03

Mensagem de Carmozita

JAC – ENEJAC... Sempre para Cristo, no desafio, na alegria e na esperança.

A minha amizade com a JAC parece que não VÊ o tempo passar. Parece que eu entrei nela (ou ela entrou em mim), ontem. Creio que, aos olhos de Deus, foi desde sempre. E o nosso presente é tão forte que o passado (de tanto anos) ainda está aqui, neste momento. E o futuro também agora; se colocado nas mãos de Deus, ele esta aqui entre nós. Jesus – que é Deus – se faz presente, Ele que disse: “Quando dois ou mais estão reunidos em meu nome Eu estarei”

Para mim (creio também para vocês quando jovens) a JAC foi a semeadura de um ideal que nasceu deu flores de alegria abrindo-se em frutos de apostolado no meio rural em nossas família, construindo um mundo mais cristão, mais humano e mais feliz. Tudo ainda hoje, continuando o ideal semeado há muito anos. É o Enejac no presente.

Maria Carmozita Ramos, 12 de setembro de 2010

Anexo 04

INTROMISSÃO CENOPOÉTICA PARA O VI ENEJAC

Autor: Elias J. Silva – Educador Popular, Coordenador do Programa Cirandas da Vida

Fortaleza – CE

Que a nossa prática nos leve a construir um saber holístico e dialético sobe o ser humano, nos seus lugares social, histórico e ambiental. Que combinação podemos fazer entre economia, produção sustentável, consumo consciente, arte, saúde e amorosidade?

Que tipo de ser humano emerge da borra da economia do horror? Que fazer para não disparar o desamor, através do nosso agir, como causa e efeito de um cotidiano que nos sufoca?

Que fazer para não tornar o cotidiano mais avassalador e mais adoecedor através da lógica predatória de produção e consumo que o mercado impõe?

... faz um tempo que não caio nos teus braços / E sem abraços nãomais pra caminhar / Romper as grades / Acabar cm o sofrimento / Por um fim nos lamentos / É reclame popular.

Quero a vida humanizada / Quero atitude / Quero parar de implorar / Quero respeito / Sem preconceito / É meu direito de pedir para mudar / É meu direito de pedir para mudar

(Letra e música de Júnior Santos e Johnson Soares)

Que ser humano eu sou? Que humano ser somos nós? E as perguntas se apresentam em meio a tantas respostas permeadas de esperança: Como me educar a Ser humano e não me tornar escravo da economia do horror?

Como contribuir para o SER MAIS do outro? De modo aa que o meu igual possa se tornar protagonista do seu desenvolvimento, como ser pessoa, cidadão, gente...

Para além do tema e do panfleto retórico

A questão ambiental precisa ser sacudida

Com urgência e emergência de vida e cuidado

Que novo modelo de desenvolvimento

Pode dar conta desse desequilíbrio

E dessa contradição que põe em risco

A essência de ser pra ser deste planeta?

Esta questão nos remete para uma reflexão profunda:

Os produtos que abastecem nossas dispensas, os alimentos industrializados que consumimos e mesmo as frutas e verduras derivam de uma lógica socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável?

Na condição de consumidores potenciais nós estabelecemos alguma relação entre a forma de produção e o ato de consumo?

Como praticar um consumo consciente na forma de contribuição cotidiana e solidária para garantir a sustentabilidade da vida no planeta?

Podemos pensar produção sustentável e consumo consciente na perspectiva da promoção da saúde e da superação do adoecimento que a lógica capitalista de produção e de consumo acarretam?

...A saúde que acolhe é a mesma que regenera / doença no mundo porque o amor não impera.

Quando a gente se abraça o corpo fica contente / Quanto mais nos abraçamos menos ficamos doentes.

A saúde é um anúncio de cuidado e atenção. Ela tem haver com o corpo, com a mente e o coração.

(Letra e música de: Elias J. Silva)

A cultura dominante impõe que o sentido da nossa vida é a competição, o salve-se quem puder...

Em decomposição estão os princípios do humano ser

Na prática predatória cotidiana das ações governamentais

Das grandes corporações transnacionais

Das grandes fábricas e fabriquetas de fundos de quintais

Dos cidadãos ditos comuns aos cidadãos que ostentam fama

A cultura da economia do horror impregnou-se em tudo e em todos

Ferindo de morte a sustentabilidade de terra e do ser

Que foi que fizemos contigo, Planeta Terra

Que foi que fizemos contigo, ó Mãe Terra!

Secamos as tuas fontes

Sujamos aos teus riachos

Cortamos as tuas árvores

Exterminamos os teus animais

Princípios como solidariedade, comunidade, cooperação e equidade não convém ao Deus mercado. A educação formal, a saúde formal, a economia formal, o ser formal como valor de mercado que se volta para dar conta de um protótipo de ser humano, homus máquina, que é programado para crer que depende só dele ter sucesso na vida.

Uma lógica egocêntrica e egoísta, pautada pelo mercado invade as mentes, os púlpitos e os lares.

Morando em minha casa e também na sua / roncando no céu ou rondando na rua ? Um monte de máquinas frias ? São cérebros, pernas e mãos / Que às vezes colocam algemas / Nas doces vontades do seu coração / Os pais distantes dos filhos / Os filhos distantes dos pais / As máquinas fazem de tudo/ não fazem a paz.

Umas fazem bibi outras fazem chic choc / Umas fazem ranran e outras fazem plic ploc.

Temos máquinas de vida longa / Temos máquinas de vida breve / que máquina não pede ajuda / Na reclama e nem se atreve / Não atende telefone /

Máquina não sente fome / Muitas vezes mecaniza o coração do próprio homem.

Máquina nãosorriso / Não chora nem sente dor / Máquina não bate papo / Nem precisa de amor.

(Letra e música: Antônio Cardoso - Adaptação: Elias J. Silva)

Uma pergunta chave entra em cena: O que é uma vida de sucesso? Ter um carrão? Ganhar um milhão? Ora, ora: quase todos vão dizer que sim, poucos vão dizer que não... Afinal é o mercado que forja nossa convicção.

Sucesso é ter mais! Na lógica do TER o ser humano nunca se satisfaz, posto que a meta não é SER MAIS.

Ser feliz sozinho é atalho que o mercado vende como se caminho fosse. Educadores formais acabam entrando nesta onda, profissionais acabam tornando miupe sua visão de economia, saúde, educação... através da idéia focal de uma sociedade que reduz o protagonismo dos sujeitos a sua capacidade de consumir e de auferir lucros e dividendos, seja dentro da lei do mercado ou mesmo fora da lei.

E assim, vão se formando (ou deformando) os educadores da ilusão. Como pensar e apontar um caminho bem diferente para a economia, a política, a saúde, a educação?

Um caminho novo que estenda o seu olhar para uma economia que sirva ao desenvolvimento do ser humano, que construa autonomia e faça os olhos humanos enxergarem o valor das pequenas coisas?

Algum louco pode explicar?

Por que o lícito é ilícito.

E quase tudo que é ilícito está no ar?

Ah, o dono da TV é normal...

O Big Brotter é legal...

Anormal é não assistir

Não se ligar

Todos ligados

Audiência total

Equilíbrio psicosocial

Desligar a TV?

Mudar de canal?

Discordar do Pedro Bial?

Ah! Isso não é normal

Como ficaram nossos “heróis virtuais”?

Educação popular e economia solidária é um canal

Te liga meu irmão!

Produção sustentável e consumo consciente são atitudes que precisamos praticar.

Te liga meu irmão!

Práticas integrativas e populares de saúde é sintonia de humanização, frente a indústria da medicalização.

Te liga meu irmão!

Saúde e cultura, potência de promoção.

Te liga meu irmão!

Canais que sintonizam uma outra dimensão

A dimensão do humano para redução dos danos

Superar os danos que reduzem o humano

Que danos? Os danos causados pela estrutura

Que massacra o ser humano

Que humano?

O humano que sou eu

Que é você

Qual estrutura?

A estrutura da própria relação produção x consumo x mercado x doença x paciente x produtor x consumidor...

Esta estrutura é muitas vezes a equação da loucura e do desamor

A mensagem é ao mesmo tempo simples e desafiadora:

Podemos dar novo sentido ao nosso jeito de ser na comunidade e assim transformar a economia, a produção e consumo, a saúde e o ambiente! Podemos recuperar o verdadeiro sentido das práticas educativas, na perspectiva do consumo consciente?

Foi para você que eu guardei / Toda paz queem mim/ Toda paz queem mim / Foi para você que eu guardei.

(Letra e musica: Elias J. Silva e Giordano Bruno)

Podemos construir planos e ações mirabolante para mudar esse quadro ou podemos começar a praticar atitudes possíveis como se informar sobre o modo de produção e o comportamento das empresas cujas marcas e produtos consumimos?

Foi para você que eu guardei / Todo amor queem mim/ Todo amor queem mim / Foi para você que eu guardei.

(Letra e musica: Elias J. Silva e Giordano Bruno)

Podemos mobilizar a comunidade e gerar movimentos que possam ir ao encontro de um ambiente mais saudável que vincule produção sustentável e consumo consciente a nossa responsabilidade de cuidar bem dos nossos quintais, das nossas áreas verdes e mesmo do lixo que produzimos?

Foi para você que eu guardei / Toda paz queem mim/ Toda paz queem mim / Foi para você que eu guardei.

(Letra e musica: Elias J. Silva e Giordano Bruno)

Mas onde é que fica o nosso louco amor?

Amor que é cuidado

Amor que é cuidador

Amor que coloca o humano em primeiro plano

Amor que supera o ódio e o medo

Amor que acende a chama do que parece louco

Louco desse amor que transforma

E que supera todo aquilo que “normalissimamente” nos deforma

Sistema de produção e consumo que procria danos

Sistema desumano

Foi para você que eu guardei / Toda paz queem mim/ Toda paz queem mim / Foi para você que eu guardei.

(Letra e musica: Elias J. Silva e Giordano Brumo)

Desafio da nossa neoloucura: qual desafio?

Praticar uma economia de vida e não de morte, uma economia solidária e não predatória. Isto significa entender e vivenciar a economia como cuidar da casa, cuidar da vida das pessoas, cuidar do meio ambiente, cuidar do mundo em que vivemos; agir e se sentir solidário, responsável pela preservação e desenvolvimento da vida, enfim construir uma nova economia voltada para o bem viver, com produção, comercialização e consumo responsáveis, equilibrados e a serviço do desenvolvimento humano.

Construir a cada passo

Uma comunidade mais e mais humana

Será que alguém ouviu meu grito?

E como eu vai sair a gritar?

Serão um, dez, cem, milhares, milhões de gritos...

Anexo 05

MÍSTICA DA BIODIVERSIDADE

Autor: Elias J. Silva – Educador Popular, Coordenador do Programa Cirandas da Vida

“Eu trouxe aqui a biodiversidade na palma das minhas mãos

Nós trouxemos aqui a biodiversidade na palma das nossas mãos

Eu trouxe sonhos e lutas que não são vãos

Nós trouxemos sonhos e lutas que não são vãos

Eu trouxe aqui as minhas mãos que acolhem tuas mãos

Nós trouxemos aqui as nossas mãos que acolhem tuas mãos

Eu trouxe aqui o meu olhar que brilha mais intensamente

Quando encontra o teu olhar

Nós trouxemos aqui o nosso olhar que brilha mais intensamente

Quando encontra o teu olhar

Olhar (olhares) sobre a lagoa

Olhar (olhares) sobre a cidade

Olhar (olhares) sobre a saúde

Olhar (olhares) sobre a educação

Olhar (olhares) singular (singulares)

Olhar (olhares) diverso (diversos)

Olhar (olhares) que ciranda (cirandam)

E neste meu olhar feito em roda

E nestes nossos olhares feitos em rodas

Giram o passado e o presente

Meu sonho de futuro latente

Nossos sonhos de futuro latentes

Grávidos de um tempo bom

Mas o presente hojificado se faz cuidado

Minha forma de produzir e consumir

Nossas formas de produzir e consumir

Minha gente

Nossa gente

Meu desafio é cuidar

Nosso desafio é cuidar

Meu planeta doente

Nosso planeta doente

E eu não posso ficar omisso e indiferente

Pois o meu olhar precisa de brilho e sonho

Uma pulsão mortífera decanta sob o leito das águas

Uma pulsão mortítera invade ruas e casas

Mas a porção que sou eu segue lutando

Mas a porção que somos nós segue lutando

Eu não me canso de lutar

Nós não nos cansamos de lutar

Uma lagoa já respira saudável e bem cuidada

O ambiente global sufocado pelo terror

Uma economia do horror dispara o desamor

Os ecos do capital tentam destruir o corroer os meus valores

Os ecos do capital tentam destruir o corroer os nossos valores

Meus sonhos

Nossos sonhos

Meu ar

Nosso ar

Meus mananciais

Nossos mananciais

Minhas florestas

Nossas florestas

Minha vida

Nossas vidas

Ecos da dor das mães que choram seus filhos

Mas é preciso que eu resista

Mas é preciso que nós resistamos

O planeta resiste na medida que eu resistir

O planeta resiste na medida que nós resistirmos

Eco-resistência do movimento popular

JAC hoje é cultura

Ecos do ambiente que sou eu a cantar

Ecos do ambiente que somos nós a cantar

Eu sou linguagem da cultura popular

Nós somos linguagem da cultura popular

Minha arte no ambiente

Nossa arte no ambiente

Regenera a terra

Regenera o ar

Regenera a água

Regenera a nossa gente

Eu me regenero

Nós nos regeneramos

Ecos do amor a vida

Ecos da esperança

Ecos de poesia eu o ambiente reúne

Ecos do meu eu

Ecos do nosso eu

Nossos ecos entrelaçados

Ecos do sorriso da mãe-terra

Nesta Ciranda da Vida

Acolhendo seus filhos e filhas nesse encontro”

ANEXO 06

A PALAVRA DO PADRE RINO

“Pintando o Ser para uma economia de felicidade

Quando se fala em economia estamos sempre convidados a refletir sobre o “Ter”. Ter mais, ganhar mais...

Trata-se de enfrentar a injustiça estrutural que divide o mundo em gruposhumanos, que por um lado vivem na abundância desnecessária e outro, uma multidão ( mais de 65%), que vive abaixo da linha de pobreza. Os resultadoseconômicos são significativos e existem experiências bem sucedidas que nosque outros caminhos são possíveis. Isso gera tentativas parareverter esta situação, inventando novos caminhos criativos e eficazes, comoeconomia solidária que se esforça para criar novos empregos e renda nas classes desfavorecidas. mostram a

Mas a nossa pergunta é: será que esta mudança é suficiente para garantirmelhor qualidade de vida do ser humano? uma

Na nossa experiência de 14 anos ao serviço do povo, na periferia de Fortaleza, que gerou a Abordagem Sistêmica Comunitária, entendemos quetambém num nível mais profundo. O nível do Ser. as verdadeiras mudanças

Podemos oferecer novas oportunidades, criar novas vagas de trabalho, rendar melhores, mais se não trabalharmos a pobreza internalizada (que o nosso ser grava em forma de baixa autoestima) o progresso de pessoa permanece num nível muito superficial. E o risco é de repetirmos e implementarmos um padrão típico da cultura dominante, que se preocupa sócom os próprios interesses, o ter mais, o ganhar mais e não se preocupa comcultura da solidariedade. uma

Entendemos que o ser humano é um Ser bio-socio-espiritual e que para umcrescimento real precisamos trabalhar todas as suas dimensões, não sóoportunidades de emprego e renda, mas também ajudar a pessoa a se conhecer melhor, se aceitar, aprender a se valorizar e portantoentender que fazemos parte oferecendo de uma família, aonde todo mundo pode viverem paz, com qualidade de vida.

Assim pode se gerar uma economia Feliz, que não coloca o lucro e o interessepessoal em primeiro lugar, mas que cria condições de vida melhor para todos.

Este é o sonho de Jesus de Nazareth, “Eu vim para que todos tenham Vida, e Vida em abundância”. Uma Economia de felicidade para todos!”

-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

Padre Rino Bonvini nasceu em 29 de março de 1958, em Limbiate, na periferia de Milão (Itália). Formou-se médico em psiquiatria no começo dos anos 70. Depois de conhecer os Missionários Combonianos, decidiu ser padre, tendo feito o curso de teologia em Chicago, nos Estados Unidos. O psiquiatra e padre mora em Fortaleza desde 1996 e é fundador do Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim que atende duas mil pessoas por mês com o trabalho de terapia comunitária que inclui aulas de biodança e músic;, oficinas de pintura, crochê e fuxico; cursos de garçom e informática; horta comunitária e cultivo de plantas medicinais.

ANEXO 07

MENSAGEM DO PADRE JOSEPH SERVAT

Toulouse – França

“Prezada Ignácia e amigos do Brasil

Admiro a perseverança de todos vocês que fizeram a JAC do Brasil e que, ainda, hoje, aceitam testar o valor do que estão fazendo com o método, Ver, Julgar e Agir da nossa Ação Católica dos anos 60. De todo coração, me lembrando de todos, quero estar presente revivendo com vocês o que tanto nos animou. Sinto-me assim mais jovem, revivendo esses tempos difíceis, onde sonhamos com Cristo transformar o mundo. Esses sonos generosos, as situações não permitiram realizá-los. M as não esqueçam, hoje, na Europa como na América Latina, os que descobriram os apelos de Cristo estão sempre chamados. Vocação pode adaptar-se ao tempo e às situações mas nunca termina.

VER – Como é importante saber situar-sena vida e frente a vida, fazer tudo para rever o passado, conscientes da nossa responsabilidade do tempo presente no Brasil e da Criação de Deus toda. Sabemos abrir os olhos, olhar de verdade , sair dos nossos preconceitos para adquirir sensibilidade crítica? Todos estamos marcados por uma cultura, pela educação recebida, pela nossa posição em tal ou tal meio social ou maneira de pensar. Como é dificil ver a realidade objetiva de hoje, as verdadeiras causas e consequências das situações que vive o mundo, e duma maneira particular o Brasil? Para isso temos que nos ajudar e poder aproximar-se da verdade. Mudou o Brasil? Como? Quem está aproveitando desse progresso? As situações mostram uma vida melhor, mais livre onde se levantam pessoas humanas autênticas capazes de enfrentar e de transformar a vida? Quais as pessoas que tiveram mais importância nos seus estados nesses anos passados? E vocês, individualmente e também engajados nas instituições como estão se situando? O que tentaram realizar? Procurem fatos, atitudes, momentos da sua vida bem significativos fazendo aparecer maneiras novas de enfrentar a vida.

JULGAR – Nesses anos passados e nos acontecimentos que marcaram nossas vidas nos comportamos como testemunhas de Jesus Cristo? A palavra e as atitudes dele mudaram profundamente nossas vidas? Em quais aspectos particulares? Como esse Senhor Jesus ama cada um de nós depois de tantos anos. Com Ele fizemos o mundo melhor? Lutamos para tornar as pessoas, sobretudo os mais queridos por Deus que são os empobrecidos mais felizes e mais atuantes onde os encontramos? Lembramos as atitudes que o Evangelho afirma como sendo essenciais para merecer o título de discípulos, verdadeiros seguidores do profeta de Nazaré? Isso exige mudança permanente, crescimento, abertura ao amor de Deus e dos irmãos e, ao mesmo tempo, esforço para transformar o mundo, colocar nele justiça, igualdade, respeito, atenção especial aos mais fracos e excluídos, numa palavra acender um verdadeiro fogo onde os acontecimentos da vida nos colocam. (Lc 12, 49)

AGIR – Que o nosso encontro nos transforme, nos torne pessoas novas ao serviço desse Brasil sempre novo levantando como sinal duma América Latina nova ao serviço duma humanidade nova. Como viver nessa preocupação de servir os outros. (Mt 20, 28) Como podemos fazer descobrir onde desenvolvemos nossa vida a nossa responsabilidade de discípulos de Jesus e, com Ele, de transformadores do mundo? Para isso, no mundo de hoje, qual seria a missão própria do ENEJAC pensando para novos tempos e novos braços? A Missão continua. (Mt 19, 20)

ANEXO 08

RELAÇÃO DOS PARTICIPANTES

Bahia
1. Agenor Gomes Pinto

2. Antônia S. Garcia
3. Carolina Carneiro de Oliveira

4. Francisca Maria Carneiro Baptista
5.Joana Guida Carneiro

6.Naidison de Quintella Baptista


Brasilia/DF

1. Maria Aparecida Monteiro Vieira

2. Maria do Socorro Florentino C. De Souza

3. Odelita Caldas Ferreira


Ceará

1. Francileide Maria Rocha Silva

2. Francisca Jarina G Xavier

3. Francisco Faustino Pinheiro

4. Joaquim Rocha Amaral

5. Lúcia Gomes Soares
6. Maria Carmozita Ramos

7. Maria das Grascas Bessa Araujo

8. Maria da Paz Gomes Moreira

9. Maria Rodrigues Barbosa

10. Maria Valcíria Pinheiro

11.Manoel Naval Pinheiro

12. Raimundo Oscar Aragão Soares

Paraiba

1.João Camilo Pereira

2.Margherita Maria Peisino Pereira (Margot)

Paraná

1.Porfiria Mendoza Blanco


Pernambuco

1.Cleonice da Silva Viana (Nicinha)

2.Ignácia Maria da Conceição H. Lavareda
3.Maria Auxiliadora da Costa
4.Maria de Lourdes de Santana

5.Santina Therezita da Costa


Rio de Janeiro
1.Angela Neves Lucchetti

2.Maria dos Anjos de Oliveira


Rio Grande do Norte

1. Alice Maria Lima da Silva

2..Anália Pereira de Araujo
3..Arlindo Melo Freire

4. Avani Bezerra Dantas
5.Clarice da Rocha Liberato
6. Eridante Paiva de Souza

7. Edvan Pereira

8..Francisca Eulália de Araujo

9.Francisco das Chagas Dantas

10.Inês Fonseca de Medeiro

11. José Alaí de Souza
12..José Antonio da Silva

13..José Candido Cavalcante

14. José Nicolau de Souza

15. Juciara Leal Santana

16. Lídice Teresinha Vale Lamartine

17. Letice de Azevedo Dantas

18. Maria de Lourdes Lima Farias

19.Maria do Socorro Marques Bezerra

20. Maria do Socorro de Morais Cavalcante
21. Maria Lindalva Silva Soares

22. Minervina França Rodrigues

23. Otto Euphrásio de Santana

24. Severino Bezerra dos Ramos

25. Vânia Bezerra Dantas

26. Maria Zelia Pereira


Rio Grande do Sul
1. Canísio Beuren

2. Daniel Signori
3. Devina A. Bello Beuren

4. Dionisia Brod
5. Dora Milicich Seibel
6. Eli Tereza Schmidt
7. Iracy Maria Assmann Braun
8. Iradi Masotti
9.
Mons. João Ermillo Weizenmann
10. João Seibel

11. Joice Beuren
12. Maria Helena Scopel

13. Olavo Rockenbach

14. Regina Beuren

15. Renata Crespo de Sousa

16. Renita Graeff

17. Sandro Luis Braun

18. Sirio Sandri

19. Taiane Benincá
20.Vitório Beuren
21Zilba
Bortolotto Signori


Sergipe

01. Miguel Ferreira de Lima

02. Paula Francinete B Lima