quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL!


Caros amigos,
amigas e familiares!


P
A
Z
luz
amor
união
alegrias
ecologia
esperança
amor sucesso
realizações luz
respeito harmonia
saúde solidariedade
defelicidade humildade
morosidade afeto pureza
amizadesabedoriaboa sorte
igualdade liberdadecompaixão
sinceridade estima fraternidade
bondade paciência brandura força
equilíbrio dignidade benevolência
equidade isonomia reciprocidade direito
tenacidade prosperidade reconhecimento
trabalho poupança investimento estudo lazer
respeito dignidade honra ética mérito exemplo
eficácia eficiência efetividade responsabilidadecidadania
espiritualidade disciplina concentração reflexão meditação
Feliz
Natal!
Que o
A N O
NOVO
seja repleto de bons pensamentos, palavras e ações.
São os sinceros votos da Equipe de Coordenação do VI
ENEJAC

INTERAGINDO - E- mail recebido de Dora Milicich - Caxias do Sul/RS com o seguinte conteúdo:

Para os amigos do ENEJAC , um artigo de nosos amigos gauchos , Cechin e Alfonsín, muito bom para refletir neste Natal

Abrazos, Dora
Antonio Cechin é irmão marista, miltante dos movimentos sociais. Jacques Távora Alfonsin é advogado do MST e procurador do Estado do Rio Grande do Sul aposentado.
Eis o artigo.
Em que lugar, hoje, Maria e José obteriam acolhida para o parto iminente do filho esperado? Se estivesse nascendo agora, com qual criança mais se assemelharia o Menino Jesus? Às vésperas do seu aniversário, parece de todo oportuno procurar-se responder tais perguntas, já que o natal é a celebração de um nascimento que mudou a história da humanidade toda.
Pela sua conhecida pobreza, a mãe o pai procurariam, quem sabe, a emergência de algum hospital que atenda pelo SUS. Ansiosos, são recebidos no balcão de informações, em meio a um grupo grande de gente doente e triste, cabeça baixa, esperando chamada, com uma senha na mão.
Começa, mais de dois mil anos depois, a histórica desculpa: “Não. Lamentamos. Vocês terão de procurar outro hospital. Vejam que até os nossos corredores estão lotados. Não temos um leito sequer, disponível, nem médicos e enfermeiras suficientes para tanta gente.”

Sem o dinheiro que, como se sabe, dificilmente deixa de abrir qualquer porta, batem na sacristia de uma Igreja. “Não. Aqui não se pode hospedar ninguém. A gente batiza, reza missa todos os domingos, faz a catequese da primeira eucaristia, celebra casamentos, exéquias de pessoas falecidas. Uma vez por mês reunimos a comunidade num almoço. É verdade que temos hospitais, também, mas eles são obrigados a cobrar internações porque os subsídios públicos nunca chegam em dia e os atrasos estão levando todos eles à falência.”

A preocupação e a angústia crescendo, José meio desesperado, Maria sentindo as primeiras contrações, resolvem tomar o rumo da periferia urbana para, quem sabe, em algum galpão abandonado, a mulher consiga parir, quando menos, abrigada.

Lua que se acende e apaga no andar das nuvens, por ela conseguem entrever algumas luzes, ouvir algumas vozes numa corrente de barracas de lona preta estendida na beira da estrada. Denunciados pelo latido dos cachorros, chegam muito envergonhados numa delas. Um casal tão pobre como os recém chegados, levanta o candeeiro para identificá-los e pede para eles entrarem imediatamente, pois já adivinhou que a urgência não admite outro gesto.

Maria, já sem tempo, consegue se deitar num acolchoado velho que, no chão da barraca, serve de cama para o casal. Três crianças, duas meninas e um menino, dormem profundamente, recolhidas num canto mais abrigado. Os visitantes mal conseguem se apresentar. “Eu sou Laurindo. Prazer.” “Eu sou Joana, prazer”. Juntamente com José, passam a se movimentar ligeiro, como se tivessem ensaiado, pois a coisa toda não pode acabar mal. Os homens reavivam brasas que já estavam agonizando num fogo de chão, achegam gravetos que sobraram do uso anterior que cozinhou só feijão, por sinal queimado, pelo cheiro que ainda se sente. A fumaça toma conta do ambiente e faz arder os olhos de quem espera, agora, numa ansiedade do tipo que afoga. A mulher conseguiu ferver água e escaldar uma faca de cozinha, à vista de Maria, mal coberta por um lençol surpreendentemente limpo que uma vizinha, avisada do caso, lhe alcançou.

O homenzinho se livrou do ventre materno, separado pela faca de Dona Joana, a um choro alto e forte, de quem sorve o primeiro ar e reclama a primeira mamada.

Uma alegria aliviada se desata. Serena, se apossa de todos. Os ocupantes das outras barracas, tudo gente sem-terra e sem-teto, que também ainda não encontrou lugar para ficar, como o pai e a mãe do recém nascido, acorrem pressurosos em ajudar. Laurindo e Joana honrados, Maria e José confortados, há um que de solidariedade amorosa, feita de palavras e gestos, todo o mundo querendo repartir o pouco que tem com o casal de viajantes que festeja a chegada do primeiro filho.

No outro lado da cidade, muito longe dali, um foguetório faz-se ouvir, a noite se enche de sons, risos, as ruas, as árvores e os edifícios cobertos por milhares de pequenas lâmpadas coloridas, piscando, são cercados por gente que troca presentes, se abraça, anda atrás de um papai noel arquejante, vermelho na roupa e no rosto, o cabelo e a barba branca artificiais mal dependurados num gorro já meio caído, pelo peso de um saco que ele balança nas costas, cansado de representar, apenas, um papel.

Comparadas essas pessoas, comparados esses lugares, será aqui, ou lá, que o Menino Jesus nasceria hoje? Entre a pobreza e a escassez de lá, ou a fartura e até o desperdício daqui? Por tudo o que a criança viveu e ensinou depois, soube-se que ela acabou sendo perseguida, tanto pelo poder político, como pelo econômico e, até, o religioso. Acabou morrendo numa cruz, resultado de um julgamento no qual nem o direito de defesa lhe foi garantido.

A semelhança do seu nascimento e da sua vida com o nascimento numa barraca e a luta que empreendeu depois em favor das/os pobres, não nos deixa duvidar de que, hoje como ontem, são milhares as crianças que nascem nas condições miseráveis nas quais nasceu o Menino Jesus, e são muitas/os as/os adultas/os sem-terra e sem-teto que morrem por defender a mesma Justiça que Ele defendeu.

Entre a devoção que se presta ao Papai Noel e ao Menino Jesus, então, há uma distância que beira ao escárnio. Substituir esse por aquele, no natal, é como dar-se preferência às coisas, às mercadorias, aos símbolos do consumo, do que às pessoas, aquelas que conosco vivem, especialmente as que, como a Tal Criança, é necessitada e pobre.

Há um tal poder de repressão a esse povo pobre, do qual Ela fazia parte, que até as farmácias caseiras e as escolas itinerantes que, por força de sua própria condição humana, ele é forçado a criar, em defesa de sua dignidade, são destruídas pela perseguição que contra ele movem forças públicas e privadas. Não raro, como aconteceu recentemente aqui no Rio Grande do Sul, algum/a dos/das seus/suas integrantes derrama o seu sangue sobre a terra que lhe é negada, como negada foi a hospedagem “normal” para José e Maria.

Como Jesus Cristo, esse também é um povo crucificado. Em vez de andar atrás de um velho ridículo, então, o natal nos convida mesmo é a descer esse povo da cruz, incorporar o seu sofrimento, servindo-o ao ponto de enxugar-lhe os pés, assim seguindo o exemplo de Quem nasceu, viveu, amou e morreu por ele.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

NOSSA HOMENAGEM A MARIA DO CARMO DA COSTA OLIVEIRA (PIO)

“Todo aquele, portanto, que se declarar por mim diante dos homens, também eu me declararei por ele diante de meu Pai que está nos Céus (Jesus Cristo, Mt 10, 32).

Maria do Carmo da Costa Oliveira, esposa de José Cordeiro de Oliveira. Mãe de Ricardo (in memeriam), Juliano e Alexandre. Sobrenome antes do casamento: Pio. Após o civil, o casamento religioso foi celebrado por dom Miguel Fenelon Câmara, na Catedral Metropolitana de Fortaleza (1973).
Nasceu a 6 de março de 1945, em Precabura – Aquiraz, atual Eusébio-Ce. Partiu para a Casa do Deus Pai Todo Poderoso em 27 de novembro de 2009.
Filha de Maria de Lourdes da Costa e Elesbão Pio da Costa. Irmã de Maria Pio, Anita, Nilo, Juvenal (in memoriam), De Jesus (in memoriam) e Eulino.
Formada em Ciências Sociais, Bacharelato em Sociologia, UFC/1980. Pós-graduada em Capacitação de Recursos Humanos/MEC, 1989 e Gestão Ambiental e Turismo Ecológico/UECE, 2004.

Atuação Social e Profissional
Uma de suas últimas leituras: “As dificuldades que surgem no relacionamento sempre são sinais de algo que não foi cuidado” (Livro Criando União, p. 69).
- Dedicou-se à evangelização dos adolescentes e jovens (Juventude Agrária Católica – JAC).
- Supervisora e Coordenadora do Movimento de Educação de Base – MEB e da Equipe de Assessoria às Comunidades Rurais - EACR/CÁRITAS da Arquidiocese de Fortaleza (1973/1986).
- Presidenta e Técnica da ONG HOJE Assessoria em Educação (1987/1994).
- Coordenadora da pesquisa Cotidiano das Mulheres Pobres do Meio Rural Cearense (1994).
- Coordenadora da ONG Centro de Aprendizado Agroecológico – CAA (1995/2009).
- Membro do Comitê de Bacias Metropolitanas (2004).
- Membro do Grupo de Trabalho – GT de Desertificação (2004).
- Membro do Fórum Cearense Pela Vida no Semi – Árido (2004).
- Coordenadora de Cursos de Formação de Jovens Agricultores Familiares, convênio do Centro de Aprendizado Agroecológico – CAA com o Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA (2002/2004) e Missão Franciscana (Alemanha/2007).
- Presidenta e sócia fundadora do Instituto Maria de Lourdes (2006/2009).
- Representante Titular do Instituto Maria de Lourdes nos Conselhos Municipais do Meio Ambiente, da Criança e do Adolescente, do Idoso e da Assistência Social (Eusébio, 2009).

Um Exemplo de Vida

Do texto lido na Missa (27/11/2009): “Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo” (A Morte não é Nada, de Santo Agostinho).
Depoimentos de amigos, familiares e de pessoas das comunidades onde atuou:
“Compromissada com a problemática social e ambiental”
“Lutou pela preservação da Lagoa da Precabura”
“Lutou pela construção da igreja católica da Precabura”
“Amante da natureza, defensora da agroecologia e da segurança alimentar”
“Cuidadora dos filhos, do esposo, dos pobres, dos jovens, das crianças”
“Tinha um amor especial pelos seus irmãos e pelas suas irmãs, pelos primos, pelos sobrinhos”
“O trabalho de memória social e histórica a partir dos mais velhos e dos pescadores era uma prioridade sua; ouvir o que os mais velhos tinham para contar e trazer tudo isso para a escola e a comunidade era o que ela mais desejava”
“Ela dizia que povo sem história é povo sem raiz. E mais: trabalhar a cultura para vencer o medo e conquistar a cidadania deve ser uma ação permanente”
“Ela amava as plantas, os pássaros, os animais”
“Uma mulher guerreira, corajosa, otimista, serena, ponderada, forte”
“Ela não conhecia a tristeza: sempre encorajou as pessoas a superar dificuldades e problemas”
“Suas músicas prediletas: Caderno (Toquinho), Rancho das Flores (interpretada por Fagner), Planeta Água (Guilherme Arantes), Pachamama (Malvezzi - Gogó), Ciranda da Excelência / Paz Seria (Valter Pini), Vida de Viajante (Luz Gonzaga), Hino do Estado do Ceará no ritmo dos Índios Tremembé
“Seu maior sonho: Que o Instituto Maria de Lourdes continue realizando parcerias com as políticas públicas para dignificar a vida das crianças e dos jovens”
“Do Carmo era uma pessoa alegre, gostava da alegria”
“A vida é dura, mas a Maria do Carmo só deixou coisas boas para serem lembradas”
“Do Carmo amava a simplicidade e as pessoas sinceras”
“Pra tudo tem jeito, dizia a Pio”
“Ela sabia valorizar o que você tinha e tem de melhor. Ela era uma parteira das coisas boas que habitam nas pessoas”.
Uma de suas últimas leituras: Lista de coisas que podem destruir o mundo: política sem princípios, progresso sem compaixão, riqueza sem trabalho, erudição sem silêncio, religião sem ousadia e culto sem convicção (Livro Sabedoria de Um Minuto, p. 224).