quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL!


Caros amigos,
amigas e familiares!


P
A
Z
luz
amor
união
alegrias
ecologia
esperança
amor sucesso
realizações luz
respeito harmonia
saúde solidariedade
defelicidade humildade
morosidade afeto pureza
amizadesabedoriaboa sorte
igualdade liberdadecompaixão
sinceridade estima fraternidade
bondade paciência brandura força
equilíbrio dignidade benevolência
equidade isonomia reciprocidade direito
tenacidade prosperidade reconhecimento
trabalho poupança investimento estudo lazer
respeito dignidade honra ética mérito exemplo
eficácia eficiência efetividade responsabilidadecidadania
espiritualidade disciplina concentração reflexão meditação
Feliz
Natal!
Que o
A N O
NOVO
seja repleto de bons pensamentos, palavras e ações.
São os sinceros votos da Equipe de Coordenação do VI
ENEJAC

INTERAGINDO - E- mail recebido de Dora Milicich - Caxias do Sul/RS com o seguinte conteúdo:

Para os amigos do ENEJAC , um artigo de nosos amigos gauchos , Cechin e Alfonsín, muito bom para refletir neste Natal

Abrazos, Dora
Antonio Cechin é irmão marista, miltante dos movimentos sociais. Jacques Távora Alfonsin é advogado do MST e procurador do Estado do Rio Grande do Sul aposentado.
Eis o artigo.
Em que lugar, hoje, Maria e José obteriam acolhida para o parto iminente do filho esperado? Se estivesse nascendo agora, com qual criança mais se assemelharia o Menino Jesus? Às vésperas do seu aniversário, parece de todo oportuno procurar-se responder tais perguntas, já que o natal é a celebração de um nascimento que mudou a história da humanidade toda.
Pela sua conhecida pobreza, a mãe o pai procurariam, quem sabe, a emergência de algum hospital que atenda pelo SUS. Ansiosos, são recebidos no balcão de informações, em meio a um grupo grande de gente doente e triste, cabeça baixa, esperando chamada, com uma senha na mão.
Começa, mais de dois mil anos depois, a histórica desculpa: “Não. Lamentamos. Vocês terão de procurar outro hospital. Vejam que até os nossos corredores estão lotados. Não temos um leito sequer, disponível, nem médicos e enfermeiras suficientes para tanta gente.”

Sem o dinheiro que, como se sabe, dificilmente deixa de abrir qualquer porta, batem na sacristia de uma Igreja. “Não. Aqui não se pode hospedar ninguém. A gente batiza, reza missa todos os domingos, faz a catequese da primeira eucaristia, celebra casamentos, exéquias de pessoas falecidas. Uma vez por mês reunimos a comunidade num almoço. É verdade que temos hospitais, também, mas eles são obrigados a cobrar internações porque os subsídios públicos nunca chegam em dia e os atrasos estão levando todos eles à falência.”

A preocupação e a angústia crescendo, José meio desesperado, Maria sentindo as primeiras contrações, resolvem tomar o rumo da periferia urbana para, quem sabe, em algum galpão abandonado, a mulher consiga parir, quando menos, abrigada.

Lua que se acende e apaga no andar das nuvens, por ela conseguem entrever algumas luzes, ouvir algumas vozes numa corrente de barracas de lona preta estendida na beira da estrada. Denunciados pelo latido dos cachorros, chegam muito envergonhados numa delas. Um casal tão pobre como os recém chegados, levanta o candeeiro para identificá-los e pede para eles entrarem imediatamente, pois já adivinhou que a urgência não admite outro gesto.

Maria, já sem tempo, consegue se deitar num acolchoado velho que, no chão da barraca, serve de cama para o casal. Três crianças, duas meninas e um menino, dormem profundamente, recolhidas num canto mais abrigado. Os visitantes mal conseguem se apresentar. “Eu sou Laurindo. Prazer.” “Eu sou Joana, prazer”. Juntamente com José, passam a se movimentar ligeiro, como se tivessem ensaiado, pois a coisa toda não pode acabar mal. Os homens reavivam brasas que já estavam agonizando num fogo de chão, achegam gravetos que sobraram do uso anterior que cozinhou só feijão, por sinal queimado, pelo cheiro que ainda se sente. A fumaça toma conta do ambiente e faz arder os olhos de quem espera, agora, numa ansiedade do tipo que afoga. A mulher conseguiu ferver água e escaldar uma faca de cozinha, à vista de Maria, mal coberta por um lençol surpreendentemente limpo que uma vizinha, avisada do caso, lhe alcançou.

O homenzinho se livrou do ventre materno, separado pela faca de Dona Joana, a um choro alto e forte, de quem sorve o primeiro ar e reclama a primeira mamada.

Uma alegria aliviada se desata. Serena, se apossa de todos. Os ocupantes das outras barracas, tudo gente sem-terra e sem-teto, que também ainda não encontrou lugar para ficar, como o pai e a mãe do recém nascido, acorrem pressurosos em ajudar. Laurindo e Joana honrados, Maria e José confortados, há um que de solidariedade amorosa, feita de palavras e gestos, todo o mundo querendo repartir o pouco que tem com o casal de viajantes que festeja a chegada do primeiro filho.

No outro lado da cidade, muito longe dali, um foguetório faz-se ouvir, a noite se enche de sons, risos, as ruas, as árvores e os edifícios cobertos por milhares de pequenas lâmpadas coloridas, piscando, são cercados por gente que troca presentes, se abraça, anda atrás de um papai noel arquejante, vermelho na roupa e no rosto, o cabelo e a barba branca artificiais mal dependurados num gorro já meio caído, pelo peso de um saco que ele balança nas costas, cansado de representar, apenas, um papel.

Comparadas essas pessoas, comparados esses lugares, será aqui, ou lá, que o Menino Jesus nasceria hoje? Entre a pobreza e a escassez de lá, ou a fartura e até o desperdício daqui? Por tudo o que a criança viveu e ensinou depois, soube-se que ela acabou sendo perseguida, tanto pelo poder político, como pelo econômico e, até, o religioso. Acabou morrendo numa cruz, resultado de um julgamento no qual nem o direito de defesa lhe foi garantido.

A semelhança do seu nascimento e da sua vida com o nascimento numa barraca e a luta que empreendeu depois em favor das/os pobres, não nos deixa duvidar de que, hoje como ontem, são milhares as crianças que nascem nas condições miseráveis nas quais nasceu o Menino Jesus, e são muitas/os as/os adultas/os sem-terra e sem-teto que morrem por defender a mesma Justiça que Ele defendeu.

Entre a devoção que se presta ao Papai Noel e ao Menino Jesus, então, há uma distância que beira ao escárnio. Substituir esse por aquele, no natal, é como dar-se preferência às coisas, às mercadorias, aos símbolos do consumo, do que às pessoas, aquelas que conosco vivem, especialmente as que, como a Tal Criança, é necessitada e pobre.

Há um tal poder de repressão a esse povo pobre, do qual Ela fazia parte, que até as farmácias caseiras e as escolas itinerantes que, por força de sua própria condição humana, ele é forçado a criar, em defesa de sua dignidade, são destruídas pela perseguição que contra ele movem forças públicas e privadas. Não raro, como aconteceu recentemente aqui no Rio Grande do Sul, algum/a dos/das seus/suas integrantes derrama o seu sangue sobre a terra que lhe é negada, como negada foi a hospedagem “normal” para José e Maria.

Como Jesus Cristo, esse também é um povo crucificado. Em vez de andar atrás de um velho ridículo, então, o natal nos convida mesmo é a descer esse povo da cruz, incorporar o seu sofrimento, servindo-o ao ponto de enxugar-lhe os pés, assim seguindo o exemplo de Quem nasceu, viveu, amou e morreu por ele.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

NOSSA HOMENAGEM A MARIA DO CARMO DA COSTA OLIVEIRA (PIO)

“Todo aquele, portanto, que se declarar por mim diante dos homens, também eu me declararei por ele diante de meu Pai que está nos Céus (Jesus Cristo, Mt 10, 32).

Maria do Carmo da Costa Oliveira, esposa de José Cordeiro de Oliveira. Mãe de Ricardo (in memeriam), Juliano e Alexandre. Sobrenome antes do casamento: Pio. Após o civil, o casamento religioso foi celebrado por dom Miguel Fenelon Câmara, na Catedral Metropolitana de Fortaleza (1973).
Nasceu a 6 de março de 1945, em Precabura – Aquiraz, atual Eusébio-Ce. Partiu para a Casa do Deus Pai Todo Poderoso em 27 de novembro de 2009.
Filha de Maria de Lourdes da Costa e Elesbão Pio da Costa. Irmã de Maria Pio, Anita, Nilo, Juvenal (in memoriam), De Jesus (in memoriam) e Eulino.
Formada em Ciências Sociais, Bacharelato em Sociologia, UFC/1980. Pós-graduada em Capacitação de Recursos Humanos/MEC, 1989 e Gestão Ambiental e Turismo Ecológico/UECE, 2004.

Atuação Social e Profissional
Uma de suas últimas leituras: “As dificuldades que surgem no relacionamento sempre são sinais de algo que não foi cuidado” (Livro Criando União, p. 69).
- Dedicou-se à evangelização dos adolescentes e jovens (Juventude Agrária Católica – JAC).
- Supervisora e Coordenadora do Movimento de Educação de Base – MEB e da Equipe de Assessoria às Comunidades Rurais - EACR/CÁRITAS da Arquidiocese de Fortaleza (1973/1986).
- Presidenta e Técnica da ONG HOJE Assessoria em Educação (1987/1994).
- Coordenadora da pesquisa Cotidiano das Mulheres Pobres do Meio Rural Cearense (1994).
- Coordenadora da ONG Centro de Aprendizado Agroecológico – CAA (1995/2009).
- Membro do Comitê de Bacias Metropolitanas (2004).
- Membro do Grupo de Trabalho – GT de Desertificação (2004).
- Membro do Fórum Cearense Pela Vida no Semi – Árido (2004).
- Coordenadora de Cursos de Formação de Jovens Agricultores Familiares, convênio do Centro de Aprendizado Agroecológico – CAA com o Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA (2002/2004) e Missão Franciscana (Alemanha/2007).
- Presidenta e sócia fundadora do Instituto Maria de Lourdes (2006/2009).
- Representante Titular do Instituto Maria de Lourdes nos Conselhos Municipais do Meio Ambiente, da Criança e do Adolescente, do Idoso e da Assistência Social (Eusébio, 2009).

Um Exemplo de Vida

Do texto lido na Missa (27/11/2009): “Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo” (A Morte não é Nada, de Santo Agostinho).
Depoimentos de amigos, familiares e de pessoas das comunidades onde atuou:
“Compromissada com a problemática social e ambiental”
“Lutou pela preservação da Lagoa da Precabura”
“Lutou pela construção da igreja católica da Precabura”
“Amante da natureza, defensora da agroecologia e da segurança alimentar”
“Cuidadora dos filhos, do esposo, dos pobres, dos jovens, das crianças”
“Tinha um amor especial pelos seus irmãos e pelas suas irmãs, pelos primos, pelos sobrinhos”
“O trabalho de memória social e histórica a partir dos mais velhos e dos pescadores era uma prioridade sua; ouvir o que os mais velhos tinham para contar e trazer tudo isso para a escola e a comunidade era o que ela mais desejava”
“Ela dizia que povo sem história é povo sem raiz. E mais: trabalhar a cultura para vencer o medo e conquistar a cidadania deve ser uma ação permanente”
“Ela amava as plantas, os pássaros, os animais”
“Uma mulher guerreira, corajosa, otimista, serena, ponderada, forte”
“Ela não conhecia a tristeza: sempre encorajou as pessoas a superar dificuldades e problemas”
“Suas músicas prediletas: Caderno (Toquinho), Rancho das Flores (interpretada por Fagner), Planeta Água (Guilherme Arantes), Pachamama (Malvezzi - Gogó), Ciranda da Excelência / Paz Seria (Valter Pini), Vida de Viajante (Luz Gonzaga), Hino do Estado do Ceará no ritmo dos Índios Tremembé
“Seu maior sonho: Que o Instituto Maria de Lourdes continue realizando parcerias com as políticas públicas para dignificar a vida das crianças e dos jovens”
“Do Carmo era uma pessoa alegre, gostava da alegria”
“A vida é dura, mas a Maria do Carmo só deixou coisas boas para serem lembradas”
“Do Carmo amava a simplicidade e as pessoas sinceras”
“Pra tudo tem jeito, dizia a Pio”
“Ela sabia valorizar o que você tinha e tem de melhor. Ela era uma parteira das coisas boas que habitam nas pessoas”.
Uma de suas últimas leituras: Lista de coisas que podem destruir o mundo: política sem princípios, progresso sem compaixão, riqueza sem trabalho, erudição sem silêncio, religião sem ousadia e culto sem convicção (Livro Sabedoria de Um Minuto, p. 224).

domingo, 29 de novembro de 2009

NOSSA SOLIDARIEDADE AO AMIGO CORDEIRO, EX-JACISTA DO CEARÁ

E-mail de Barbosa para José Alaí:
Oi, boa tarde! A notícia é desagradável. Nossa irmã Pio faleceu hoje, vítima de enfarto. Ainda estou meio zonza com a notícia. Não sei se Cordeiro ligou pra vocês.
Depois falaremos do VI ENEJAC .
Unidos pela amizade e orações.
Barbosa.

E-mail de José Alaí para Barbosa:
Prerzada Barbosa,
Lamentamos pelo falecimento da nossa amiga Pio. Momentos como esse todos nós passamos mas nunca nos acostumamos com a perda de uma pessoa querida. Nos fazemos presente entre os familiares e amigos através da nossa solidariedade e orações.
Com um abraço,
José Alaí e Eri

E-mail de José Alaí e Eri para Cordeiro:
Prezado Cordeiro,
Lamentamos pelo que aconteceu neste 27 de novembro. A vida é cheia de surpresas, muitas das quais nunca nos acostumamos com elas. A nossa amiga Pio vai fazer muita falta também na vida dos amigos. Receba a nossa solidariedade e nossa presença através das nossas orações nesta hora.
Com um abraço,
José Alaí e Eri

E-mail de José Alaí para Ex-Jacistas
Amigos(as) Ex-jacistas
A vida é cheia de surpresas. E esse dia 27 de novembro/2009 vai ser lembrado, também , pelo falecimento da nossa amiga Pio, esposa do nosso amigo Cordeiro, ambos da JAC do Ceará. Em momentos como esse é muito importante a nossa presença através da nossa solidariedade e orações.
Com um abraço,
José Alaí



INTERAGINDO - E- mail recebido de Dora Milicich - Caxias do Sul/RS com o seguinte conteúdo:

Pochmann: Reforma Agrária é estratégica para desenvolvimento
Em tempos de ataques da mídia e dos setores mais conservadores do parlamento ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, afirma que repartir a propriedade da terra assumiu valor de soberania nacional e defesa do meio ambiente.Nonato de Vasconcelos (AGU)
O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, defendeu a reforma agrária como elemento central na configuração de um novo padrão econômico de soberania nacional. O economista participou do seminário Incra 40 anos: Reforma Agrária, Direito e Justiça, na última sexta-feira (16), em Recife (PE ).
Ele afirmou que o programa de reforma agrária é um antídoto contra a desnacionalização da propriedade da terra no Brasil, que está ameaçada pela imposição econômica das grandes corporações multinacionais, que, segundo ele, governam a economia no mundo.
Pochmann explicou que o faturamento dos 500 maiores grupos econômicos representa metade de tudo o que é produzido no planeta, sob hegemonia do poder privado. “Nós estamos em um contexto onde não há mais países que tem empresas, mas empresas que tem países. As 50 maiores corporações do mundo têm um faturamento que equivale ao PIB [Produto Interno Bruto] de 120 países”, apontou.
Em relação ao capital estrangeiro atuando sobre o poder político, o presidente do Ipea exemplificou: “é um contexto parecido com aquela pequena cidade de cinco mil habitantes que, de repente, vê lá instalada uma siderurgia, que contrata mais de três mil pessoas e até viabiliza o orçamento da prefeitura, mas ao fim e ao cabo vamos questionar se quem manda na cidade é mesmo o prefeito democraticamente eleito ou o presidente da siderurgia”.
Soberania e meio ambiente
Para Pochmann, a mudança na estrutura fundiária é fundamental para o projeto de soberania nacional, porque é uma decisão sobre o poder econômico das corporações no país. Ele denunciou um processo de internacionalização da propriedade da terra no Brasil, que ganha corpo no cenário de crescente escassez de terras férteis, água doce e minerais.
Além disso, Pochmann avaliou a reforma agrária como estratégica para a defesa do meio ambiente. “A reforma agrária ganha outra dimensão, que é a defesa da sustentabilidade do planeta. A produção definida exclusivamente pelo poder econômico será cada vez mais insustentável. Portanto, a alteração fundiária ganha dimensões adicionais, não apenas o princípio da justiça, econômico e da política, mas, sobretudo, da estratégia de soberania de uma nação e da sustentabilidade ambiental”, destacou.
Ainda segundo Pochmann, que também é professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a história do Brasil foi marcada pelas sociedades agrária e urbano-industrial até o fim do século passado sem que fosse alterada sua estrutura agrária. Ele condenou o processo de concentração de terras e afirmou ser preciso reocupar o campo. “A reforma agrária está no contexto de um novo padrão econômico que defendemos para o país. O campo sofreu uma trajetória de esvaziamento que aumentou a pobreza e a exclusão nas cidades”, finalizou.
Da redação, com assessoria de imprensa

INTERAGINDO - E-mail recebido de Porfiria Mendoza de Blanco - Foz do Iguaçu/PR

José Alaí
Boa tarde, estou recebendo as noticias do VI encontro ENEJAC.Agora no dia 13,14 e 15 de Novembro temos tambem no Paraguay o encontro dos Ex juventudude agraria católica e ligas agraria cristiana que nos anos de 1976 foram reprida barbaramente pela ditadura de Alfredo Stresner. Creio que vai ser o primero encontro mas organizado e sistematizado de la que se fizeram en outras oportunidades, debido em grande parte a a autoestima que creceu com a subida de um goberno que que em alguma medida responde aos anseio do povo.Há amenazas constante de golpe de estado e os capesinados están se articulando para que isso não aconteça. Embora as organizaciones campesinas nunca terminó em Py mesmo mimetizados e agora muito bom os trabalhos que se realizan.Abrazos e tambem para Eri e demas amigosPorfiria

sábado, 24 de outubro de 2009

ATEUS BATEM NA PORTA DAS RELIGIÕES - Artigo de Leonardo Boff, Teólogo e professor

Adital - Se há alguém que nos pode relatar com seriedade o estado da vida na Terra, especialmente, na perspectiva do aquecimento global, esse é Edward O. Wilson (*1929), um dos maiores biólogos vivos, introdutor da palavra biodiversidade. Seu livro A criação. Como salvar a vida na Terra (Companhia das Letras, 2008) representa um apelo preocupado, diria, até desesperado para que façamos esforços ingentes ecoletivos para sairmos da crise que nós próprios criamos. A Terra, em sua longa história, conheceu 5 grandes dizimações, a última no final da Era Mesozóica (dos répteis), há 65 milhões de anos, na qual todos os dinossauros desapareceram. Deu lugar à Era Cenozóica (a nossa, dos mamíferos). Entre uma dizimação e outra, a Terra precisou de dez milhões de anos para se auto-regenerar. Segundo Wilson, nos últimos séculos, os seres humanos, no seu afã de construir bem estar e de se enriquecer, exploraram de forma tão persistente e sistemática o planeta Terra, que começou, como conseqüência, a sexta extinção em massa. Abstraindo dos meteoros rasantes que devastaram o planeta mais ou menos a cada cem milhões de anos, a Terra nunca conheceu um ataque tão poderoso como o que está ocorrendo atualmente. Diz-nos Wilson: "no momento, a taxa global de extinção das espécies supera o nascimento de novas espécies numa proporção de pelo menos cem por um e logo vai aumentar para dez vezes mais do que isso"(p.98). O causador desta devastação é o ser humano que se transformou numa verdadeira força geofísica destruidora: alterou a atmosfera e o clima da Terra, difundiu milhares de substâncias químicas tóxicas pelo mundo inteiro, represou quase todos os rios, transformou quase todas as terras em aráveis estando hoje vastamente desertificadas e nos encontramos perto de esgotar a água potável. Sabemos que é a biodiversidade, especialmente, dos microorganismos,bactérias, fungos, pequenos invertebrados e insetos que garante as condições para que nossa vida humana possa continuar. Nós dependemos totalmente deles. A continuar nossa prática biocida, a partir dos meados deste século,começará a dizimação de nossa própria espécie. Ela não estará na lista das condenadas à extinção? Desta vez não dá para esperar dez milhões de anos para a Terra recuperar seu equilíbrio perdido. Nós temos que ajudá-la, do contrário, Gaia nos expulsará como um corpo letal. É neste contexto que Wilson propõe Uma Aliança pela Vida. Convoca as duas forças que para ele são as mais poderosas do mundo: a ciência e a religião. Seu livro é na verdade uma carta aberta a um pastor evangélico, convidando-o a somar forças, a desmontar preconceitos, a construir valores que possam salvar a vida. Wilson se confessa um não crente, digamos um ateu, mas que fala sempre com reverência de Deus. Vai bater na porta da Igreja para pedir socorro. Diante de um perigo global, anulam-se as diferenças. Desta vez crente e não crente terão o mesmo destino. Mas ambos podem trabalhar juntos porque"os que hoje vivem na Terra têm de vencer a corrida contra a extinção das espécies, ou então serão derrotados - derrotados para sempre; eles conquistarão honrarias eternas ou o desprezo eterno"(p.115). Ciência e religião devem mudar. A ciência até hoje não respeitou a alteridade dos seres. Colocou-se acima, dominando-os. A religião não se livrou ainda de seu fundamentalismo na leitura dos textos sagrados. Mantendo sua fé, pode reconhecer a evolução das espécies.. Ela contribui com a reverência diante da grandeza do universo e com respeito diante de todas as formas de vida. Essa atitude converte o poder em proteção e cuidado. Essa aliança sagrada poderá salvar a vida ameaçada.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

INTERAGINDO - E-MAIL RECEBIDO DE FRANCISCO LÚCIO

Zé,
Recebi seu e-mail informando sobre o encontro de Fortaleza para o inicio da preparação do VI ENEJAC que será em Fortaleza, CE. Também entrei no Blog do ENEJAC para vê as mensagens. Que trabalho fascinante este que você tem realizado meu amigo. O BLOG está bem feito, bem apresentado e bem tudo. É notável sua capacidade de organizar e apresentar informações. Gostaria, se possível, que você através desse seu trabalho, ou seja, pelo BLOG do ENEJAC levasse minha mensagem a todos que fizeram e ainda fazem este trabalho de promoção humana tão elugiavel do qual tive honrosa oportunidade de participar através da Paróquia de São Paulo do Potengi e em Natal no Rio Grande do Norte e no Regional, com Dom Helder Câmara e Dom Lamartine Júnior, em Recife/PE.
Meu abraço fraterno a todos os Ex-jacistas de todo Brasil.
Chico Lúcio
Recife/PE


Obrigado Chico Lúcio, pelo seu e-mail contendo palavras de estímulo ao trabalho que vem sendo realizado. O ENEJAC - Encontro Nacional de Ex-Jacistas se consolidou como um evento que, pelo menos, a cada dois anos, oportuniza aos ex-jacistas de todo o Brasil, se reencontrarem,fortalecendo as amizades e proporcionando o estudo de um terma da atualidade e do interesse de todos. Esperamos contar com a sua participação no VI ENEJAC.
Um abraço,
Zé Alaí
Natal/RN

domingo, 11 de outubro de 2009

ENCONTRO PREPARATÓRIO DO VI ENEJAC

Nos dias 09 e 10 de outubro de 2009 a Equipe de Coordenação Interestadual do VI ENEJAC – Encontro Nacional de Ex-jacistas, composta por: Maria Barbosa e Valcíria, do Ceará; José Alaí e Eridante, do Rio Grande do Norte; Margot e João Camilo, da Paraíba e, Ignácia e Cleonice (Nicinha) de Pernambuco esteve reunida em Fortaleza/CE, com o objetivo de definir o conteúdo e a programação do referido evento. O encontro foi realizado no Hotel/Resort Porto D’Aldeia, a 25 quilômetros de Fortaleza/CE, local escolhido para a realização do próximo ENEJAC e, contou, também, com as presenças do Padre Flávio Lima, Maria da Paz, Rosamaria e Joaquim Rocha, todos de Fortaleza.
O ano de 2010 foi escolhido pela Assembléia Geral das Nações Unidas como o Ano Internacional da Biodiversidade, ocasião em que será realçada a importância vital que a biodiversidade tem para a qualidade de vida e para a sobrevivência do planeta e, ao mesmo tempo, serão avaliados os impactos do progresso na redução da taxa de perda da biodiversidade a nível global.
Associando-se ao espírito do Ano Internacional da Biodiversidade, o próximo Encontro Nacional de Ex-jacistas terá como tema: Produção Sustentável X Consumo Consciente - Atitudes permanentes de cidadania em defesa da Biodiversidade.
O VI ENEJAC será realizado de 07 a 12 de setembro de 2010 e terá como objetivos:
1) Contribuir para uma reflexão sobre as necessidades, práticas e impactos da produção e do consumo na qualidade de vida e no meio ambiente;
2) Estimular práticas permanentes de cidadania, adotando valores e princípios que guiem as escolhas, hábitos e formas de produção e consumo sustentável.

Nos próximos dias será expedida uma carta-circular a todos os ex-jacistas do Brasil com o detalhamento da programação, informações sobre o local e condições de hospedagem.
Vejam a seguir fotos da Equipe de Coordenação do VI ENEJAC e do encontro preparatório.
Clique nas fotos para vê-las em tamanho maior





O Porto d'Aldeia Resort, local onde será realizado o VI ENEJAC, além das suas confortáveis acomodações e complexo para a realização de eventos, possui uma excelente infra-estrutura com várias opções de lazer: campo de futebol, quadras de tênis e de vôllei, sala de ginástica, sauna, parque aquático com toboáguas, loja de conveniência e artesanato. Está localizado a 25 quilômetos de Fortaleza, numa área com vários atrativos turísiticos e opções de transporte para o centro da capital cearence. Vejam a seguir fotos do hotel.
Clique nas fotos para vê-las em tamanho maior





Porto d'Aldeia Resort - www.portodaldeia.com.br

REUNIÃO DE EX-JACISTAS DO CEARÁ

Na tarde de 10 de outubro de 2009, após o Encontro Preparatório do VI ENEJAC, a Equipe de Coordenação Interestadual do referido evento reuniu-se com um grupo de ex-jaciastas do Ceará, na casa de Carmosita, em Fortaleza. Além dos ex-jacistas que se reúnem mensalmente, estiveram presentes: José Cordeiro, Francisco Faustino, Raimundo Oscar, José Bezerra (Zezito) e Francisco Aneilton. Além da satisfação pelo reencontro entre os ex-jacistas cearences, norte-rio-grandenses, paraibanos e pernambucanos, houve uma breve exposição sobre os objetivos e a programação do VI ENEJAC e, em seguida, Carmosita ofereceu um lanche com comidas típicas do Ceará, além de um bolo para Margot (da Paraíba) que estava aniversariando.
Clique nas fotos para vê-las em tamanho maior








sábado, 22 de agosto de 2009

CARTILHA SOBRE ALIMENTOS LIVRES DE AGROTÓXICOS

Colaboração de José Cordeiro- Fortaleza /CE
O Ministério da Agricultura lançou uma cartilha informando sobre os benefícios de alimentos livres de agrotóxicos e sobre a questão dos produtos transgênicos que "colocam em risco a diversidade de variedades que existem na natureza". Porém a distribuição da refertida cartilha está suspensa. A indústria dos alimentos transgênicos (Monsanto), entrou com uma ação que impede a distribuição. A cartilha foi ilustrada pelo Cartunista Ziraldo e ainda é possivel encontrá-la no site:
http://www.aba- agroecologia. org.br/aba2/ images/pdf/ cartilha_ ziraldo.pdf .
Vamos fazer nossa parte e divulgar!

BRASIL LIDERA USO MUNDIAL DE AGROTÓXICOS

Artigo enviado por José Cordeiro - Fortaleza/CE
UISINOS7/8/2009 Brasil lidera uso mundial de agrotóxicos
O Brasil, segundo estudo da consultoria alemã Kleffmann Group, é o maior mercado de agrotóxicos do mundo. O levantamento foi encomendado pela Associação Nacional de Defesa de Vegetal (Andef), que representa os fabricantes, e mostra que essa indústria movimentou no ano passado US$ 7,1 bilhões, ante US$ 6,6 bilhões do segundo colocado, os Estados Unidos. Em 2007, a indústria nacional girou US$ 5,4 bilhões, segundo Lars Schobinger, presidente da Kleffmann Group no Brasil. O consumo cresceu no País, apesar de a área plantada ter encolhido 2% no ano passado.A reportagem é de Paula Pacheco e publicada pelo portal do jornal O Estado de S. Paulo, 06-08-2009.Apesar do grande volume de recursos movimentados pela indústria no mercado brasileiro, o consumo por hectare ainda é pequeno em relação a outros países. De acordo com o levantamento, o gasto do produtor brasileiro com agrotóxico ainda é pequeno, se comparado a outros países. Em 2007, gastou-se US$ 87,83 por hectare. Na França, os produtores desembolsaram US$ 196,79 por hectare, enquanto no Japão a despesa foi de US$ 851,04. Por esse motivo, o presidente da consultoria acredita que a tendência nos próximos anos é que o Brasil se estabilize na primeira colocação no consumo de agrotóxico.O Brasil leva vantagem na pesquisa por se tratar de um país com grande área cultivada e também pelo tamanho da produção que sai do campo. "O País é o grande produtor de alimentos do mundo, lidera praticamente em todos os produtos agropecuários", comenta Ademar Silva, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).Para Schobinger, o aumento do consumo de agrotóxico traz vantagens ao País. "Dessa forma, é possível aumentar o ganho de produtividade. O uso desses produtos facilita o controle de pragas a que estamos mais expostos por sermos um país tropical", explica.NOVAS PRAGASEm parte, o aumento do uso de agrotóxico tem a ver com o surgimento de pragas. Até seis anos atrás, cita o executivo da Kleffmann, não se falava, no Brasil, da ferrugem da soja. Para combater as pragas, a indústria corre atrás de pesquisas e lança produtos no mercado. "O aumento tem a ver também com o crescente uso de tecnologias no campo. Quanto mais avançado o sistema produtivo, maior o consumo de agrotóxico. Neste momento é importante fazer um balanço da relação entre risco e benefícios do seu uso", diz Luís Rangel, coordenador de Agrotóxicos do Ministério da Agricultura.Segundo Schobinger, há evolução não apenas no combate a novas pragas, mas nas diferentes formas de usar o agrotóxico. No Brasil, tem crescido ano a ano a utilização nas sementes, em substituição à pulverização das lavouras, o que costuma causar mais danos aos trabalhadores e ao ambiente.Apesar do uso crescente de agrotóxicos no País, a relação com os produtores continua difícil, segundo o presidente da Famato. "Os preços só caíram cerca de 30% na safra de verão porque os Estados Unidos, grande mercado para essa indústria, estão em crise e é preciso desovar a produção. Além disso, tivemos duas safras muito ruins por aqui nos últimos anos e a situação do produtor ficou mais delicada", diz Silva.Ele acredita que a lua de mel deve durar pouco. "Basta o mercado internacional se recuperar para os preços subirem novamente. A indústria tem esse poder. É ela quem faz o preço."Na opinião de Luiz Cláudio Meirelles, gerente geral de Toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a liderança brasileira preocupa. "São substâncias tóxicas que são objeto de ação regulatória no mundo. No Brasil, temos dificuldade de ação de controle, falta de recursos humanos e falta de laboratórios, enquanto a velocidade de consumo avança", detalha. Atualmente, há cerca de 450 ativos usados na produção de agrotóxicos registrados na Anvisa e os pedidos para a concessão de mais licenças não param de chegar.No início da semana, representantes de 64 indústrias asiáticas, a maioria chinesa, se reuniu em São Paulo para conhecer melhor as regras do mercado interno. Foi a terceira edição da feira China-Brazil AgroChemShow.A segunda maior fabricante de glifosato do mundo, a chinesa Fuhua, planeja mandar para o Brasil 30% das suas exportações a partir do ano que vem, quando espera já ter os registros da Anvisa para três produtos .

UMA SILVA SUCESSORA DE UM SILVA?

Artigo enviado por Dora Milicich - Caxias do Sul/RS

Leonardo Boff
Teólogo
Uma Silva sucessora de um Silva?

Não estou ligado a nenhum partido, pois para mim partido é parte. Eu como intelectual me interesso pelo todo embora, concretamente, saiba que o todo passa pela parte. Tal posição me confere a iberdade de emitir opiniões pessoais e descompromissadas com os partidos.

De forma antecipada se lançou a disputa: Quem será o sucessor do carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

De antemão afirmo que a eleição de Lula é uma conquista do povo brasileiro, principalmente daqueles que foram sempre colocados à margem do poder. Ele introduziu uma ruptura histórica como novo sujeito político e isso parece ser sem retorno. Não conseguiu escapar da lógica macro-econômica que privilegia o capital e mantém as bases que permitem a acumulação das classes opulentas. Mas introduziu uma transição de um estado privatista e neoliberal para um governo republicano e social que confere centralidade à coisa pública (res publica), o que tem beneficiado vários milhões de pessoas. Tarefa primeira de um governante é cuidar da vida de seu povo e isso Lula o fez sem nunca trair suas origens de sobrevivente da grande tribulação brasileira.

Depois de oito anos de governo se lança a questão que seguramente interessa à cidadania e não só ao PT: quem será seu sucessor? Para responder a esta questão precisamos ganhar altura e dar-nos conta das mudanças ocorridas no Brasil e no mundo. Em oito anos muita coisa mudou. O PT foi submetido a duras provas e importa reconhecer que nem sempre esteve à altura do momento e às bases que o sustentam. Estamos ainda esperando uma vigorosa autocrítica interna a propósito de presumido “mensalação”. Nós cidadãos não perdoamos esta falta de transparência e de coragem cívica e ética.

Em grande parte, o PT virou um partido eleitoreiro, interessado em ganhar eleições em todos os níveis. Para isso se obrigou a fazer coligações muito questionáveis, em alguns casos, com a parte mais podre dos partidos, em nome da governabilidade que, não raro, se colocou acima da ética e dos propósitos fundadores do PT.

Há uma ilusão que o PT deve romper: imaginar-se a realização do sonho e da utopia do povo brasileiro. Seria rebaixar o povo, pois este não se contenta com pequenos sonhos e utopias de horizonte tacanho. Eu que circulo, em função de meu trabalho, pelas bases da sociedade vejo que se esvaziou a discussão sobre “que Brasil queremos”, discussão que animou por decênios o imaginário popular. Houve uma inegável despolitização em razão de o PT ter ocupado o poder. Fez o que pôde quando podia ter feito mais, especialmente com referência à reforma agrária e à inclusão estratégica (e não meramente pontual) da ecologia.

Quer dizer, o sucessor não pode se contentar de fazer mais do mesmo. Importa introduzir mudanças. E a grande mudança na realidade e na consciência da humanidade é o fato de que a Terra já mudou. A roda do aquecimento global não pode mais ser parada, apenas retardada em sua velocidade. A partir de 23 de setembro de 2008 sabemos que a Terra como conjunto de ecosissitemas com seus recursos e serviços já se tornou insustentável porque o consumo humano, especialmente dos ricos que esbanjam, já psssou em 40% de sua capacidade de reposição.

Esta conjuntura que, se não for tomada a sério, pode levar nos próximos decênios a uma tragédia ecológicohumanitária de proporções inimagináveis e, até pelo final do século, ao desaparecimento da espécie humana. Cabe reconhecer que o PT não incorporou a dimensão ecológica no cerne de seu projeto político. E o Brasil será decisivo para o equilíbrio do planeta e para o futuro da vida.

Qual é a pessoa com carisma, com base popular, ligada aos fundamentos do PT e que se fez ícone da causa ecológica? É uma mulher, seringueira, da Igreja da libertação e amazônica. Ela também é uma Silva, como Lula. Seu nome é Marina Osmarina Silva.

Leonardo Boff é autor do livro Que Brasil queremos? Vozes 2000.

Petropolis, 15 de agosto de 2009.

ELEIÇÃO - Autor: Antonio Almeida - Poeta e Ex-jacista da Paraíba

De quatro para quatro anos
O eleitor tem que exercer
O direito de cidadão
Cumprindo com seu dever
E os representantes do povo
Para o poder eleger

E assim vai se elegendo
Governo e mais governos
Deputados e senadores
Que vão surgindo a esmo
Depois de eleitos eles
Cometem os mesmos erros

A intenção do eleitor
Na hora que vai votar
É eleger um candidato
Que seja mais exemplar
E nossa sociedade
Para melhor possa mudar

As falcatruas no poder
Chama a atenção do povo
Que vai desacreditando
No político velho ao mais novo
É que eles estão brincando
Com a consciência do povo

Descobre se as falcatruas
As C. P. I’s são formadas
Fazem as investigações
E descoberto a bagunçadas
E os políticos corruptos
Já não sofre quase nada





Mais por quem as C P I’ s
São formadas oh eleitor
Formadas por deputados
E também por senador
É defici descobrir
Quem na corrupção entrou

Eles criam as CPI’s
Mais quase não vale nada
Os depoimentos dados
Mais parece de fachada
E assim as C P I’s
Termina em pizzarada

Eu era uma criança
Quando ouvia dizer
Que o governo então ia
A reforma agrária fazer
Estou de cabelos brancos
E nada vi acontecer

Isto já esta se tornando
Um desrespeito ao povo
Ao eleitor que vota
Para ter um país novo
E os políticos jogando
A nação num novo jogo

O eleitor terá mais
Que usar sua razão
Ele precisa votar
Por um motivo ou razão
Comparecendo as urnas
No dia da eleição










Não podemos acreditar
Em tudo que escutamos
Um político aparece
Ao o outro difamando
Quando ele tem um passado
Que nos vai envergonhando

Temos que ver o político
Que cumpre com seu valor
Ao lado dos mais humildes
E por mudança lutou
E tenha honrado o voto
Que lhe deu cada eleitor

Não é defici eleitor
Para você conhecer
O bom ou o mau político
Querendo se reeleger
Veja dentro do mandato
O que ele vive a fazer

Não da para confiar
Em político de fachada
Que de quatro em quatro anos
Aparece nas paradas
Como um vaqueiro que volta
Para juntar a boiada

Há o político sem ética
Sem escrúpulo e sem pudor
Procurando enganar
Ao inconsciente eleitor
Quatro anos de mandato
E um projeto não apresentou









Também existe o político
Com bons serviços prestados
Apresentando projetos
Com caráter e respeitado
Quando alguém cai na injustiça
Ele esta do seu lado

Não se apegue ao partido
Para não se enganar
Porque cada partido
Sujeito ele estar
Que um dia alguém de dentro
Possa seu nome manchar

A política esta cheia
De mau caratê e corrupção
A justiça tem que ouvir
Do povo a vos da razão
Até chegar a vós corruptos
E fazer a punição

Assim em cada eleição
Vai ficando mais complicado
São tantos os candidatos
Que nos deixa embalharado
Para escolher o político
Que der conta do recado

Portanto caro eleitor
Peça que Deus lhe ajude
Use sua consciência
Seu voto é sua virtude
Vote no melhor político
Querendo que o país mude

quarta-feira, 6 de maio de 2009

E-mail recebido de Dora Milicich - Caxias do Sul /RS
O século dos direitos da Mãe Terra
Leonardo BoffTeólogo
A afirmação mais impactante do dicurso do presidente da Bolívia Evo Morales Ayma no dia 22 de Abril na Assembleia Geral da ONU ao se proclamar este dia como o Dia Internacional da Mãe Terra talvez tenha sido a seguinte: "Se o século XX é reconhecido como o século dos direitos humanos, individuais, sociais, econômicos, políticos e culturais, o século XXI será reconhecido como o século dos direitos da Mãe Terra, dos animais, das plantas, de todas as criaturas vivas e de todos os seres, cujos direitos também devem ser respeitados e protegidos".
Aqui já nos defrontamos com o novo paradigma, centrado na Terra e na vida. Não estamos mais dentro do antropocentrismo que desconhecia o valor intrínseco de cada ser, independentemente, do uso que fizermos dele. Cresce mais e mais a clara consciência de que tudo o que existe merece existir e tudo o que vive merece viver.
Consequentemente, devemos enriquecer nosso conceito de democracia no sentido de uma biocracia ou democracia sócio-cósmica porque todos os elementos da natureza, em seus próprios níveis, entram a compor a sociabilidade humana. Nossas cidades seriam ainda humanas sem as plantas, os animais, os pássaros, os rios e o ar puro?
Hoje sabemos pela nova cosmologia que todos os seres possuem não apenas massa e energia. São portadores também de informação, possuem história, se complexificam e criam ordens que comportam certo nível de subjetividade. É a base científica que justifica a ampliação da personalidade jurídica a todos os seres, especialmente aos vivos.
Michel Serres, filósofo francês das ciências, afirmou com propriedade: "A Declaração dos Direitos do Homem teve o mérito de dizer 'todos os homens têm direitos' mas o defeito de pensar 'só os homens têm direitos'". Custou muita luta o reconhecimento pleno dos direitos dos indígenas, dos afrodescendentes e das mulheres, como agora está exigindo muito esforço o reconhecimento dos direitos da natureza, dos ecossistemas e da Mãe Terra.
Como inventamos a cidadania, o governo do Acre de Jorge Viana cunhou a expressão florestania, quer dizer, a forma de convivênicia na qual os direitos da floresta e de todos os que vivem dela e nela são afirmados e garantidos.
O Presidente Morales solicitou à ONU a elaboração de uma Carta dos direitos da Mãe Terra cujos tópicos principais seriam: o direito à vida de todos os seres vivos; o direito à regeneração da biocapacidade do Planeta; o direito a uma vida pura, pois a Mãe Terra tem o direito de viver livre da contaminação e da poluição; o direito à harmonia e ao equilíbrio com e entre todas as coisas. E nós acrescentaríamos, o direito de conexão com o Todo do qual somos parte.
Esta visão nos mostra quão longe estamos da concepção capitalista, da qual ficamos reféns durante séculos, segundo a qual a Terra é vista como um mero instrumento de produção, sem propósito, um reservatório de recursos que podemos explorar ao nosso bel prazer. Faltou-nos a percepção de que a Terra é verdadeiramente nossa Mãe. E Mãe deve ser respeitada, venerada e amada.
Foi o que asseverou o Presidente da Assembléia Miguel d'Escoto Brockmann ao encerrar a sessão: "É justíssimo que nós, irmãos e irmãs, cuidemos da Mãe Terra pois é ela que, ao fim e cabo, nos alimenta e sustenta". Por isso, apelava a todos que escutássemos atentamente os povos originários, pois, a despeito de todas as pressões contrárias, mantém viva a conexão com a natureza e com a Mãe Terra e produzem em consonância com seus ritmos e com o suporte possível de cada ecossistema, contrapondo-se à rapinagem das agroindústrias que atuam por sobre toda a Terra.
A decisão de acolher a celebração do Dia Internacional da Mãe Terra da Terra é mais que um símbolo. É uma viragem no nosso relacionamento para com a Terra, escapando do padrão dominante que nos poderá levar, se não fizermos transformações profundas, à nossa autodestruição.
Leonardo Boff é autor de Ethos Mundial. Um consenso mínimo entre os humanos. (Editora Sextante, Rio de Janeiro).
A afirmação mais impactante do dicurso do presidente da Bolívia Evo Morales Ayma no dia 22 de Abril na Assembleia Geral da ONU ao se proclamar este dia como o Dia Internacional da Mãe Terra talvez tenha sido a seguinte: "Se o século XX é reconhecido como o século dos direitos humanos, individuais, sociais, econômicos, políticos e culturais, o século XXI será reconhecido como o século dos direitos da Mãe Terra, dos animais, das plantas, de todas as criaturas vivas e de todos os seres, cujos direitos também devem ser respeitados e protegidos".
Aqui já nos defrontamos com o novo paradigma, centrado na Terra e na vida. Não estamos mais dentro do antropocentrismo que desconhecia o valor intrínseco de cada ser, independentemente, do uso que fizermos dele. Cresce mais e mais a clara consciência de que tudo o que existe merece existir e tudo o que vive merece viver.
Consequentemente, devemos enriquecer nosso conceito de democracia no sentido de uma biocracia ou democracia sócio-cósmica porque todos os elementos da natureza, em seus próprios níveis, entram a compor a sociabilidade humana. Nossas cidades seriam ainda humanas sem as plantas, os animais, os pássaros, os rios e o ar puro?
Hoje sabemos pela nova cosmologia que todos os seres possuem não apenas massa e energia. São portadores também de informação, possuem história, se complexificam e criam ordens que comportam certo nível de subjetividade. É a base científica que justifica a ampliação da personalidade jurídica a todos os seres, especialmente aos vivos.
Michel Serres, filósofo francês das ciências, afirmou com propriedade: "A Declaração dos Direitos do Homem teve o mérito de dizer 'todos os homens têm direitos' mas o defeito de pensar 'só os homens têm direitos'". Custou muita luta o reconhecimento pleno dos direitos dos indígenas, dos afrodescendentes e das mulheres, como agora está exigindo muito esforço o reconhecimento dos direitos da natureza, dos ecossistemas e da Mãe Terra.
Como inventamos a cidadania, o governo do Acre de Jorge Viana cunhou a expressão florestania, quer dizer, a forma de convivênicia na qual os direitos da floresta e de todos os que vivem dela e nela são afirmados e garantidos.
O Presidente Morales solicitou à ONU a elaboração de uma Carta dos direitos da Mãe Terra cujos tópicos principais seriam: o direito à vida de todos os seres vivos; o direito à regeneração da biocapacidade do Planeta; o direito a uma vida pura, pois a Mãe Terra tem o direito de viver livre da contaminação e da poluição; o direito à harmonia e ao equilíbrio com e entre todas as coisas. E nós acrescentaríamos, o direito de conexão com o Todo do qual somos parte.
Esta visão nos mostra quão longe estamos da concepção capitalista, da qual ficamos reféns durante séculos, segundo a qual a Terra é vista como um mero instrumento de produção, sem propósito, um reservatório de recursos que podemos explorar ao nosso bel prazer. Faltou-nos a percepção de que a Terra é verdadeiramente nossa Mãe. E Mãe deve ser respeitada, venerada e amada.
Foi o que asseverou o Presidente da Assembléia Miguel d'Escoto Brockmann ao encerrar a sessão: "É justíssimo que nós, irmãos e irmãs, cuidemos da Mãe Terra pois é ela que, ao fim e cabo, nos alimenta e sustenta". Por isso, apelava a todos que escutássemos atentamente os povos originários, pois, a despeito de todas as pressões contrárias, mantém viva a conexão com a natureza e com a Mãe Terra e produzem em consonância com seus ritmos e com o suporte possível de cada ecossistema, contrapondo-se à rapinagem das agroindústrias que atuam por sobre toda a Terra.
A decisão de acolher a celebração do Dia Internacional da Mãe Terra da Terra é mais que um símbolo. É uma viragem no nosso relacionamento para com a Terra, escapando do padrão dominante que nos poderá levar, se não fizermos transformações profundas, à nossa autodestruição.
Leonardo Boff é autor de Ethos Mundial. Um consenso mínimo entre os humanos. (Editora Sextante, Rio de Janeiro).

terça-feira, 5 de maio de 2009

ARTIGO SOBRE A CRISE MUNDIAL

Recebemos de Dora Milicich o seguinte e-mail e artigo sobre a atual crise mundial.mostrar det

Espero que gostem. Analise muito boa! Abraços,Dora

A ESQUERDA E A CRISE
JOSÉ LUÍS FIORI
A esquerda keynesiana interpreta de forma mais ou menos consensual, a nova crise econômica mundial que começou no mercado imobiliário americano, e se alastrou pelas veias abertas da globalização financeira. Seguindo o argumento clássico de Hyman Minsky[1], sobre a tendência endógena das economias monetárias à “instabilidade financeira”, às bolhas especulativas e à períodos de desorganização e caos provocados pela expansão desregulada do crédito e do endividamento, quando se faz inevitável a intervenção publica e o redesenho das instituições financeiras[2], sem que isto ameace a sobrevivência do próprio capitalismo. Por isto, apesar de suas divergências a respeito de valores, procedimentos e velocidades, todos os keynesianos acreditam na eficácia, e propõem, neste momento, uma intervenção massiva do estado, para salvar o sistema financeiro e reativar o crédito, a produção e a demanda efetiva das principais economias capitalistas do mundo[3]. No caso da esquerda marxista, entretanto, não existe uma interpretação consensual da crise, nem existe acordo sobre os caminhos do futuro. Alguns seguem uma linha próxima da escola keynesiana, e privilegiam a financierização capitalista como causa da crise atual, enquanto outros seguem a linha clássica da teoria da “sobre-produção”, do “sub-consumo”[4], e da “tendência ao declínio da taxa de lucros”[5]. E ainda existe uma esquerda pós-moderna que interpreta a crise atual, como resultado combinado de tudo isto e mais uma série de determinações ecológicas, demográficas, alimentares e energéticas. Do ponto de vista propositivo, alguns marxistas acreditam na eficácia de uma solução “keynesiana” radicalizada[6], outros acham que chegou a hora do socialismo[7], e muitos consideram que acabou o capitalismo e a modernidade e só cabe lutar por uma nova forma de globalização solidária, onde as relações sociais sejam desmercantilizadas, e o produto social seja devolvido aos seus produtores diretos[8]. Numa linha diferente, se colocam os autores neo-marxistas que associam as crises econômicas capitalistas, com o que chamam de ciclos e crises hegemônicas mundiais, que envolvem - além da economia - as relações globais de poder[9]. Estas teorias lêem a história do sistema mundial como uma sucessão de ciclos hegemônicos, uma espécie de ciclos biológicos dos estados e das economias nacionais que nascem, crescem, dominam o mundo e depois decaem e são substituídos por um novo estado e uma nova economia nacional que percorreria o mesmo ciclo anterior até chegar à sua própria hora da decadência. Neste momento, a maioria destes autores consideram que a crise econômica atual é uma parte decisiva da “crise da hegemonia” dos EUA, que deverão ser substituídos por uma novo centro de poder e acumulação mundial de capital, que provavelmente está situado na China. Do nosso ponto de vista, entretanto, a melhor maneira de pensar o “ sistema inter-estatal capitalista”, que se formou a partir da expansão européia do século XVI, não é através de uma metáfora biológica, e sim cosmológica, olhando para o sistema como se ele fosse um “universo em expansão" contínua. Com um núcleo central formado pelos estados e economias nacionais que lutam pelo "poder global", que são inseparáveis, complementares e competitivos e que estão em permanente preparação para a guerra, uma guerra futura e eventual, que talvez nunca ocorra, e que não é necessário que venha a ocorrer[10]. Por isto, os estados e economias que compõem o sistema inter-estatal capitalista estão sempre criando, ao mesmo tempo, ordem e desordem, expansão e crise, paz e guerra. E as potencias que uma vez ocupam a posição de liderança, não desaparecem, nem são derrotadas por seu “sucessor”. Elas permanecem e tendem a se fundir com as forças ascendentes, criando blocos político-econômicos cada vez mais poderosos como aconteceu, por exemplo, no caso da “sucessão” da Holanda pela Grã Bretanha, e desta, pelos Estados Unidos, que significou de fato um alargamento sucessivo das fronteiras do poder anglo-saxônico. Não existe ainda nenhuma teoria que dê conta das relações entre as crises econômicas e as transformações geopolíticas do sistema mundial. Mas o que já está claro faz muito tempo é que dentro do sistema inter-estatal capitalista, as crises econômicas e as guerras não são, necessariamente, um anuncio do "fim" ou do "colapso" dos estados e das economias envolvidas. Pelo contrário, na maioria das vezes fazem parte de um mecanismo essencial da acumulação do poder e da riqueza dos estados mais fortes envolvidos na origem e na dinâmica destas grandes turbulências. Agora bem, do nosso ponto de vista, as crises e guerras que estão em curso neste inicio do século XXI ainda fazem parte de uma transformação estrutural, de longo prazo, que começou na década de 1970 e provocou uma “explosão expansiva” e um grande aumento da "pressão competitiva" interna, dentro do sistema mundial. Esta transformação estrutural em curso começou na década de 70, exatamente no momento em que se começou a falar de “crise da hegemonia americana”, e de início da “crise terminal” do poder americano. E no entanto, foi a resposta que os EUA deram à sua própria crise que acabou provocando esta transformação de longo prazo da economia e da política mundial que está em pleno curso. Basta dizer que foram estas mudanças lideradas pelos EUA que trouxeram de volta ao sistema mundial, depois de 1991, as duas velhas potências do século XIX, a Alemanha e a Rússia, além de incluir dentro do sistema, a China, a Índia, e quase todos os principais concorrentes dos Estados Unidos, deste início de século. Neste sentido, aliás, a “crise de liderança” dos Estados Unidos, depois de 2003, serviu apenas para dar uma maior visibilidade a este processo que se acelerou depois do fim da Guerra Fria, já agora com novas e velhas potencias regionais atuando de forma cada vez mais “desembaraçada”, na defesa dos seus interesses nacionais e na reivindicação de suas “zonas de influencia”. Do ponto de vista do sistema inter-estatal capitalista, esta dinâmica contraditória significa que os EUA ainda estão liderando as transformações estruturais do próprio sistema. A política expansiva dos EUA, desde 1970 ativou e aprofundou as contradições do sistema, derrubou instituições e regras, fez guerras e acabou fortalecendo os estados e as economias que hoje estão disputando com eles, as supremacias regionais, ao redor do mundo. Mas ao mesmo tempo, estas mesmas competições e guerras, cumpriram e seguem cumprindo um papel decisivo, na reprodução e na acumulação do poder e do capital norte-americano, que também necessita manter-se em estado de tensão permanente, para reproduzir sua posição, no topo da hierarquia mundial. O fundamental, no fim de cada uma destas grandes tormentas é saber quem ficou com o controle da moeda internacional, dos mercados financeiros, e da inovação tecnológico-militar de ponta. Neste momento, não há perspectiva de superação do poder militar dos EUA, do ponto de vista de suas dimensões atuais, da sua velocidade de expansão, e da sua capacidade de inovação, apesar dos seu insucesso no Oriente Médio. E tampouco existe no horizonte a possibilidade de substituição dos EUA como “mercado financeiro do mundo”, devido a profundidade e extensão dos seus próprios mercados e do seu capital financeiro, e devido a centralidade internacional da moeda americana. Basta olhar para a reação dos governos e dos investidores de todo mundo que estão se defendendo da crise do dólar fugindo para o próprio dólar, e para os títulos do Tesouro americano, apesar de sua baixíssima rentabilidade, e apesar de que o epicentro da crise esteja nos EUA. E o que mais chama a atenção, é que são exatamente os governos dos estados que estariam ameaçando a supremacia americana, os primeiros a se refugiarem na moeda e nos títulos do seu Tesouro. Para explicar este comportamento aparentemente paradoxal, é preciso deixar de lado as teorias econômicas convencionais e também, as teorias das crises e “sucessões hegemônicas”, e olhar para a especificidade deste novo sistema monetário internacional que nasceu à sombra da expansão do poder americano, depois da crise da década de 70. Desde então, os EUA se transformaram no “mercado financeiro do mundo”, e o seu Banco Central (FED), passou a emitir uma moeda nacional de circulação internacional, sem base metálica, administrada através das taxas de juros do próprio FED, e dos títulos emitidos pelo Tesouro americano, que atuam em todo mundo, como lastro do sistema “dólar-flexível”. Por isto “a quase totalidade dos passivos externos americanos é denominada em dólares e praticamente todas as importações de bens e serviços dos EUA são pagas exclusivamente em dólar. Uma situação única que gera enorme assimetria entre o ajuste externo dos EUA e dos demais países [...]. Por isto, também, a remuneração em dólares dos passivos externos financeiros americanos que são todos denominados em dólar, seguem de perto a trajetória das taxas de juros determinadas pela própria política monetária americana, configurando um caso único em que um país devedor determina a taxa de juros de sua própria “dívida externa”. [11] Uma mágica poderosa e uma circularidade imbatível, porque se sustenta d forma exclusiva, no poder político e econômico norte-americano. Agora mesmo, por exemplo, para enfrentar a crise, o Tesouro americano emitirá novos títulos que serão comprados, pelos governos e investidores de todo mundo, como justifica o influente economista chinês, Yuan Gangming, ao garantir que “é bom para a China investir muito nos EUA; porque não há muitas outras opções para suas reservas internacionais de quase US$ 2 trilhões, e as economias da China e dos EUA são interdependentes”. (FSP, 24/11). Por isto, do meu ponto de vista, apesar da violência desta crise financeira, e dos seus efeitos em cadeia sobre a economia mundial, tampouco haverá uma “sucessão chinesa” na liderança política e militar do sistema mundial. Pelo contrário, do ponto de vista estritamente econômico, o mais provável é que ocorra um aprofundamento da fusão financeira em curso desde a década de 90, entre a China e os Estados Unidos”, e esta integração será decisiva para a superação futura da crise econômica. A crise atual começou na forma de um tufão, mas deverá se prolongar na forma de uma “epidemia darwinista”, que irá liquidando os mais fracos, por níveis sucessivos, nacionais e internacionais, e aprofundará a corrida imperialista que começou nos anos 90. Na hora da volta do sol poucos estarão na praia, mas com certeza os EUA ainda estarão na frente deste grupo seleto. E quase todos os países que estavam ascendendo nas duas últimas décadas e desafiando a ordem internacional estabelecida, serão “recolocados no seu lugar”. Neste período haverá resistência e haverá conflitos sociais agudos, e se a crise se prolongar, deverão se multiplicar as rebeliões sociais e as guerras civis nas zonas de fratura do sistema mundial, e é provável que algumas destas rebeliões voltem a se colocar objetivos socialistas. Mas do nosso ponto de vista, não haverá uma mudança de “modo de produção” em escala mundial, nem tampouco ocorrerá uma “superação hegeliana”, do sistema inter-estatal capitalista.

[1] Minsky, P.H.(1975) The Modeling of Financial Instability: An introduction", 1974, Modelling and Simulation. John Maynard Keynes, 1975, e "The Financial Instability Hypothesis: A restatement", 1978, Thames Papers on Political Economy. [2] Wade, R. (2008) , “A new global financial architeture”, in New Left, n53, set/out[3] Ferrari, F. e Paula, L.F. (2008), Dossiê da Crise, Associação Keynesiana Brasileira, UFRGS[4] Oliveira, F. (2009), “Vargas redefiniu o país na crise de 30”, in www. cartamaior.com.br, 6/01/2009[5] Brenner, R. (2008)”O princípio de uma crise devastadora”, in , in Against the Current, fev 2008[6] Tavares, M.C. (2008), “Entupiu o sistema circulatório do sistema do capitalismo”, in www.cartamaior.com.br13/11/2008 e Belluzzo,L.G. (2008) “Cortar gasto publico?”, www.cartamaior.com.br. 13/11/2008[7] Amin, S. (2008). “There is no alternative to socialism”, in Indian’s National Magazine, vol 25, issue 26, de 20/12/2008 e Meszaros, I.(2009) “A maior crise na história humana”, in www.cartamaior.com.br, 07/02/2009[8] Wallerstein, I. (2008) “Depressão, uma visão de longa duração”, in www.cartamaior.com.br, 13/11/2008[9] Arrighi, G. (2008) “A hegemonia em cheque”, in www.cartamaior.com.br, 19/06/2008[10] Este argumento está desenvolvido em J.L.Fiori “O Poder Global e a Nova Geopolítica das Nações” , Editora Boitempo, São Paulo, 2007, e no artigo “O sistema inter-estatal capitalista, no início do Século XXI”, in J.L.Fiori, C.Medeiros e F.Serrano, “O Mito do Colapso do Poder Americano”, Editora Record, Rio de Janeiro 2008.[11] Serrano, F. (2008) “A economia Americana, o padrão “dólar-flexível” e a expansão mundial nos anos 2000”, in J.L Fiori, F. Serrano e C. Medeiros, O MITO DO COLAPSO DO PODER AMERICANO,Editora Record, Rio de Janeiro,

quarta-feira, 22 de abril de 2009

22 de abril - DIA DO PLANETA TERRA



ESTE PLANETA É NOSSO


Eri Paiva


Fruto da suprema inteligência


Exuberante, dadivoso, lindo,


Feito para a nossa permanência


Com todas as condições dele provindo


Para a nossa felicidade e perfeição


Este Planeta é nosso,


É nossa Terra, nossa casa, nosso chão!




Deus, o Criador, aprontou,


Fez o básico, o fundamental


Criou as águas, algumas represou,


Criou as matas de exuberância sem igual,


Criou os animais numa diversidade infinda,


Providenciou calor, luz em profusão,


Não esqueceu o ar que nos anima,


Este Planeta é nosso,


É nossa Terra, nossa casa, nosso chão!




Em tudo o Criador se esmerou,


Em tudo pôs beleza, pureza cristalina


E ao homem e à mulher entregou


A sua fantástica obra prima.


Lhes enriqueceu de talento e aptidão


E "dominai" foi Dele a recomendação.


Então, este Planeta é nosso


É nossa Terra, nossa casa, nosso chão!




Mas ao termo dominai


É preciso que lhe dê uma interpretação


Dominar, entendo que, não é o mesmo que fazer


Aquilo que nos apraz ou o que na telha nos der


Para nosso deleite e prazer;


Tem outro significado, ou modo de entender.


Dominar é ter poder, mas o poder de fazer


Multiplicar e crescer, todo


Bem que a terra tem


E tudo que do planeta provém.


Dominar é o poder de completar


Com responsabilidade e amor a obra da criação.


Então, cuidemos do nosso Planeta,


Ele é a nossa Terra, nossa casa, nosso chão!




Nos foi entregue com amor


Tudo que aqui nós vemos e tudo de que nos servimos


Mas Deus é que é o dono e Senhor


Do que nós pensamos que aqui possuímos.


É tudo para nosso uso enquanto aqui estivermos


Ou até quando cada um precisar.


Por isso não tem sentido estragar,


Desperdiçar, acumular,


Querer sozinho para si, vantagem querer levar


Porque um dia vai chegar e Deus vai querer saber


Qual foi o nosso jeito da terra dominar;


Se nenhuma besteira fizemos


Nem deixamos os outros fazer,


Talvez possamos merecer


Em um novo Planeta morar;


Mas antes que a gente se vá


Vamos nos unir e cuidar,


Com mais respeito e atenção,


Deste Planeta que é nossoNossa Terra, nossa casa, no chão!




Em 22.07.2008

quarta-feira, 1 de abril de 2009

E-MAIL RECEBIDO DE IGNÁCIA - RECIFE/PE

Querido amigo Zé Alaí e Eri. Estou muito contente com a capacidade de vocês, tanto pelos trabalhos envolvendo o relatório como pela prestação de conta. Que bom tudo isto. Espero nos encontrar breve. Estou atenta e disposta para as atividadrs do próximo encontro. Espero que tudo der certo em melhor escala que o anterior. Melhorar sempre eis nosso objetivo. Um grande abraço.
Ignácia M. C. H. Lavareda.

sábado, 28 de março de 2009

VI ENEJAC SERÁ EM FORTALEZA-CE

O VI ENEJAC, será realizado em novembro de 2010, provavelmente em Fortaleza, capital do Ceará. Veja que lugar maravilhoso e de alto astral que nos espera.






Fortaleza, capital do Estado do Ceará, é apontada como o quinto município mais populoso do Brasil com um total de 2.473.614 habitantes. A população residente estimada para o Ceará é de 8.450.527 pessoas (Dados do IBGE -2007).
A capital do Ceará continua, firme, a apostar no turismo, setor que chega a render 7,31% da riqueza na estação das férias. Dados da Secretaria de Turismo do Ceará, indicam que a cidade oferece 20 mil leitos entre Hotéis ,Flats, pousadas e apartamento pôr temporada.
Outro destaque da economia de Fortaleza é a indústria da confecção que no Ceará criou uma identidade própria e conquistou espaço nos maiores centros do país, lançando a moda verão brasileira, anualmente, desde 1981. Com cerca de três mil fábricas, as revendas se concentram em vários pontos como a Av. Monsenhor Tabosa, o Fortaleza Mart Center, no bairro Vila União e o Maraponga Mart Moda, no distrito da Parangaba, maior central atacadista de confecções do Nordeste, com mais de 200 lojas. Também na Av. Monsenhor Tabosa está o Palácio da Micro Empresa, do SEBRAE, Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas do Estado, com grandes variedades de produtos.
Com lindíssimos hotéis de luxo, simpáticos e agradáveis bares, restaurantes magníficos, um comercio artesanal muito rico em diversidade, e mais de 25 km de belas praias, algumas com dunas de até 10 metros de altura, de areia branca, com enseadas de coqueiros e charmosas jangadas, Fortaleza é um belo destino pra quem procura diversão, descanso e muita beleza natural.

ALGUMAS DICAS PARA CONHECER E
APROVEITAR O QUE FORTALEZA OFERECE:

Compras:Para você levar as melhores lembranças de sua viagem, Fortaleza possui ótimas opções de compras na Avenida Monsenhor Tabosa, nas feiras de artesanato e nos diversos shopping centers, de grande e pequeno porte. com lojas de grifes famosas.
Barracas de Praia: Espalhadas pela orla marítima , com destaque para a Praia do Futuro, possuem ótima infra-estrutura e um excelente serviço , são constantemente usadas como palco de eventos descontraídos, esportivos e shows com atrações nacionais e internacionais.
Artesanato: A criatividade e o talento do cearense encantam pessoas do mundo inteiro pela originalidade e diversidade do artesanato, cultura e arte popular que podem ser encontrados na Ceart - Central de artesanato do Ceará, Mercado Central, Centro de Turismo, Feira de Artesanato da Av.Beira Mar, e em vários pontos da cidade.
Antiga Cadeia Pública: Sua construção foi iniciada em 1856 e concluída em 1866. Tem linhas clássicas e caracteriza-se pela clareza e simplicidade das formas. Atualmente, sedia o Centro de Turismo do Estado(EMCETUR), com 104 lojas de artesanato e dois museus: o de Minerais e o de Arte e Cultura Populares.Localiza-se no Centro de Fortaleza. Horário: 2a/6a de 8 às 18h, sáb. de 8 às 12h.Tel.:231-3566.
Dragão do Mar: Centro cultural que traz ao Ceará eventos artísticos de nível internacional e abre espaço para as manifestações culturiais, com exposições e mostras. Abriga museu, cinema, loja de artesanato, com bares e restaurantes no seu entorno. http://www.dragaodomar.org.br/
Casa de José de Alencar: Na casa onde nasceu o romancista estão mantidas as ruínas de um antigo engenho, considerado o primeiro do Ceará a receber energia a vapor, além de telas e documentos do escritor. Localiza-se na Av.Washington Soares,6055- Messejana. Horário comercial, sáb e domingo das 8 às 17:00h. Tel.: 229-1898.
Palácio da LUZ: Antiga sede do Governo do Estado, foi construído no final do século XVIII, com o auxílio de mão de obra indígena, tendo sido adquirido pelo governo imperial em 1814. Atualmente, sedia a Academia Cearense de Letras. Conta com um acervo de 15 millivros, disponíveis para pesquisa. Rua do Rosário, 01- Centro. Horário: 2a/6a de 8 às 13h. Tel.:253-4275.
Forte de Nossa Senhora de Assunção : Foi o marco inicial da cidade. Construído em 1649, foi batizado de Forte Schoonemborck. Em 1655, foi tomado pelos portugueses e recebeu o nome atual. Reconstruído em 1816, atualmente sedia a 10a Região Militar. Aberto à visitação pública diariamente. Av.Alberto Nepomuceno- Centro. Tel.:231-5155
Praça dos Leões: Construída em 1877, seu nome homenageia um general cearense que participou da Guerra do Paraguai. Destaque para as estátuas de leões de bronze, trazidas de Paris no começo do século. Localizada no Centro, forma imponente conjunto arquitetônico com a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, o Palácio da Luz e a antiga Assembléia Provincial.
Ponte Metálica: Também conhecida como Ponte dos Ingleses, foi construída em 1923, servindo de porto para Fortaleza. A partir de 1940 tornou-se ponto de encontro da boemia e dos apaixonados pelo pôr-do-sol. O espetáculo fica completo quando a lua cheia sobe do Porto do Mucuripe. Nas manhãs, golfinhos podem ser vistos brincando na sua proximidade. Possui lojinha de conveniência, lanchonete e quiosque do Núcleo de Preservação Ambiental aberto de 8 às 11h e de 13 às 21h
Teatro José de Alencar:Construído entre 1908 e 1910, é um importante marco arquitetônico e cultural de Fortaleza. Com estrutura metálica importada da Escócia e linhas ecléticas em que predominam elementos neoclássicos, o teatro abriga ainda biblioteca e galeria de arte. Possui jardim lateral projetado pelo paisagista Burle Marx.
Catedral de Fortaleza: Em estilo eclético, predominando elementos neogóticos, a imponente Igreja da Sé foi construída entre os anos de 1937 e 1963. Praça da Sé- Centro. Tel.: 231-4196.
Museu do Ceará: Dispõe de um acervo de 5.830 peças distribuídas em três importantes coleções:Paleontologia, Arqueologia/Antropologia Indígena e Mobiliário. O Museu do Ceará exibe também exposições temáticas permanentes, com temas de interesse da história do Ceará, tais como os poderes constituídos, as lutas e revoltas populares, a religiosidade, a produção intelectual e a irreverência do cearense. O Museu do Ceará funciona no Palácio Senador Alencar, construção de 1817 tombada pelo IPHAN como marco oficial do estilo neoclássico brasileiro. Rua São Paulo,51-Centro, Tel(0xx85)452 -1545 horário: terça a sexta-feira: 8h30 às 17h. Sábados e feriados: 8h30 às 12h30. Domingos: das 14h às 17h. Fechado às segundas-feiras- Fonte Secult
Museu de Fortaleza: O velho Farol do Mucuripe foi construído em estilo Barroco, entre os anos de 1840 a 1846, pelos escravos. Construção em alvenaria, madeira e ferro. Ele representa uma das mais antigas edificações de Fortaleza. Foi durante muito tempo referência para embarcações que aqui aportavam, porém, o velho olho do mar, como era conhecido, foi desativado em 1957. No período de 1981 a 1982, recebeu sua mais significativa reforma a fim de abrigar o Museu do Jangadeiro, atual Museu do Farol, cujo acervo faz referência a Fortaleza Colônia. Restaurado, hoje abriga peças e acervo sobre os principais momentos e acontecimentos que marcaram a capital cearense. São reproduções, desenhos, fotografias, documentos, ilustrações, trechos de romances e relatos de visitantes. Av.Visconde de Castro, s/n- Mucuripe. Horário: diariamente de 7 às 13h. Tel.: 263-1115

quinta-feira, 19 de março de 2009

RELATÓRIO DO V ENEJAC

V ENEJAC - ENCONTRO NACIONAL DE EX-JACISTAS

COMISSÃO INTERESTADUAL ORGANIZADORA
Ceará:

Maria Rodrigues Barbosa
Bahia:
Francisca M. Baptista Carneiro
Naidson de Quintella Baptista
Paraíba:
João Camilo Pereira
Margherita Peisino Pereira
Pernambuco:
Cleonice da Silva Viana (Nicinha)
Ignácia Maria C. H. Lavareda
Marcos Pacheco de Lima
Santina Terezita da Costa
Rio Grande do Norte:
José Alaí de Souza
José Cândido Cavalcante

COORDENAÇÃO
Margherita Peisino Pereira
Ignácia Maria C. H. Lavareda
José Alaí de Souza

SECRETARIA E RELATÓRIO
Cleonice da Silva Viana (Nicinha)
Maria Rodrigues Barbosa
José Alaí de Souza - Redação f inal
Eridante Paiva de Souza - Revisão


INTRODUÇÃO:
O ENEJAC – Encontro Nacional de Ex-Jacistas – é um evento de confraternização e estudo que acontece no Brasil, geralmente, de dois em dois anos, entre pessoas que se conheceram a partir da década de 1950, através da Juventude Agrária Católica, um movimento de jovens do meio rural que trabalhava pela organização e formação da juventude camponesa, cujas atividades foram interrompidas na época da ditadura militar, como ocorreu com outros movimentos semelhantes.
Dispersos durante mais de duas décadas os ex-jacistas sempre que possível se encontravam em pequenos grupos, sendo que com mais freqüência no Rio Grande do Norte e no Rio Grande do Sul, até que surgiu a idéia de promover os encontros nacionais. O primeiro foi realizado na Ilha de Itaparica/BH, em setembro de 1997 e, a partir daí foram realizados mais quatro encontros, tendo como locais: Porto Alegre/RS, Natal/RN, Florianópolis/SC e Ilha de Itamaracá/PE.
O V ENEJAC, realizado no período de 04 a 09/11/2009, em Pernambuco, teve como tema de estudo o Aquecimento Global e a Agroecologia possibilitando uma reflexão sobre os graves problemas que o aquecimento global vem causando à vida na terra, bem como sobre a agroecologia como maneira de contribuir para a sustentabilidade ecológica, econômica e social do nosso planeta. Com um total de 72 participantes o V ENEJAC proporcionou, também, o reencontro de pessoas que, há algum tempo, não se viam, não conversavam sobre as suas vidas e compartilhavam suas experiências de trabalho.
O presente relatório tem como objetivos fazer o registro do que aconteceu de mais significativo e importante durante o encontro e relembrar o nosso compromisso de cada vez mais zelar pela vida do planeta: “...nossa terra, nossa casa, nosso chão!”
PROGRAMAÇÃO DO ENCONTRO

Primeiro dia – 04/11/2008
- Chegada e credenciamento dos participantes (durante o dia)
- Noite
- Abertura do Encontro

A abertura do V ENEJEC foi coordenada pelos estados da Paraíba e Pernambuco. Inicialmente foi feita a Apresentação dos Participantes utilizando-se a seguinte dinâmica. Foram distribuídos balões coloridos e aos participantes foi solicitado que escrevessem uma frase ou palavra sintetizando o que o encontro representava para cada um. Caminhando em circulo, ao som da musica de Renato Teixeira - Tocando em Frente, houve a troca dos balões até que todos se misturassem. Após a musica veio a apresentação dos participantes. A cada balão estourado revelava-se a frase ou palavra contida no seu interior, seguida do nome da pessoa e do Estado que representava. Foi bastante divertida e interessante essa dinâmica.
A seguir a Equipe do Ceará prestou um a homenagem aos ex-jacistas falecidos: Áurea Guedes e Monsenhor Expedito, do Rio Grande do Norte; Maria Rodrigues Barreto, do Ceará; Rita Calos Sartori, da Paraíba; Monsenhor Gilberto Vaz Sampaio, da Bahia; Aracy Roque Braun (Chico), Pedro Meinerz, Quirino Signori e Padre João Bosco Luiz Schio, do Rio Grande do Sul. Parentes e amigos foram chamados a abrirem um Banner com as fotos dos homenageados. Foi um momento de muita emoção e saudades. Ao som da música "Ando Devagar" os presentes se dirigiram ao salão de convenções, onde aconteceu a entrega de fotos gravadas em pratos de porcelana, eternizando esse momento de saudade. Em seguida as biografias dos homenageados e o banner foram afixados no espaço denominado "CANTINHO DA SAUDADE". Esse foi um dos momentos mais fortes e de muita emoção, no V ENEJAC.

Segundo dia – 05/11/08
– Manhã:
O segundo dia do encontro começou com um gostoso café da manhã e em seguida os participantes se dirigiram para o salão de convenções onde os trabalhos foram iniciados com a oração da manhã, preparada e dirigida pelo grupo do Ceará. A oração da manhã foi baseada no poema " Este Planeta é Nosso” de autoria de Eri, Natal/RN.

Leitor: Fruto da suprema inteligência
Exuberante, dadivoso, lindo,
Feito para a nossa permanência
Com todas as condições dele provindo
Para a nossa felicidade e perfeição
Este planeta é nosso...
Todos: É nossa terra, nossa casa, nosso chão!

Leitor:Deus, o Criador, aprontou,
Fez o básico, o fundamental
Criou as águas, algumas represou
Criou as matas de exuberância sem igual
Criou os animais numa diversidade infinda
Providenciou calor, luz em profusão
Não esqueceu o ar que nos anima
Este planeta é nosso...
Todos: É nossa terra, nossa casa, nosso chão!

Leitor: Em tudo o Criador se esmerou
Em tudo pôs beleza, pureza cristalina
E ao homem e a mulher entregou
A sua fantástica obra prima
Lhes enriqueceu de talento e aptidão
E "dominai" foi Dele a recomendação
Então, este planeta é nosso....
Todos: É nossa terra, nossa casa, nosso chão!

Leitor: Mas ao termo dominai
É preciso que lhe dê uma interpretação!
Dominar, entendo que, não é o mesmo que fazer
Aquilo que nos apraz ou o que na telha nos der
Para nosso deleite e prazer.
Tem outro significado, ou modo de entender.
Dominar é ter poder, mas o poder de fazer
Então esse planeta é nosso...
Todos: É nossa terra, nossa casa nosso chão!

Leitor: Multiplicar e crescer, todo Bem que a terra tem
E tudo que do planeta provém
Dominar é poder completar
Com responsabilidade e amor a obra da criação
Então, cuidemos do nosso planeta...
Todos: Ele é nossa terra, nossa casa nosso chão!

Leitor: Nos foi entregue com amor
Tudo que aqui nós vemos e tudo de que nos servimos.
Mas Deus é que é o dono e senhor
Do que nós pensamos que aqui possuímos.
É tudo para nosso uso enquanto aqui estivermos
Ou até quando cada um precisar.
Por isso não tem sentido estragar,
Desperdiçar, acumular,
Então, cuidemos do nosso planeta
Todos: Ele é a nossa terra, nossa casa, nosso chão!

Leitor: Querer sozinho para si, vantagem querer levar
Por que um dia vai chegar e Deus vai querer saber
Qual foi o nosso jeito da terra dominar.
Se nenhuma besteira fizermos,
Nem deixarmos os outros fazer,
Talvez possamos merecer
Em um novo planeta morar...
Mas, antes que a gente se vá,
Vamos nos unir e cuidar, com mais respeito e atenção,
Desse planeta que é nosso,
Todos: É nossa terra, nossa casa, nosso chão.
Após o poema foi cantado o Salmo 22/23, seguido da leitura do livro de Gênesis 2 4b – 7 e do Pai Nosso. Esse momento foi encerrado com o hino da Campanha da Fraternidade/2008.
Em seguida Ignácia, de Pernambuco, apresentou os objetivos do encontro, manifestando a alegria pela presença de todos os ex-jacistas, reunidos mais uma vez, motivados pela amizade que os une e pela perspectiva de fortalecer a presença na comunidade, buscando um mundo melhor.
Depois da apresentação dos objetivos do encontro, Chica, da Bahia, apresentou a programação do encontro ressaltando o Tema Aquecimento Global e Agroecologia, a ser exposto pelo palestrante o Sociólogo Antonio Barbosa a quem deu as Boas Vindas e agradeceu a sua participação.
O conteúdo da palestra encontra-se gravado em CD e faz parte deste relatório, como anexo, entretanto, reproduzimos, a seguir, algumas anotações, feitas pela equipe da secretaria do encontro. Abrindo sua fala o palestrante disse inicialmente: “Não temos a pretensão de achar que, sozinhos mudaremos o mundo, mas temos a certeza de que poderemos ser grandes colaboradores para que o planeta não seja extinto. É com esse pensamento que mais uma vez vocês se reúnem objetivando conhecer mais os problemas decorrentes do Aquecimento Global e a Agroecologia como uma das alternativas para a preservação do meio ambiente. Que esse encontro possa mostrar a preocupação de cada participante frente a tão grave problema e apontar soluções de forma consciente e responsável junto à comunidade, movimentos ou grupos inseridos neste contexto.
O Aquecimento Global e a Agroecologia, alerta-nos a tomarmos consciência de nossas atitudes em relação ao meio ambiente. A desigualdade da riqueza produzida no planeta é o grande fator responsável por muitas atitudes incorretas. Para se ter idéia 75% dessa riqueza está localizada na parte norte do planeta, enquanto 25% na parte sul. A desigualdade existe e é mais que visível.
Desde 1860 existe um controle (monitoramento) do Aquecimento Global. Nos últimos 500 mil anos o planeta já passou por quatro aquecimentos globais, as chamadas eras glaciais. Teremos nós culpa em relação ao aquecimento se ele sempre existiu? Talvez sim, talvez não, mas uma coisa é certa estamos colaborando e muito para o seu crescimento acelerado. E esse fato gera inúmeros efeitos: mudanças climáticas; períodos de chuvas em épocas indevidas; períodos de secas; escassez de água potável; destruição e perda da biodiversidade; perdas agrícolas; mais fome, migração de comunidades vulneráveis (problemas sociais) e ameaça à saúde das pessoas, como doenças epidêmicas e contagiosas. Existem também os efeitos naturais (as causas). Glaciação; esfriamento global; variação orbital; variação dos oceanos; tectônicas de placas; deriva dos oceanos; ciclo solar e vulcanismo.
Os paises que mais contribuem com o efeito estufa são : Estados Unidos com 20% e China com 15%”.
Após a exposição sobre Aquecimento Global e Agroecologia os participantes fizeram perguntas ao palestrante e tiraram dúvidas sobre o conteúdo do tema.

-Tarde:
Trabalho em Grupo:
Na parte da tarde foi realizado estudo em grupo para debater o seguinte questionamento deixado pelo palestrante: Que experiências conhecem ou já participam que se caracteriza como resistência ao Aquecimento Global, que possa ajudar na construção para uma sociedade justa e solidária ?
Como resultado foram apresentadas várias experiências em relação à preservação do meio ambiente, com vistas à diminuição do Aquecimento Global. Como primeiro passo, foi visto a necessidade de aumentarmos os conhecimentos sobre o tema e nos conscientizarmos de nossa responsabilidade com o planeta no qual vivemos e, que atitudes simples e diárias contribuem para a diminuição do aquecimento global. Foram citadas experiências sobre: coleta seletiva e reciclagem do lixo, preservação de fontes de água, agroecologia, reflorestamento e campanhas diversas de preservação do meio ambiente.

Terceiro dia – 06/11/2008:

Como parte da programação do V ENEJAC foi realizada uma visita ao SERTA – Serviço de Tecnologias Alternativas, localizado no município de Glória do Goitá/PE, ocasião em que os participantes conheceram a estrutura física e o trabalho que vem sendo desenvolvido por aquela instituição. Além da sede do SERTA, com o Campo da Sementeira, tiveram a oportunidade de conhecer uma escola rural e uma pequena propriedade onde são aplicadas tecnologias alternativas voltadas para a prática da agroecologia e o alcance do desenvolvimento sustentável.
Por ocasião da visita, um dos aspectos que mais chamou a nossa atenção foi a utilização diversificada dos espaços, onde está presente uma grande variedade de plantas (arvores de grande, médio e pequeno porte) introduzidas e convivendo no mesmo ambiente da vegetação nativa, compondo 05 zonas distintas onde se desenvolvem tecnologias alternativas voltadas para a agroecologia e o desenvolvimento sustentável. Em todos esses espaços presenciamos a existência de fontes de água permanente, com plantas aquáticas e peixes, alem da criação de animais de grande, médio e pequeno porte (vacas, porcos, galinhas e coelhos, dentre outros), convivendo em perfeita harmonia e integração com as práticas agrícolas e possibilitando a produção de uma variedade de produtos de origem animal e vegetal. Nesses espaços, observa-se, ainda, que na natureza nada se perde, tudo se aproveita numa perfeita sintonia e integração. Assim, todos os restos de plantas e de animais são transformados em adubos e o controle das pragas é realizado pela própria biodiversidaide e a utilização de práticas alternativas. Dentre as tecnologias alternativas utilizadas, chamou a atenção: o fechamento automático de porteiras, sem a utilização de energia elétrica; a irrigação por micro-aspersão; a produção de biofertilizantes; a criação móvel de galinhas; a bomba rosário utilizada na irrigação e o cultivo de espécies agrícolas através da hidroponia (sistema de cultivo em solução nutritiva sem uso do solo).
Com o objetivo de conhecer experiências in-loco do trabalho que vem sendo realizado pelo SERTA, os participantes do ENEJAC, foram divididos em dois grupos. Um visitou uma pequena propriedade, onde o produtor desenvolve tecnologias agroecológicas e o outro visitou uma escola onde a proposta pedagógica está centrada nas práticas da agroecologia e no desenvolvimento sustentável.
O SERTA atua basicamente em três linhas de ação: Formação Profissional de Jovens, Capacitação de Agricultores e Formação de Professores. Vem buscando a sinergia necessária para desenvolver tecnologias que modernizem processos produtivos, sistemas de crédito e políticas públicas que possibilitem o acesso a bens e serviços públicos com equidade e justiça, construindo cidadania e fortalecendo o engajamento das comunidades populares na construção de um modelo de desenvolvimento sustentável.
O SERTA é uma organização rica de iniciativas, de participação e mobilização de jovens comprometidos com a transformação da realidade local. Atuando nas ramificações da Agricultura Familiar, junto com os agricultores e comunidade; na Informática, Comunicação e Cidadania, contribuindo para a inclusão digital e social; no Fundo Rotativo, financiando iniciativas de empreendedorismo juvenil; nas escolas do campo dando qualidade e valorização ao ensino que parte do conhecimento da realidade local; nos grupos de arte e cultura, nos conselhos de direito e de resgate da cidadania.
A Proposta Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável (PEADS) desenvolvida e executada pelo SERTA conta com a mediação de educadores para a formação de uma “massa crítica” de jovens, atribuindo um novo papel para a juventude e a escola do campo, implantando um modelo inovador de educação profissional e de diversificação econômica com base na ação protagonista, na perspectiva de que, em médio prazo, se constitua “uma geração de adolescentes motivada e competente pessoal, social e produtivamente, atuando no contexto do desenvolvimento local sustentável de micorregiões, no Nordeste.

Quarto dia - 07/11/2008:
- Manhã livre
- Tarde:

City-tour a Olinda, onde foram visitados os principais monumentos históricos, incluindo a Igreja da Sé onde se encontra o túmulo de Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife, além do comércio local e seu artesanato. Os participantes do city-tour tiveram a oportunidade, ainda, de presenciar a dança do frevo, uma dos aspectos da cultura local.
- Noite:
Realização da Noite Cultural, ocasião em que as representações dos estados apresentaram um pouco da sua gastronomia e da sua cultura.
O Rio Grande do Norte apresentou o “Mamolengo” ou “João Redondo” (teatro de fantoches) contando, de forma graciosa e divertida, aspectos da historia da JAC na Arquidiocese de Natal. Apresentou também mostra da produção poética de Eri, através da exposição de poemas e poesias voltadas para as linhas do romantismo (amor, saudade), do social (problemas sociais e ambientais, espiritualistas e de auto-estima.
O Rio Grande do Sul apresentou, com muita empolgação, várias músicas do folclore gaúcho.
O Ceará mostrou um pouco da literatura de cordel, homenageando o ilustre poeta Patativa do Assaré. O grupo vestido a carater, declamou poemas e apresentou a biografia do homenageado, um homem simples, culto, famoso e conhecido internacionalmente. Em seguida, o grupo prestou uma homenagem a Carmozita (uma das fundadoras da JAC), pelos seus 80 anos de idade. Foi realizada uma breve leitura do momento de sua consagração leiga e, depois, Ângela Neves fez a entrega de um livro sobre o Monsenhor Expedito, autografado pelos participantes do V ENEJAC. A seguir foi apresentada uma parodia “Carmozita é Dez” e diante de um grandioso bolo cantou-se o tradicional parabéns a você.
A Bahia e os demais estados presentes apresentaram músicas ou alguma curiosidade da sua cultura.
Encerrando a programação da Noite Cultural, houve a tradicional troca de presentes, através da brincadeira do amigo secreto e, foram servidas as comidas e bebidas típicas trazidas pelos participantes do encontro.

Quinto dia - 08/11/2008:
- Manhã:

Livro da JAC:
Sob a coordenação de Chica e Ângela Neves foi apresentado o esquema do Livro da JAC que será elaborado considerando as várias fases do movimento e tendo como objetivos:
- Registrar e analisar a experiência da JAC, situando-a dentro de um marco histórico, econômico, cultural, sócio-político e religioso;
- Servir de material de referência, analise e reflexão para os próprios sujeitos do processo, bem como para todos que se engajam nas lutas sociais do campo.
A equipe responsável pela elaboração do livro ficou composta pelas seguintes pessoas: Ângela Neves, Francisca Carneiro (Chica), João Camilo, Socorro Morais, João Seibel, Dora Milicich e Arlindo Sandri.
- Tarde:
Avaliação do Encontro:
Divididos em pequenos grupos por estado, os participantes do Encontro sob a coordenação de Socorro Marques, do Rio Grande do Norte, fizeram uma avaliação do mesmo a partir do seguinte esquema:
- Em que aspectos o Encontro correspondeu às suas expectativas?
- Cite alguns pontos que você achou relevantes.
- Dê as suas sugestões para o próximo Encontro.
De uma maneira geral foram citados como aspectos relevantes e que corresponderam às expectativas: O tema do encontro; o domínio do conteúdo e a segurança do palestrante; o trabalho da equipe de coordenação do encontro, desde a preparação; o local, as instalações e a alimentação; a visita e conhecimento do trabalho do SERTA ; o material de secretaria; a homenagem aos ex-jacistas falecidos; o número de participantes; a noite cultural; o fortalecimento da amizade entre os ex-jacistas; o preço e a qualidade da hospedagem; o Blog do ENEJAC que facilitou a comunicação entre os participantes do encontro.
Os aspectos que não corresponderam às expectativas foram os seguintes:
City-tour (pouco tempo, muito corrido); pontualidade em algumas atividades; entrosamento entre os participantes; poucos momentos de espiritualidade.
Missa de encerramento:
A missa de encerramento foi concelebrada por Padre Júlio e Mons. Ermillo, ocasião em que juntamente com o ofertório de produtos da terra, incluindo o pão e o vinho, foram apresentados os frutos do trabalho e da nossa convivência durante o encontro, juntamente com nosso agradecimento a Deus.
Sexto dia - 09/11/2008:
- Manhã: City-tour pela Ilha de Itamaracá, no “Trem da Alegria”, incluindo uma visita ao projeto peixe-boi. O clima de saudade já era transparente, porém, a alegria pelo reencontro predominava.
- Tarde: Depois de muitas fotos e abraços de despedida, os participantes do V ENEJAC começam a retornar aos seus estados de origem, levando consigo a saudade e a esperança de um novo reencontro no VI ENEJAC, que será realizado em novembro de 2010, tendo como local o Estado do Ceará.

ASPECTOS FINANCEIROS

Receita:
- Taxa hosp. + rendimentos:R$ 38.389,86

Despesas:
- Pagamentos ao hotel...........R$ 33.848,00
- Translado chegada..............R$...... 515,00
- Aluguel de equipamento.....R$..... 200,00
- Total das despesas...............R$ 34.563,00

- Saldo:....................................R$...3.826,86

Despesas não contabilizadas, assumidas pelos estados:
- Bahia: Almoço dos participantes em Glória de Goitá.
- Ceará: Material de secretaria, baners, livro de canto e homenagem aos ex-jacistas falecidos.
- Paraíba e Pernambuco: Ônibus para visita ao SERTA.
- Rio Grande do Norte: Ônibus city tour Recife/OlindaANEXOS:

Anexo 01:
Seleção de Fotos
- Será enviada aos participantes do encontro, em CD-R, juntamente com o relatório impresso.

Anexo 02:
Documento sobre a JAC – Autor: Raimundo Caramuru Barros

JUVENTUDE AGRÁRIA CATÓLICA: SEMPRE ANTIGA E SEMPRE NOVA
TESTEMUNHO E CONTRIBUIÇÃO
Brasília, 12/10/2008
Festa de Nossa Senhora Aparecida
Servus Mariae
Raimundo Caramuru Barros
APRESENTAÇÃO
Como não tenho condições de participar do V ENEJAC, estou remetendo esse texto como subsídio aos trabalhos, debates e decisões que ocorrerão nos dias em que estiverem em Itamaracá. Lamento não poder participar da confraternização que é uma dimensão de grande importância em um evento desta natureza. Considerem que estarei presente em espírito com vocês não apenas neste período, mas sempre que possível, em sintonia com o mistério da comunhão dos santos.
O texto que estou colocando em suas mãos consta de duas partes distintas. Na primeira parte procurei situar a JAC no período 1945 a 1964, tanto em termos de Brasil, da Igreja neste país e dos momentos mais importantes de sua evolução ao longo dessas duas décadas.
Com respeito ao papel do Assistente procurei tão somente traçar algumas linhas fundamentais, levando em conta as peculiaridades do meio rural brasileiro na época, e da situação da Igreja neste mesmo período. Expressando-me apenas em meu nome, mas achando que muitos outros assistentes confirmariam esta opinião, enfatizo que na JAC o assistente não apenas contribuiu para o desenvolvimento teologal dos(as) dirigentes e militantes, mas também deles(as) muito recebeu e com eles(as) muito aprendeu.
A segunda parte é apenas uma sugestão para reflexão. Nos últimos anos tenho acompanhado de perto a evolução das ciências da vida e estou convencido de que para o Brasil (especialmente para a Amazônia), dadas a sua dimensão territorial e a sua localização geográfica, a mudança do tipo (paradigma) de civilização é crucial. Ela permitiria banir os agrotóxicos, hormônios e os transgênicos de primeira geração; promover os transgênicos de segunda geração; e enfrentar com segurança os impactos negativos da acumulação excessiva na atmosfera do dióxido de carbono e do metano, que há bilhões de anos salvou a vida no Planeta do congelamento, mas que hoje a ameaçam com um superaquecimento.
As informações científicas que lhes passo, não tive tempo de as re-trabalhar. Aproveitei uma síntese que já havia elaborado para outra finalidade. Espero que a linguagem não atrapalhe o essencial que é explicitar um pouco mais em que consiste a “civilização da vida e a serviço dos seres vivos”. A sugestão de uma JAC para o século XXI, capaz de contribuir para a elaboração e implantação deste novo paradigma civilizatório constitui apenas um elemento de reflexão para o ENEJAC.
S U M Á R I O

Apresentação
1. Introdução
2. Juventude Agrária Católica “Sempre Antiga”
2.1. A Primavera de Renovação da Igreja do Brasil de 1945 a 1964
2.2. A JAC Nestas Duas Décadas e o Papel de Seus Assistentes Eclesiásticos
3. A Juventude Agrária Católica “Sempre Nova”
3.1. Natureza das Revoluções Industriais nos Últimos Dois Séculos e Meio
3.2. Marcos que Antecederam e Basearam os Avanços das Ciências da Vida
3.3. As três Características Essenciais de Rede de todo o Organismo Vivo
3.4. Contexto em que se Originou a Viva no Planeta Terra na Idade Pré-Biótica
3.5. O Desenvolvimento da Vida no Planeta Terra na Idade do Microcosmo
3.6. O Desenvolvimento da Vida no Planeta Terra na Idade do Macrocosmo
3.7. O Sistema Gaia e a Centralidade Peculiar ao Fenômeno da Vida
3.8. Mobilização de Toda a Sociedade Civil Sobretudo e Não Organizada
3.9. Conclusão
1.INTRODUÇÃO
Há alguns dias recebi um telefonema de Angela Neves, a primeira dirigente nacional da Juventude Agrária Católica - JAC no Brasil - e mais tarde Presidente da JAC internacional, solicitando-me elaborar um testemunho sobre o papel do assistente eclesiástico junto a este movimento de Ação Católica. Esta solicitação suscitou em meu espírito uma marcante evocação sobre o que foi a JAC dos anos 50 e 60 do século XX, bem como sobre as perspectivas que se abrem para um movimento desta natureza e calibre nas primeiras décadas do século XXI.
Associei imediatamente esta evocação à expressão que nos foi legada pelo gênio vibrante e profundo de Agostinho, bispo de Hipona no Norte da África, nos primeiros anos do século V da era cristã. Em sua autobiografia espiritual ao relatar o itinerário que o levou, após longa e dolorosa luta interior, a acolher na fé o mistério de Cristo, o Filho de Deus que assumiu a natureza humana, padeceu, morreu e ressuscitou para realizar o Desígnio divino de salvação, Agostinho celebra este mistério exclamando: “Ó Beleza [encantadora], sempre antiga e sempre nova, tarde demais te amei”.
Extrapolando a densidade espiritual desta confissão de fé do bispo de Hipona, bem como seu excepcional conteúdo teológico, creio que se pode aplicar à Juventude Agrária Católica esta expressão “sempre antiga e sempre nova”, para caracterizar o que ela significou na segunda metade do século passado e ao mesmo tempo pré- anunciar o que ela pode representar para a juventude agrária da primeira metade do século XXI.
2.A JUVENTUDE AGRÁRIA CATÓLICA, “SEMPRE ANTIGA”
Para apreciar adequadamente o que a JAC representou desde os seus primórdios até o ano de 1964 é necessário situá-la nos contextos históricos em que ela brotou, cresceu e se desenvolveu neste período:
· A primavera que marcou o desenvolvimento do Brasil de 1945 a 1964.
· A primavera renovadora que caracterizou a Igreja no Brasil de 1945 a 1964.
· A JAC nestas duas décadas e o papel de seus assistentes eclesiásticos.
2.1 A Primavera Brasileira de 1945 a 1964
O término da II Guerra Mundial abriu para o Planeta de um modo geral e para o Brasil de maneira mais específica uma nova era. Este momento preciso representou em termos planetários a liquidação das estruturas políticas, econômicas e sociais, que haviam predominado nas sociedades dos séculos XVII XVIII e XIX.
Em termos mais precisos o resultado da Guerra representou a desintegração dos impérios coloniais; a emergência de novos povos e de novas nações independentes; a tomada de consciência das limitações do mercado em promover o progresso econômico e o surgimento de novos modelos que conferiam ao Estado Nacional um papel indutor no processo de desenvolvimento de um país.
A partir de 1945 três blocos de nações passaram a dominar o cenário político internacional. O primeiro bloco foi formado pelas nações que adotaram o modelo de mercado na condução do seu sistema econômico-financeiro. O segundo bloco foi integrado pelas nações que optaram pelo modelo econômico socializante com um papel determinante do Estado nacional. O terceiro bloco agrupou as nações que não se alinharam politicamente com nenhum dos dois blocos anteriores, conservaram-se neutros e decidiram ao mesmo tempo desenvolver um sistema econômico híbrido, de acordo com as necessidades peculiares e as vantagens comparativas do respectivo país no mercado internacional.
Houve igualmente nesta época uma forte tomada de consciência da crise de alimentos, que condenava à fome crônica e à subnutrição quase dois terços da humanidade. Esta tomada de consciência refletiu-se na estrutura da Organização das Nações Unidas, que criou uma entidade específica para ocupar-se com a questão. Esta entidade foi denominada de “Organização para Alimentação e Agricultura” ou em inglês: “Food and Agriculture Organization” – FAO, que instalou sua sede na cidade de Roma – Itália.
No caso do Brasil começou-se a questionar de maneira mais contundente a estrutura fundiária arcaica e o nível tecnológico obsoleto da produção agropecuária. Acentuou-se o processo de migração das regiões menos desenvolvidas para as regiões mais afluentes. O processo migratório acentuou o êxodo rural por falta de acesso no campo a serviços essenciais de educação, de saúde e de saneamento básico, indispensáveis a uma melhor qualidade de vida. Essas levas de migrantes fizeram explodir as favelas das cidades de grande porte, cujas periferias passaram a inchar desmesurada e celeremente, elevando a níveis críticos o déficit habitacional, e demonstrando a incapacidade das administrações urbanas em fornecer a infra-estrutura econômica e social, buscadas por essas populações que deixaram a área rural, mas continuaram marginalizadas nessas excrescências urbanas.
No panorama político o Brasil depôs o Governo de Getúlio Vargas já há quinze anos no Poder e elegeu democraticamente como Presidente o General Eurico Gaspar Dutra. Para estabelecer um marco jurídico de natureza democrática foi elaborada e proclamada uma nova Constituição.
O Brasil entre 1942 e 1945 participara ativamente da II Guerra Mundial integrando-se às Forças Aliadas (Estados Unidos e Inglaterra), que combatiam as Forças do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). A cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, tornou-se um elo importante da cadeia logística, que permitiu às Forças Aliadas derrotarem as Forças do Eixo no Norte da África, bem como a invadirem e conquistarem a Itália. A base aérea de Natal com suas 18 pistas era passagem obrigatória das frotas de aviões que 24 horas por dia e sete dias na semana deixavam o Sul dos Estados Unidos rumo a Dakar, no Senegal, para dar suporte às tropas americanas e britânicas que combatiam no Norte do continente africano.
Mais tarde, já em território italiano tropas brasileiras participaram ativamente nos combates que resultaram na derrota da forças nazistas de Hitler e das forças fascistas de Mussolini no continente europeu.
Terminada a Guerra, os Estados Unidos criaram o Plano Marshall para reconstruir a Europa Ocidental, ou mais precisamente a Alemanha Ocidental, Itália, França, Bélgica e Holanda, e impedir que esses países fossem anexados à área de influência direta da então União Soviética.
Tendo participado diretamente da Guerra, o Brasil propôs ao Governo americano que se estabelecesse um Plano análogo para a modernização da América Latina. Como resposta o Governo de Washington prontificou-se a modernizar a Agricultura brasileira, dentro do Ponto IV do Plano de ajuda que destinara aos países não europeus, bem como integrar uma Comissão Mista (Brasil – Estados Unidos) incumbida de traçar um plano estratégico para a modernização do Brasil.
Essas duas propostas foram honradas. A modernização da Agricultura brasileira concretizou-se em duas iniciativas. A primeira foi uma ampliação do Ministério da Agricultura com a criação do Serviço de Informação Agrícola, voltado para este objetivo. A segunda foi a criação da Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural – ABCAR, com estrutura específica em cada Região. No caso do Nordeste criou-se a Associação Nordestina e Crédito e Assistência Rural – ANCAR.
Quando Getúlio Vargas voltou ao Poder, eleito democraticamente em 1950, foi formada a Comissão Mista Brasil – Estados Unidos – CMBEU. Seu resultado mais visível foi a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento – BNDE em 1953, objetivando o desenvolvimento da infra-estrutura econômica (transporte e energia) e posteriormente o desenvolvimento das indústrias de base, a partir de um convênio entre o BNDE e um órgão das Nações Unidas com sede em Santiago, Chile, denominado Comissão Econômica para a América Latina – CEPAL. Nesta oportunidade foi criado também o Banco do Nordeste do Brasil – BNB.
Com o suicídio de Getúlio em agosto de 1954, houve um momento de hesitação política, mas finalmente o vice-presidente, o potiguar Café Filho, assumiu a Presidência e completou o mandato de Vargas. Os impasses políticos continuaram, mas devido à posição decisiva do General Teixeira Lott, então Ministro da Guerra, Juscelino Kubitschek eleito democraticamente como Presidente da República, tomou posse em março de 1956 e empenhou-se na execução de seu Programa de Metas, aproveitando os estudos realizados pelo BNDE e as propostas resultantes desses estudos. O programa estabelecia 30 metas nos campos de energia, transportes, alimentos, indústrias básicas, e educação de pessoal técnico. Mais tarde, a criação de Brasília, como sede da nova Capital da República, foi acrescentada às trinta metas originais. Todas essas metas foram atingidas dentro dos quantitativos e das especificações previstas.
No caso do Nordeste o ano de 1958 foi decisivo, quando o semi-árido nordestino foi atingido por mais uma seca devastadora. Empenhado em não se limitar apenas à adoção de medidas emergenciais para enfrentar esta eventualidade climática, o Governo Kubitschek buscou estabelecer medidas estruturais capazes de apresentar soluções definitivas no médio e longo prazo.
Com este objetivo, em abril de 1959 foi criado o Conselho de Desenvolvimento do Nordeste – CODENO e em dezembro deste mesmo ano era criada a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE.
Em 1960 Jânio Quadros, após uma rápida e fulgurante carreira política em São Paulo, era eleito Presidente da República, tendo como vice o gaúcho João Goulart, numa aliança entre a União Democrática Nacional – UDN (partido que sempre foi oposição) e o Partido Trabalhista Brasileiro, criado por Getúlio Vargas no final da década de 1940.
Ao assumir a Presidência em março de 1961 e ao renunciar inopinada e surpreendentemente em agosto deste mesmo ano, Jânio criou um impasse político, só resolvido com a posse do Vice-Presidente João Goulart, que assumiu com o compromisso de apenas concluir o mandato de Jânio sem se arriscar a introduzir grandes inovações.
A dinâmica do desenvolvimento nacional, no entanto, estava a exigir inadiáveis reformas de base. Consciente deste imperativo João Goulart - considerado o herdeiro de Getúlio Vargas – foi levado a agir, e por isso despertou em seus adversários políticos desconfianças fatais, que culminaram com a intervenção militar, que o depôs aos 31 de março de 1964. Esta intervenção pretendia erradicar inteiramente do processo político brasileiro, o que considerava a herança de Vargas. Para atingir este objetivo não hesitou em interromper o processo democrático brasileiro pelo período de duas décadas.
Hoje se sabe com certeza que a deposição de Goulart foi tramada pelo Governo americano, que financiou uma série de medidas para desestabilizar o governo do Presidente brasileiro, bem como de vários outros Presidentes de países latino-americanos que não se afinavam com os interesses de Washington.
2.2.A Primavera de Renovação da Igreja no Brasil de 1945 a 1964
Esta primavera de renovação desabrochou tanto em nível da hierarquia da Igreja no Brasil como também em nível do laicato mais consciente. Terminada a II Guerra Mundial, Roma enviou como Núncio Apostólico para o Brasil Dom Carlos Chiarlo com duas prioridades, entre outras: Despertar a Igreja para os desafios do desenvolvimento, bem como sensibilizá-la para as questões da alimentação e do desenvolvimento da agropecuária.
Ao chegar ao Brasil o novo Núncio Apostólico escolheu o Padre Hélder Câmara como Conselheiro da Nunciatura para assuntos brasileiros. Nesta qualidade Padre Helder foi enviado pelo Núncio para participar de eventos importantes relativos ao desenvolvimento de certas regiões como Nordeste, Amazônia, Vale do Paraíba, e ao mesmo tempo articular os bispos dessas regiões a fim de despertá-los para os problemas do desenvolvimento, especialmente do desenvolvimento agrário. Esta iniciativa demonstrou que o episcopado brasileiro necessitava de uma coordenação e articulação mais sistemática e permanente e não apenas pontual e esporádica em função de acontecimentos específicos. Desta maneira esses desdobramentos prepararam a criação da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil em 1952.
Dentro desse contexto surgiu uma experiência concreta na Arquidiocese de Natal, Rio Grande do Norte. A construção da base área de Natal atraiu para a capital potiguar uma forte corrente migratória proveniente do interior do Estado, principalmente em 1942, quando o semi-árido nordestino foi vítima da catástrofe cíclica de uma estiagem prolongada, que deixou numerosas famílias desprovidas de alimentos e recursos essenciais à sua sobrevivência. Nesta conjuntura a cidade de Natal experimentou um crescimento desordenado, em que sua população quase decuplicou ao cabo de poucos anos.
Com o término da guerra e a desativação parcial da base área, bem como de todo o fluxo econômico gerado pelo esforço bélico, o desenvolvimento urbano de Natal enfrentou um desafio de grandes proporções: como atender essas populações periféricas da cidade e como encontrar novos empreendimentos econômicos capazes de substituir a economia de guerra que havia provocado a desordenada e insustentável aglomeração populacional na sua periferia?
Este desafio conjuntural chamou a atenção para outro desafio permanente enfrentado periodicamente pelas populações interioranas: a inviabilidade do nível tecnológico com que se praticava a atividade agropecuária no semi-árido, fruto em grande parte da estrutura social obsoleta, que impedia o desenvolvimento da região.
Esta tomada de consciência levou a arquidiocese de Natal em articulação com as duas dioceses sufragâneas de Mossoró e Caicó, a buscar respostas a este quebra-cabeça. Em 1949, sob a liderança do Padre Eugênio Sales da arquidiocese Natal, foi criado o Serviço de Assistência Rural – SAR, com o objetivo de elevar o nível da qualidade de vida das populações interioranas, proporcionando-lhes condições para que conduzissem o seu próprio desenvolvimento. Essa iniciativa prosperou, ampliou-se e assumiu grandes proporções, transformando-se no que se convencionou denominar de Movimento de Natal.
Este empreendimento pastoral operacionalizava em termos práticos as novas perspectivas de vivência e atuação da Igreja, preconizadas pelo Núncio Apostólico e veiculadas pelo Padre Hélder Câmara, em nível nacional através de eventos e fomento de iniciativas similares em várias regiões do país. Tanto em Natal como nas diversas experiências que desabrochavam em várias outras dioceses, era patente a necessidade de reciclar os sacerdotes que atuavam junto às populações rurais com respeito a esses novos horizontes da ação pastoral: fomentar comunidades eclesiais vivas, que ao mesmo tempo se colocassem a serviço do desenvolvimento humano das populações em que estavam inseridas.
Em 1950, Padre Helder Câmara organizou na Universidade Rural, localizada no interior do Estado do Rio de Janeiro, um encontro de longa duração para sacerdotes rurais provenientes de dioceses das várias regiões do país, com o objetivo de torná-los elementos multiplicadores dessas novas perspectivas da ação pastoral da Igreja no meio rural brasileiro. Este encontro foi orientado por Monsenhor Ligutti, que era então o representante do Vaticano na FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.
A reciclagem de sacerdotes foi conduzida posteriormente de maneira sistemática na arquidiocese de Natal, que passou a promovê-la anualmente em cursos intensivos de dez dias no mês de janeiro de cada ano. A paróquia de São Paulo do Potengí, localizada no agreste nordestino, tornou-se sob os cuidados de seu pároco Mons. Expedito, um exemplo vivo desta nova orientação pastoral.
A primavera de renovação da Igreja não desabrochou, porém, apenas em nível da sua estrutura hierárquica, mas também em nível dos fiéis leigos. Como arcebispo coadjutor do Rio de Janeiro com direito à sucessão Dom Sebastião Leme empenhou-se desde os meados da década de 1920 em promover a Ação Católica nos moldes preconizados por Pio XI, adotando o modelo italiano com os quatro ramos: homens, mulheres, rapazes e moças. Seus estatutos, porém, só foram reconhecidos e oficializados em 1935.
Com o falecimento do seu antecessor, o Cardeal Arcoverde, Dom Leme assumiu a arquidiocese do Rio de Janeiro e recebeu o chapéu cardinalício em julho de 1930, pouco antes da revolução que levou Getúlio ao Poder, exercendo nesta oportunidade o papel de mediador entre as forças revolucionárias e o Governo de Washington Luís, que estava sendo deposto, logrando assim evitar uma sangrenta guerra civil.
Este Cardeal deu continuidade ao trabalho apostólico que vinha realizando desde a década de 1920, tanto na implantação da Ação Católica como na conversão de grandes expoentes da elite intelectual brasileira residente no Rio de Janeiro. Com estes intelectuais fundou o Centro de Estudos Dom Vital, que posteriormente propiciou a criação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Ao longo das décadas de 1930 e de 1940, esses intelectuais através de seus escritos em forma de estudos (livros), artigos e crônicas publicadas em periódicos e diários da época exerceram uma influência positiva na opinião pública nacional com respeito à ação da Igreja e à fé cristã. Após o término da II Guerra, abordaram os temas em evidência no momento como democracia, desenvolvimento e nacionalismo.
Na passagem da década de 1930 para 1940, a Juventude Operária Católica - JOC, nos moldes formulados pelo sacerdote belga Joseph Cardijn, filho de um trabalhador em minas de carvão, começou a se implantar em cidades brasileiras. Sacerdotes canadenses atuando em Colégios da capital paulista introduziram também experiências iniciais com respeito à Juventude Estudantil Católica – JEC.
Essas iniciativas suscitaram na Igreja ao longo da década de 1940 a questão do modelo de Ação Católica, que mais se adequaria à Igreja no Brasil: o modelo italiano adotado na década de 1920 ou modelo da Ação Católica especializada por meio social, na base do método ver – julga - agir, inaugurado no Brasil pela JOC e pela JEC.
A “Revista do Assistente Eclesiástico” [da Ação Católica], dirigida e editada pelo Padre Helder Câmara, bem como outros periódicos católicos, alimentaram esse debate. A Semana Nacional de Ação Católica, que se realizou em Porto Alegre, imediatamente antes do Congresso Eucarístico Nacional, no ano de 1948, colocou este tema no centro de suas discussões.
A Ação Católica Brasileira - ACB estava então sob a supervisão direta de uma Comissão Episcopal específica, constituída inicialmente por cinco bispos. Em 1950 esta Comissão foi ampliada para nela incluir todos os cardeais e os arcebispos metropolitas da Igreja no Brasil. Na realidade esta Comissão Episcopal constituiu o embrião do que seria a CNBB, a ser criada em outubro de 1952.
No início de 1950 a Comissão Episcopal da ACB decidiu que a Ação Católica Brasileira passaria a se organizar de maneira especializada por meio social, tanto em nível dos movimentos de juventude, como em nível dos movimentos de adultos. A partir de então, além da JOC e da JEC foram constituídos os seguintes movimentos: a Juventude Agrária Católica – JAC; A Juventude Universitária Católica – JUC e a Juventude Independente Católica – JIC, que se limitou ao movimento feminino, para jovens pertencentes à classe média urbana, que tendo terminado os seus estudos, dedicavam-se ao exercício de uma atividade profissional e/ou preparavam-se para o casamento. Os correspondentes movimentos adultos foram surgindo aos poucos ao longo da década de 1950 e mesmo de 1960. Foram eles em grande parte promovidos por iniciativa de antigos dirigentes e militantes dos movimentos juvenis do respectivo meio social.
No período de 2 a 6 de julho de 1952, mesmo antes da criação da CNBB, realizou-se em Manaus o I Encontro dos Bispos e Prelados da Amazônia com dois objetivos:
· Tomar conhecimento das iniciativas governamentais e das transformações a serem introduzidas na Região em decorrência dos recursos obrigatórios a serem nelas aplicados pela União, de acordo com as disposições transitórias da Constituição de 1946;
· Traçar diretrizes pastorais a serem adotadas para fazer face a essas transformações.
Um encontro análogo e com objetivos semelhantes foi levado a cabo em Aracaju – Sergipe, reunindo todos os bispos do Vale do São Francisco no período de 25 a 28 de agosto do mesmo ano. A Constituição de 1946 previa também recursos substanciais a serem aplicados nesta Região em amplos programas de geração de energia elétrica e de irrigação. Esses programas visavam também elevar as condições de vida das populações ribeirinhas duramente atingidas pela malária. Era necessário que a Igreja definisse seu papel nessas transformações e adotasse as orientações pastorais dele decorrentes.
Em 1954 foi criada a Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB, a partir da realização do I Congresso de Religiosos do Brasil, com a participação de mais de 1.000 religiosos de todo o país, no período de 7 a 13 de fevereiro.
Em 1955 o país sediou, a partir da cidade do Rio de Janeiro, o Congresso Eucarístico Internacional que movimentou e mobilizou todas as dioceses e arquidioceses em torno do mistério eucarístico, centro da espiritualidade de todo o fiel católico. Logo em seguida a esta celebração de fé, foi realizada no Rio de Janeiro no período de 25 de julho a 4 de agosto a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, que decidiu pela criação do Conselho Episcopal Latino-Americano – CELAM, confirmado e oficializado dois meses depois pelo Vaticano.
Em maio de 1956, os bispos do Nordeste conseguiram sensibilizar Juscelino Kubitschek, recém empossado na Presidência da República, e atrair sua atenção para os desafios enfrentados pelo semi-árido nordestino. Com efeito, o Presidente compareceu acompanhado por vários de seus Ministros e por um grupo seleto de técnicos a um encontro conjunto com os bispos do Nordeste, na cidade de Campina Grande – Paraíba.
Este encontro produziu um programa constituído por um conjunto de projetos em todos os setores relevantes para o aperfeiçoamento do nível de vida da população sertaneja do Nordeste. Este inventário de projetos inspirou-se de perto na experiência do Movimento de Natal cujo objetivo era melhorar as condições de vida das populações do interior, aperfeiçoar o nível tecnológico da agricultura nordestina e induzir no médio e longo prazo uma transformação das estruturas sociais da região.
Foi necessário, no entanto, que os bispos fossem persistentes em cobrar a execução dos projetos para que estes saíssem do papel. A fim de facilitar a comunicação com os bispos com respeito a este Programa, a Presidência da República colocou no seu Gabinete um funcionário com a missão de servir de ligação entre o Governo e os Bispos com o objetivo de garantir que o Programa fosse implantado e levado a cabo.
O aprofundamento de uma tomada de consciência regional, por parte do episcopado, verificou-se igualmente na Região Norte, onde se realizou em 1958 o II Encontro dos Bispos e Prelados da Amazônia. O objetivo deste encontro foi chegar a um maior entrosamento e cooperação com o governo no tocante às atividades sociais desenvolvidas pelas dioceses, prelazias e congregações religiosas, a fim de atender às necessidades mais gritantes das populações residentes na área. Nesta oportunidade foi criado o Escritório Técnico de Prelados da Amazônia para dar apoio á ação da Igreja na Região no tocante a seu trabalho de promoção social e relacionamento com os órgãos governamentais.
Em 1958 o Movimento de Natal através de sua emissora de Rádio começou a levar ao ar uma programação educativa para as populações do interior juntamente com um programa de alfabetização similar ao modelo bem sucedido de alfabetização empreendido por Mons. Salcedo, na Colômbia. Outras dioceses do Nordeste, bem como do Norte e do Centro Oeste manifestaram interesse em associar-se a esta iniciativa, levando à criação do Movimento de Educação de Base - MEB em nível nacional, mediante um convênio entre a Presidência da República e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB. O MEB aperfeiçoou o sistema pedagógico das escolas radiofônicas, adotando a pedagogia desenvolvida pelo educador pernambucano Paulo Freire, que correspondia em grande parte ao método do ver – julgar – agir, adotado pelos Movimentos de Ação Católica.
Em 1958 durante a estiagem prolongada que mais uma vez deixou cerca de 2 milhões de famílias do interior nordestino sem os meios essenciais de sobrevivência, o Governo Juscelino resolveu adotar não apenas medidas emergenciais de socorro às vítimas da seca, mas também dar início a um programa mais amplo e estrategicamente fundamentado, que no médio e longo prazo criasse as condições capazes de neutralizar os efeitos negativos deste indesejado fenômeno climático de recorrência cíclica.
Por causa do Plano de Metas elaborado pelo BNDE e adotado por Juscelino como Programa de Governo, o Presidente da Republica recorreu a este Banco de Desenvolvimento para elaborar uma proposta. O Corpo Técnico do Banco, liderado pelo economista paraibano Celso Furtado, que já havia trabalhado na CEPAL, adaptou para o caso do Nordeste o modelo de desenvolvimento que já estavam aplicando nas Regiões Sudeste e Sul do país.
Em sua espinha dorsal era um Plano de Desenvolvimento Industrial a ser administrado pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE. De certo modo esta proposta ia de encontro ao Programa adotado em Campina Grande em 1956, voltado para uma modernização da agricultura nordestina, visando criar mecanismos capazes de neutralizar o fenômeno cíclico das secas.
Para resolver este impasse entre as duas orientações foi realizado um encontro em Natal, no mês de maio de 1959 na busca de conciliar as duas posições, aparentemente antagônicas. Na realidade não houve conciliação, mas apenas um ajustamento de posições. Meio século depois é mais fácil avaliar os dois modelos. Com efeito, o programa de industrialização do Nordeste não foi capaz de absorver o excedente de mão-de-obra do meio rural e contribuiu significativamente para engrossar o êxito rural - urbano, ampliando em maior escala a favelização das capitais dos Estados nordestinos, e de outros centros urbanos de maior porte, localizados no interior da Região.
Hoje começa a ser retomada a posição defendida pelos bispos na década de 1950: dar prioridade à agricultura em novas bases tecnológicas, com capacidade para absorver melhor a força de trabalho; aperfeiçoar a gestão das águas; valorizar o ser humano e suas raízes culturais; desenvolver sua solidariedade e assim modernizar progressivamente as estruturas sociais obsoletas.
Na segunda metade da década de 1950 surgiu igualmente o fenômeno das Ligas Camponesas em Pernambuco, lideradas pelo advogado Francisco Julião. Nessas circunstâncias a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil resolveu dar apoio ao sindicalismo rural, para que os trabalhadores rurais pudessem atuar e defender seus direitos dentro da legalidade.
Em poucos anos foram criados numerosos sindicatos rurais em diferentes Estados de diversas Regiões. Em seguida formaram-se as Federações estaduais e finalmente a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. Em nível nacional o apoio da Igreja ao sindicalismo rural, principalmente à formação de líderes para o sindicalismo rural foi assumido pelo Movimento de Educação de Base – MEB. Em alguns Estados foram criados com o apoio da Igreja instituições para-sindicais, tais como a Frente Agrária Gaúcha - FAG no Rio Grande do Sul, e a Frente Agrária Goiana – FAGO no Centro Oeste com o objetivo de promover a sindicalização rural e formar lideranças a serviço dos sindicatos rurais.
Em 1961 realizou-se o Encontro dos Bispos do Vale do Rio Doce. Seu objetivo foi articular os bispos desta Bacia a fim de elaborar e adotar diretrizes e medidas pastorais em face das atividades de mineração e siderurgia, que segundo as expectativas deveriam modificar substancialmente o panorama sócio-econômico da Região.
No início da década de 1960 merecem menção as tensões que se manifestaram entre os movimentos da Ação Católica especializada. A JUC, através de um progresso coerente de reflexão sobre o seu meio, concluiu pela necessidade de uma reforma universitária, que colocasse a Universidade a serviço de toda a sociedade. A JEC, por sua vez, batia-se por uma reforma do ensino secundário numa perspectiva mais democratizante.
A JUC passou a assumir uma participação cada vez mais ativa nos trabalhos da União Nacional de Estudantes – UNE. Esta, por seu lado, orientava-se cada vez mais para uma ação junto à sociedade, atuando como uma força política autônoma, dado que a questão educacional correlacionava-se diretamente com os problemas do desenvolvimento brasileiro, amplamente debatido na época nos quadros do Instituto Superior de Estudos Brasileiros e mais discretamente na Escola Superior de Guerra – ESG.
Durante o Conselho realizado pela JUC, em julho de 1960, com ampla participação dos militantes de suas bases, para comemorar seus 10 anos de existência, essas questões foram amplamente discutidas e levadas à apreciação de todos, marcando para os próximos anos a linha do movimento. A partir de 1961, a JUC assumiu o nacionalismo defendido pelo Instituto Superior de Estudos Brasileiros e apoiou a participação de universitários cristãos nos movimentos de cultura popular e na aliança operário – estudantil, buscando uma forma de socialismo compatível e mesmo mais condizente com os princípios evangélicos.
Este posicionamento provocou sérias tensões entre a JUC e a hierarquia da Igreja a partir de 1962, reacendendo o debate sobre a participação dos cristãos, especialmente dos movimentos de Ação Católica e de Igreja na política. Essas tensões repercutiam também no seio dos demais movimentos da Ação Católica Especializada.
A JOC e JOCF foram os movimentos que mais reagiram a essa reflexão e orientação propostas e seguidas pelos movimentos estudantis (JUC E JEC), devido à posição clara e precisa seguida pela JOC internacional a esse respeito.
A JAC e JACF, embora filiadas ao Movimento Internacional da Juventude Agrária e Rural Católica, tinham liberdade de tomar o posicionamento que julgassem mais conveniente para sua atuação no país, pois o Movimento Internacional a que estavam filiadas dava aos movimentos nacionais uma grande margem de liberdade de orientação. Por sua vez, a JAC e JACF no Brasil proporcionavam igualmente bastante flexibilidade aos movimentos diocesanos e aos secretariados regionais para que se adaptassem da maneira melhor possível à realidade local e nela se inserissem.
Quatro motivos principais podem ser apontados para as diferenças entre o posicionamento da JAC e JACF e os movimentos estudantis. Em primeiro lugar a tomada de consciência das reformas estruturais necessárias ao desenvolvimento da agricultura no Brasil e à modernização da sociedade rural brasileira como um todo foi aprofundada na medida em que esse dois movimentos começaram a trabalhar com jovens assalariados rurais (sobretudo em Pernambuco e São Paulo). Estes jovens sentiam de maneira mais profunda e vivencial o problema da terra e as distorções nas relações de trabalho, vigentes nas grandes plantações.
Em segundo lugar, os movimentos estudantis expressavam-se em uma linguagem abstrata, utilizando conceitos teóricos muito em voga nos meios intelectuais e no jargão estudantil. Os movimentos rurais e operários estavam habituados a uma linguagem concreta e eram menos afeitos aos discursos de natureza teórico-analítica.
Em terceiro lugar, os movimentos estudantis expressavam as ansiedades, preocupações e aspirações de seu meio, muito mais facilmente mobilizável e permeável a um processo de conscientização. Os movimentos de cunho rural e operário estavam inseridos em meios muito mais complexos, em que a liderança decisiva estava com os adultos. A conscientização desses meios populares era muito mais lenta e exigia grande dose de realismo. A proposta do meio estudantil de fazer algo para o agricultor e para o operário foi criticada como paternalismo.
Em quarto lugar, os movimentos estudantis dispunham na União Nacional de Estudantes um instrumental político de força considerável. Sobre ela podiam exercer uma influência significativa e através dela podiam marcar sua posição na sociedade. A Juventude Agrária Católica e a Juventude Operária Católica atuavam em meios com relações de trabalho, estruturas sindicais e políticas muito mais rígidas e menos acessíveis à influência transformadora dos jovens. Mesmo concordando com certas posições teóricas propostas pelos movimentos estudantis, a JAC e a JOC davam-se conta das dificuldades práticas de operacionalizá-las.
Os movimentos adultos, integrados em boa parte por ex-dirigentes e ex-militantes dos movimentos de jovens, acompanhavam os debates, empreendiam uma reflexão sobre seus engajamentos, mas deixavam a cada um de seus militantes a decisão sobre a maneira concreta de efetivar esse engajamento.
Na primeira metade da década de 1960, o episcopado brasileiro, na sua grande maioria integrada por bispos relativamente jovens, foi forte e decisivamente marcado pelo Concílio Vaticano II. Para os mais de duzentos bispos brasileiros da época, a participação neste Concílio representou uma excepcional reciclagem teológica e uma grande oportunidade de se abrirem ao testemunho e à vivência pastoral da Igreja Católica presente em todos os países do Planeta.
Em 11 de abril (Semana Santa) de 1963, o Papa João XXIII lançara a sua última e mais importante encíclica “Pacem in Terris”. Celebrando e comentando esta encíclica, a Comissão Central da CNBB, publicou um pronunciamento vibrante e incisivo. Tomando como base o texto deste documento Pontifício, os bispos fundamentam e defendem as inadiáveis reformas de base de que o Brasil precisava: questão rural; reforma da empresa; reforma tributária; reforma administrativa; reforma eleitoral; reforma educacional.
A encíclica de João XXIII e o pronunciamento da Comissão Central davam apoio aos posicionamentos e ao engajamento defendido pela Ação Católica Brasileira, pelo Movimento de Natal, pelos movimentos sociais apoiados pela Igreja, por cristãos que militavam no Instituto Superior de Estudos Brasileiros ISEB, e vinham ao encontro de posições defendidas por diversos grupos nacionalistas. O pronunciamento irritou, porém, grupos conservadores e forneceu elementos para a reação que culminou com a intervenção militar, que depôs o Governo de João Goulart em 31 de março de 1964.
O Concílio Vaticano II, que se reuniu no período de 1962 a 1965, levou a Igreja no Brasil a três posicionamentos axiais e complementares. O primeiro foi levar todo o povo de Deus e membros da Igreja Católica a aprofundarem sua vivência no mistério da Igreja com base nas constituições conciliares “Lumen Gentium” (Mistério da Igreja); “Dei Verbum” (Palavra de Deus e Desígnio Divino de Salvação); “Sacrosanctum Concilium” (Celebração Litúrgica).
O segundo posicionamento dizia respeito às relações de diálogo entre a Igreja Católica com outras Igrejas e denominações cristãs (ecumenismo); com outras religiões não cristãs (diálogo inter - religioso); bem como à aplicação ao caso brasileiro da declaração conciliar “Dignitatis Humanae” sobre liberdade religiosa.
O terceiro posicionamento, com base na constituição “Gaudium et Spes”, explicitava o papel da Igreja na sua atuação a serviço do desenvolvimento integral do ser humano e de todos os homens. Este posicionamento foi posteriormente mais detalhado na encíclica Populorum Progressio promulgada por Paulo VI em 26 de maio de 1967.
Quando o Concílio encerrou-se aos 8 de dezembro de 1965, a CNBB havia aprovado em assembléia geral um plano completo para sua implantação junto ao povo de Deus em território brasileiro. Este plano foi executado na integra, abordando o primeiro, o terceiro e o segundo posicionamentos nesta ordem de prioridade. O primeiro posicionamento tinha como objetivo fazer com que todas as comunidades eclesiais - desde as comunidades eclesiais de base, às paróquias, às dioceses, aos movimentos de atuação nacional, à CNBB e ao conjunto do povo de Deus – fossem renovadas como comunidades vivas de Igreja com a participação efetiva de todo o povo de Deus. O segundo posicionamento foi explicado ao povo de Deus, mas operacionalizado de maneira mais cautelosa para evitar interpretações equivocadas.
O terceiro posicionamento levou a Igreja a modificar progressiva, mas significativamente a sua maneira de prestar o serviço à sociedade. De um lado, ela continuou e aperfeiçoou seu serviço de assistência social, para atender e minorar as situações que não podiam esperar por reformas estruturais. A criação e organização da Cáritas Brasileira contribuíram para este aperfeiçoamento da ação social promovida pela Igreja.
O serviço orientado para uma ação transformadora dentro da sociedade foi, porém, assumindo paulatinamente um rumo diferente do adotado nas décadas de 1940 e 1950. Nestas duas décadas, e mesmo na primeira metade dos anos de 1960, havia uma cooperação estreita entre a Igreja e o Governo de plantão, para prestar este serviço à sociedade com as limitações impostas por esse tipo de cooperação, que alcançou o seu ápice durante o Governo de Juscelino Kubitschek.
Três fatores principais contribuíram para uma ruptura com o modelo de cooperação entre a hierarquia católica e os governos militares: o caráter autoritário desses governos; o fenômeno das torturas, que se intensificaram ao extremo no Governo do Presidente Médici; a política sócio-econômica adotada por esses regimes militares, sobretudo a partir do Governo do Presidente Costa e Silva, que conduziu o país a uma maior concentração de renda e ao alargamento do fosso entre as desigualdades sociais.
Em coerência com o Concílio Vaticano II e com as encíclicas papais, os pronunciamentos e posicionamentos da hierarquia católica passaram pouco a pouco a identificar-se com o povo, a defender os pontos de vista dos injustiçados e das classes menos favorecidas, bem como a contestar as políticas governamentais. Nesta transição de modelos das relações entre a hierarquia católica e o Estado Nacional, os movimentos especializados da Ação Católica foram quase todos eliminados, tais como a JAC; muitos de seus militantes foram perseguidos e mesmo torturados. Para eles a primavera da segunda metade dos anos de 1940 e da década de 1950 transformou-se em um tenebroso e fatal inverno na segunda metade dos anos de 1960, e este inverno prolongou-se pelas décadas de 1970 e 1980.
2.3.A JAC Nestas Duas Décadas e o Papel de Seus Assistentes Eclesiásticos
Lançando um olhar retrospectivo a partir deste início do século XXI sobre o Brasil rural dessas duas décadas (1945 a 1964) é preciso reconhecer que, apesar de toda a efervescência que dominou o cenário brasileiro neste período bem como da primavera renovadora que marcou a vida da Igreja no Brasil, sobretudo no meio urbano nesta mesma época, a tarefa confiada a Ângela Neves de implantar a Juventude Agrária Católica em território brasileiro assume o caráter de uma missão com envergadura de tal dimensão, que só encontra sentido à luz da fé. Ao acompanhar certa vez Santina, a dirigente da JACF em Pernambuco, em uma entrevista que manteve com Celso Furtado, pude perceber a descrença do idealizador da SUDENE de que este movimento tivesse condições de dar uma contribuição significativa à transformação da agricultura pernambucana.
A diversidade do meio rural brasileiro, dos pampas gaúchos à bacia amazônica, passando pelo Centro – Oeste que começava a ser desbravado; a estrutura agrária arcaica e obsoleta, herdada dos tempos do Brasil Colônia; as manchas de pequenas e médias propriedades rurais, predominantes nas áreas de colonização alemã e italiana do Centro - Sul e menos expressivas em algumas sub-regiões do Nordeste; os desafios do semi-árido; o avanço tecnológico da agricultura, restrito em grande parte às grandes plantações voltadas para o comércio exterior; as quatro mil sedes de municípios, localizadas em pequenas cidades do interior com profundas raízes rurais ainda marcadas pelo Brasil do século XIX, mas atraídas pelo fascínio das grandes cidades, e funcionando como uma porta aberta a incentivar o êxodo rural - urbano; constituem alguns traços marcantes do Brasil rural por ocasião do término da II Guerra Mundial em 1945.
De outro lado, em termos religiosos predominava no interior brasileiro o cristianismo da chamada religiosidade popular, muitas vezes influenciada pelo misticismo de personalidades e ordens religiosas carismáticas e contagiantes, que continuavam a alimentar esse tipo de vivência cristã a partir de centros de romarias que - criados ao longo dos anos - continuavam a atrair numerosos peregrinos.
A JAC tinha a missão de educar os jovens que viviam neste meio para uma fé cristã mais adulta, capaz de enfrentar e sobreviver a um novo mundo que vinha surgindo e que deveria transformar a agricultura e a cultura rural brasileira pelas suas inovações tecnológicas no decorrer das próximas décadas.
Não por mera coincidência, a JAC - nos seus primórdios - floresceu com mais pujança no Nordeste brasileiro. Na época era a Região onde a Igreja contava com um número mais significativo de bispos e presbíteros abertos aos movimentos de renovação eclesial que de certo modo prepararam o Concílio Vaticano II: renovação litúrgica; aprofundamento da Palavra de Deus em termos missionários, catequéticos e de celebração da Palavra; serviço da Igreja ao desenvolvimento humano da sociedade na perspectiva de sua modernização tecnológica e cultural, a despeito dos grandes desafios enfrentados pela sociedade civil nordestina, tais como estiagens prolongadas com ocorrência cíclica e a estrutura fundiária obsoleta e concentradora de propriedade de terra.
A partir da segunda metade da década de 1950, com a figura carismática de Dom Edmundo Kunz, bispo auxiliar da arquidiocese de Porto Alegre, a JAC brotou no Rio Grande do Sul e em poucos anos logrou um desenvolvimento extraordinário, tanto do movimento feminino como masculino. Seus dirigentes muito rapidamente começaram a dar uma significativa contribuição em nível nacional.
O ano de 1960 constituiu um ano decisivo para o desenvolvimento da JAC no Brasil, de modo análogo ao que acontecera com os movimentos estudantis neste mesmo ano, especialmente com a JUC, que ganhou um impulso considerável a partir do Encontro em que reuniu quase todos os seus dirigentes e militantes no Rio de Janeiro, para celebrar o seu décimo aniversário. Para a JAC o acontecimento marcante foi sua participação no Congresso Internacional da Juventude Agrária e Rural Católica, que reuniu em Lourdes, na França, 25.000 jovens dos movimentos europeus, do Canadá, da América Latina, de países africanos e de alguns países asiáticos.
O tema central do Congresso foi o desafio da alimentação em um novo mundo que surgiu dos escombros da II Guerra Mundial e descobriu que mais da metade da população do Planeta passava fome, levando as Nações Unidas a criar um organismo específico para enfrentar o problema: a FAO. Um representante deste organismo compareceu ao Congresso da Juventude Agrária Rural Católica. Mas o Congresso ampliou o tema e o debateu dentro de quatro dimensões: fome de alimento; fome de cultura; fome de amor (solidariedade); fome de Deus. Durante o Congresso os movimentos europeus apresentaram uma encenação que abordava o problema da fome com base no Livro de Jorge Amado “Seara Vermelha”, que focalizava a migração de nordestinos vitimados pela seca, rumo ao Sudeste do país. Sua publicação é de 1946, quando o autor era ainda filiado ao Partido comunista.
Com a ajuda financeira proporcionada pelos movimentos europeus, a JAC brasileira conseguiu levar uma delegação de cerca de 30 dirigentes. Dom Edmundo Kunz acompanhou a delegação. Como o trajeto Rio – Lisboa foi via marítima, os dias de travessia do Atlântico foram aproveitados para realizar uma série de encontros, preparando a participação da delegação no Congresso e os estágios que se seguiriam junto aos movimentos europeus. A abertura de horizontes que esta experiência do Congresso de Lourdes proporcionou aos brasileiros que dela participaram foi de fundamental importância para a evolução da JAC nos anos subseqüentes, em que o movimento tomou consciência de sua dimensão internacional, especialmente latino-americana, e se expandiu para o Centro – Oeste e para o Estado de São Paulo.
Para estruturar o movimento em função de suas novas dimensões e expansão e conferir maior profundidade e segurança à sua atuação foi necessário aumentar o quadro de permanentes, tanto em nível nacional como em nível regional, e em alguns casos mesmo em nível diocesano. O fato da JAC - tanto em nível nacional como em nível regional - ter uma sede comum com outros movimentos especializados de Ação Católica muito contribuiu para que os permanentes pudessem trocar experiências e se ajudar mutuamente nas horas difíceis, especialmente a partir de março de 1964.
A implantação da JAC no Estado de São Paulo e no Centro – Oeste exigiu um aprofundamento da situação da estrutura fundiária e das relações trabalhista dos jovens assalariados empregados nas grandes plantações. O enfrentamento deste desafio já vinha sendo colocado anteriormente com relação às plantações canavieiras da Zona da Mata do Nordeste. Com a atuação do movimento nas plantações de São Paulo e do Centro Oeste, foi necessário encarar essa questão em termos mais específicos e diferenciados da atuação anterior do movimento em pequenas cidades do interior e junto a jovens agricultores em pequenas propriedades rurais.
A situação e o papel dos assistentes eclesiásticos de JAC exigiram que fossem levadas em consideração as especificidades da Igreja no meio rural. Com efeito, no meio rural o assistente é quase sempre o pároco ou o seu coadjutor. Em ambos os casos ele tem sob sua responsabilidade toda a comunidade de Igreja que ele preside como o elo visível de sua unidade e como elo de comunhão com toda a comunidade diocesana. Na paróquia a JAC é apenas um dos movimentos, embora um movimento especial que prepara os jovens para a vivência e exercício de uma fé mais adulta capaz de superar a simples religiosidade popular e enfrentar o processo de modernização e transformação tecnológica e cultural pelo qual iria passar a população da área. Embora o assistente deva garantir a esses jovens a atenção necessária para neles formar esta fé mais adulta, é necessário que ele os insira como fermento no conjunto da comunidade paroquial. Este papel torna-se mais difícil, quando o pároco por necessidade ou por tendência dedica grande parte de seu tempo e atenção à execução de obras seja na construção e melhoria da igreja, seja na implantação de obras sociais.
Nas circunstâncias em que o assistente eclesiástico tinha dedicação exclusiva para o movimento, como acontecia em nível nacional e em nível de alguns regionais, o papel do assistente assemelhava-se muito ao papel que ele costumava exercer o assistente junto a outros movimentos especializados de Ação Católica: ser o educador de uma fé mais adulta entre os dirigentes do movimento e ter o descortino necessário para ajudá-los a aperfeiçoar e qualificar sua formação humana em habilidades necessárias ao seu melhor desempenho junto ao movimento. Ao mesmo tempo fazia-se necessário que ele fosse capaz de articular os párocos rurais, incentivá-los a trabalhar em equipe com outros párocos, a fim de atender melhor ao movimento de jovens em sua paróquia e encontrar as melhores alternativas para que JAC contribuísse para a renovação de toda a comunidade paroquial. Desta maneira a JAC tinha um papel de grande importância para a renovação da Igreja no meio rural, preparando uma juventude capaz de enfrentar os embates da modernização e contribuir para a renovação da pastoral paroquial em coerência com as grandes linhas traçadas pelo Vaticano II.
3.A JUVENTUDE AGRÁRIA CATÓLICA “SEMPRE NOVA”
Quando apliquei à Juventude Agrária Católica a expressão de Agostinho de Hipona “sempre antiga e sempre nova”, veio-me à mente uma questão de suma relevância neste início do século XXI. Dei-me conta de que os jovens do meio rural sempre trabalharam com os seres vivos e com a natureza viva: plantas, animais, fungos e com os bilhões de microorganismos que povoam cada metro cúbico de terra fértil. Esses microorganismos trabalham as rochas e digerem os minerais nela contidos transformando-os em elementos químicos que as plantas podem absorver.
Esta questão assumiu proporções ainda maiores quando descobri que o ENEJAC (Encontro Nacional de Ex – Jacistas) se propunha estudar em seu V Encontro a ser realizado em início de novembro deste ano os desafios do aquecimento global. Ora, a maneira mais eficiente de enfrentar o aquecimento global e seus impactos negativos é promover a “civilização da vida e a serviço da vida”. Esta corrige e equilibra os ciclos dos elementos químicos, especialmente do dióxido de carbono cuja acumulação na atmosfera do Planeta está provocando o efeito estufa. Ajudar a construir uma civilização da vida e a serviço da vida pode ser um lema para a JAC do início do século XXI. Mas, para entender mais cabalmente o alcance desta proposta faz-se necessário explicitar os seguintes desdobramentos:
3.1 .Natureza das revoluções industriais nos últimos dois séculos e meio;
32. Marcos que antecederam e basearam os avanços das ciências da vida;
3.3. As três características essenciais da rede de todo o organismo vivo;
3.4. Contexto em que se originou a vida no planeta terra na idade pré-biótica;
3.5. O desenvolvimento da vida no planeta terra na idade do microcosmo;
3.6. O desenvolvimento da vida no planeta terra na idade do macrocosmo;
3.7. O sistema Gaia e a centralidade peculiar ao fenômeno da vida na Terra;
3.8. Mobilização de toda a sociedade civil, sobretudo a não organizada.
3.9. CONCLUSÃO (Parte final do documento)
A Juventude Agrária Católica do século XXI é chamada a empunhar a bandeira desta nova civilização e colaborar para a implantação desta “civilização da vida e a serviço da vida”. A maneira mais eficaz de atingir este objetivo é contribuir para a mobilização e articulação da sociedade civil, a fim de viabilizar politicamente a adoção e implantação desse empreendimento vital para o Brasil.
Convém notar que a civilização da vida não elimina o progresso científico e tecnológico da matéria inorgânica e da máquina, mas assume com relação a estes um posicionamento de total prioridade. Por isso coloca-os sempre a serviço da ciência e tecnologia da vida e a estas os subordina.
É preciso reconhecer que a opção pela civilização da vida é a maneira mais eficaz para responder aos desafios do aquecimento global: reduzindo a acumulação excessiva de dióxido de carbono e de metano da atmosfera (os maiores responsáveis pelo efeito estufa); eliminando os agrotóxicos da atividade agrícola e os hormônios da pecuária; abolindo a transgenia de primeira geração e promovendo a transgenia de segunda geração; imprimindo um novo rumo e novas prioridades às políticas de ciência e tecnologia.
De outro lado, como movimento de Igreja, a JAC não pode encarar o fenômeno da vida do ponto de vista estritamente biológico. É bem verdade que cada ser humano e a humanidade inteira estão solidariamente vinculados ao desenvolvimento de todos os seres vivos e em interação permanente com o substrato inorgânico do Planeta e do Universo.
Ao mesmo tempo é preciso levar em conta que o ser humano ocupa o ápice da cadeia evolutiva e é dotado de inteligência racional e livre arbítrio, que o habilita a se relacionar com seus semelhantes, dedicando-lhes um amor total de doação de si mesmo e de com eles constituir uma sociedade fraterna de bem-estar assegurado pela justiça, que conduz à paz. Mas também pode se deixar levar por um amor possessivo capaz de destruir e desrespeitar os demais nos seus direitos mais fundamentais e inalienáveis, estabelecendo nos seus relacionamentos estruturas de dominação opressora.
Como um movimento integrado por jovens cristãos, fiéis membros da Igreja Católica, os membros da JAC são chamados a alargar os seus horizontes para encarar o fenômeno da vida não apenas do ponto de vista puramente biológico e humano, mas também à luz do Desígnio divino de salvação, valorizando e cultivando a vida divina que lhes foi outorgada no batismo pela efusão do Espírito Santo. Este sacramento não apenas os integrou na comunidade de Igreja. Este sacramento os tornou igualmente filhos e filhas adotivos de Deus, pela mediação de Cristo Jesus. Por isso em união com Cristo são chamados a viver a comunhão de amor com as três Pessoas da Trindade e a comunhão de amor com os irmãos e irmãs na fé na esperança e na caridade, bem com a engajar-se no serviço à sociedade em que estão inseridos.
NOTA: Transcrevemos como anexo, o conteúdo do documento no qual o autor faz referências a JAC, inclusive a conclusão que encontra-se no final do texto. O documento na íntegra encontra-se na internet, no seguinte endereço: http://www.novoblogdoenejac.blogspot.com/

Anexo 03:
Mensagem de Pe. Joseph Servat

Prezados(as) amigos(as) animadores da JAC do Brasil
Estou muito feliz em saber que apesar dos anos e das enfermidades estão se encontrando em Itamaracá (PE). Não podiam encontrar lugar melhor. Na ilha, conheci bastante a beleza das praias, a paisagem encantadora, o azul do mar e ass lembranças das lutas coloniais. Tudo chama para sonhar, repousar-se e amar. Esse paraíso na natureza pode muito bem favorecer a reflexão e a oração. Tantas vezes experimentei.
Quero dizer a minha saudade incurável do Brasil, de vocês todos, amigos de luta, que conheci em diversos encontros no meu tempo da terra de Santa Cruz. Apesar do peso dos anos (86), e de muito cansaço, tento continuar numa Igreja francesa bem adormecida o que descobrimos do norte ao sul do gigante Brasileiro. Continuem nessa terra que é sua, num Brasil que se torna esperança do mundo e da Igreja o que tentamos fazer em tempos passados. Não podem parar e que não devem parar. Vocês batizados(as), membros e irmãos de Cristo, não podem parar porque as suas responsabilidades são imensas. Despertem filhos e filhas para que a luta continue.
Apesar de alguns progressos, o povo brasileiro não foi ainda libertado da sus pobreza e de tantas injustiças que marcaram sua história. Campo e cidade precisam ser evangelizados em profundidade, vocês não assumiram bastante o seu papel na família, na sociedade, nas diversas associações, sobretudo numa política realmente transformadora. O que dizer da Igreja? Qual o papel de vocês leigos numa igreja universal que sempre mais fica nas mãos do clero e da hierarquia. Os leigos obedecem e executam, nunca pensam para decidir. Vejam quantos jovens, sobretudo no Nordeste têm possibilidades de se preparar para uma vida plenamente humana, com emprego certo, saúde assistida, possibilidade de criar uma família bem educada, escola e cultura para todos, uma fé que liberte e valorize os talentos de cada um.
Gostaria de estar com vocês: viver, pensar, brincar, estudando, meditando e rezando. Tomando banho nesse mar encantado, descansando debaixo dos coqueiros. De Toulouse na França, terrra dos Airbus e da Ariane, não viajei mais, esperando o Grande Encontro com Deus que nos lembra a festa de Todos os Santos e o dia dos defuntos. Estou rezando com vocês.
Com a minha amizade
Pe. Joseph Servat

PARTICIPANTES E ENDEREÇOS
Bahia

1- Afra Barreto Silva
Rua Aurelino Silva, 10 - 1o andar
Amaralina - Salvador/BA - CEP 41.900-401
Fone (71) 3248.0152
Aniversário: 21/05
2- Carolina Carneiro de Oliveira
Rua Moto Clube, 149
Parque Irê - Feira de Santana/BA - CEP 44.016-160
Fone: (75) 3224.5749 - 3481.6491
Aniversário:11/03
3- Francisca Maria Carneiro Baptista
Rua Canaan, 112
Sobradinho - Feira de Santana/BA - CEP 44.016-160
Fone: (75) 5624.5665 - Cel. (75) 9955.4672
Aniversário 02/04
4-Gilda Barreto da Silva
Rua São Marcos, 54
Pau da Lima - Salvador /BA - CEP 41.630-160
Fone (71) 3212.6239
Aniversário: 07/11
5-Jandira Barreto da Silva
Rua do Sabiá - Bloco 626 A - apto 302
Vista Alegre - Salvador/BA - CEP 40.730-230
Fone: (71) 3217.6378
Aniversário: 07/03
6-Joana Guida Carneiro
Rua Itambé, 15
Jardim Cruzeiro - Feira de Santana/BA - CEP 97.155.255-04
Fone (75) 3223.7239
Aniversário: 30/03
7-Maria Julia de Souza Santos
Rua Felinto Marques Cerqueira, 902
Capuchinhos - Feira de Santana/BA - CEP 44.052-100
Fone: (75) 32234073 Cel. 91318604
E-mail: juliaeadcon@gmail.com Aniversário: 01/07
8-Naidison de Quintella Baptista
Rua Canaan, 112
Sobradinho - Feira de Santana/BA - CEP 44.016.160
Fone: (75) 3624.5665 - Cel.(75) 9955.4700
E-mail: naidison@uol.com.br Aniversário:09/05
Brasilia/DF
1- Maria Aparecida Monteiro Vieira
Rua SHIS-QL 10 - Conj 8 -Casa16
Lago Sul - Brasilia/DF - CEP 71.630-085
Fone: (61) 3248.6753 Cel. (61) 9291.8713
E-mail cidamoreira@hotmail.com
Aniversário:16/04
2- Maria do Socorro Florentino C. De Souza
SHIS QL 07- Conj.17 - no 21
Lago Sul -Brasilia/DF - CEP 71.615-370
Fone: (61) 3248-7093 - Cel. (61) 99786627 Aniversário 02/12
3- Odelita Caldas Ferreira
QI 07 - Conjunto 13 - no. 21
Lago Sul - Brasilia/DF -CEP 71.615-330
Fone: (061) 3248-0180
E-mail: litacferreira@hotmail.com
Aniversário: 21/07
Ceará
1- Antonio de Araujo Oliveira
Rua Dias Mendes, 125
Bom Sucesso - Fortaleza/CE - CEP 60.733-110
Fone: Celular 8773.4502
E-mail: antolitu@yahoo.com e anto-litu@hotmail.com
Aniversário: 21/07
2- Elândia Oliveira Sousa
Rua Santa Júlia, 103
Parangaba - Fortaleza/CE - CEP 60.720-380
Fone:(85) 3245.2216
Aniversário:09/07
3- Joaquim Rocha Amaral
Rua 101 -Casa 1a Etapa n. 121
Conj.Ceará - Fortaleza/CE - CEP 60.530-000
Fone(85) 3259.3376
Aniversário: 27/09
4- Maria Carmosita Ramos
Rua Tenente Benévolo,10
Centro - Fortaleza/CE - CEP 60.160-040
Fone: (85) 3226.1906
Aniversário: 25 /07
5- Maria das Grascas Bessa Araujo
Rua 2 - Casa 454 n. 454
Passare - Fortaleza/CE - CEP 60.743-220
Fone(85) 8862.7238
E-mail: mgbessa@yahoo.com.br Aniversário: 03/11
6- Maria da Paz Barreto Amaral
Rua 101 n. 121
Conj.Ceará - Fortaleza/CE - CEP 60.530-000
Fone:(85) 3259.3376 - Cel. (85) 8879.0611
Aniversário: 01/09
7- Maria Rodrigues Barbosa
Avenida Godofredo Maciel, 2160 - Bl.A - Apto 103
Maraponga - Fortaleza/CE - CEP 60.710-001
Fone:(85)3296-1976 Cel. (85) 8799.7875
E-mail: maria.barbosa@ymail.com
Aniversário:17/02
8- Maria Valcíria Pinheiro
Rua Uruburetama, 94
Montese - Fortaleza/CE - CEP 60.410-130
Fone:(85) 3494.1122
Aniversário: 21/01
Mato Grosso
1- Mirtes Joana Lenzi
Av. da FEB,990
Ponte Nova - Varzea Grande/MT - CEP 78.115-000
Fone: (65) 3685.3085 - Cel: (65) 8405.6608
Aniversário:23/04
Paraiba
1-João Camilo Pereira
Av. Mal Hermes da Fonseca,1065
Bessa - João Pessoa/PB - CEP: 58.035-190
Fone (83) 3245.2020 Cel. (83) 9985.0236
E-mail: peisinopereira@uol.com.br
Aniversário: 04/07
2- Margherita Maria Peisino Pereira (Margot)
Av. Mal Hermes da Fonseca,1065
Bessa - João Pessoa/PB - CEP: 58.035-190
Fone (83) 3245.2020 - Cel. (83) 9922.7047
E-mail: gi.margot@hotmail.com
Aniversário:08/10
Paraná
1- Porfiria Mendoza Blanco
Rua Mohamed Ali El Fakih n. 245
Jd Dona Leila - Foz de Iguaçu/PR - CEP 85.856-455
Fone:45)3527-4454 - Cel. (45) 9938-9369
E-mail: porfiriamendozab.@gmail.com.br e porfiriablanco@yahoo.com.br
Aniversário: 26/11
Pernambuco
1-Cleonice da Silva Viana (Nicinha)
Rua A Vila 27de Abril,37 - UR 10
Ibira - Recife/PE - CEP 51.310-540
Fone:(81) 3477.7395 - Cel. (81) 9437.8232
Aniversário:31/07
2-Edite O.Fernandes da Cunha
Rua Amaraji, 80 - Apto 1017
Casa Forte - Recife/PE - CEP 52.060-440
Fone:(81) 32687378
Aniversário: 27/03
3-Ignácia Maria da Conceição H. Lavareda
Rua da Conceição, 200 - Apto.42
Boa Vista - Recife/PE - CEP 50.060-130
Fone:(81) 3221.1891 - Cel. (81) 8817.1720
E-mail: mailto:ignacialavareda@bol.com.br
Aniversário:31/07
4-Marcos Antonio Pacheco de Lima
Rua Isaac Markman,406 - Apto 304
Bongi -Recife/PE - CEP 50.751-370
Fone: (81) 3227. 4427 Cel. (81) 8804.6077
E-mail: pacheco@recife.pe.gov.br
Aniversário: 10-06-1966
5- Maria Auxiliadora da Costa
Rua Viriato Correia, 114
Boa Viagem - Recife/PE - CEP: 51.030-510
Fone (81) 3341. 1490 - Cel. (81) 9184.8649
Aniversário:24/03
6- Maria de Lourdes de Santana
Rua Estrada da Luz, 2324
Sto Aleixo - Jaboatão Guararapes/PE - CEP: 54.120-050
Fone: (81) 3481.9014
Aniversário: 27/06
7- Maria Stella Andrade
Rua Amaragi, 80 - Apto 1013
Casa Forte - Recife/PE - CEP 52.060-440
Fone: (81) 3268.7378
Aniversário: 04/12
8- Santina Therezita da Costa
Rua Viriato Correia,114
Boa Viagem - Recife/PE - CEP: 51.030-510
Fone: (81) 3341.1490 - Cel.:(81) 9975.0740
Aniversário:06/11
Rio de Janeiro
1-Angela Neves Lucchetti
Rua Mariz e Barros, 42 - Apto 902
Icaraí - Niterói/RJ - CEP 24.220-121
Fone: (21) 3701.3016
E- mail: dircenaura@gmail.com
Aniversário: 14/08
2- Dionaura Camargo de Accioly
Rua 07 n.85 C 01
Itaipu - Niterói/RJ - CEP: 24.346-000
Fone: (21) 2609.9180 - Cel: (21) 9411.4838
E-mail: jaccioly@radnet.com.br
Aniversário: 05/06
Rio Grande do Norte
1- Alice Maria Lima da Silva
Rua Juarez Távora, 3366
Candelária - Natal/RN - CEP 59.065-300
Fone: (84) 3206.0093 - Cel:(84) 8824.1578
E-mail: alicemlsilva@yahoo.com.br
Aniversário 01/05
2- Anália Pereira de Araujo
Rua Tenente Sá Barreto, 56
Alecrim - Natal/RN - CEP: 59. 037-070
Fone:(84) 3213. 3107 -Cel:(84) 9418.2088
Aniversário 08/06
3-Alzira Araujo da Silva
Rua Manuel Miranda, 1052
Alecrim - Natal/RN -CEP 59.037-250
Fone:(84) 3221.33623
4- Arlindo Melo Freire
Rua Dr. Carlos Passos,1610
Tirol - Natal/RN - CEP: 59.015-310
Fone: (84) 3222.2840 - Cel. (84) 9952.8787
E-mail: melofreire@gmail.com
Aniversário : 22/06
5- Clarice da Rocha Liberato
Rua Brasília, 212
Neópolis - Natal/ RN - CEP 59.080-230
Fone:(84) 3217.6213 - Cel.: (84) 9984.8730
Aniversário:07/09
6- Eridante Paiva de Souza
Rua Barão do Curimataú, 2224 - Apto. 301
Lagoa Nova - Natal/RN - CEP 59.063-130
Fone: (84) 3234.4868 - Cel.: (84) 8807.5570
E-mail: eripaivadesouza@yahoo.com.br
Aniversário:23/05
7- Francisca Eulália de Araujo
Rua Alexandre Fleming, 1885
Capim Macio - Natal/RN - CEP: 59.082-020
Fone:(84) 3217.4307 Cel: (84) 9444.1099 E- mail: chicaeulalia@hotmail.com
Aniversário: 12/02
8- José Alaí de Souza
Rua Barão do Curimataú, 2224 - Apto. 301
Lagoa Nova - Natal/RN - CEP 59.063-130
Fone: (84) 3234.4868 - Cel.: (84) 9991.5570
E-mail: eujoas@yahoo.com.br
Aniversário: 27/11
9- José Antonio da Silva
Rua Joarez Távora, 3366
Candelária - Natal/RN - CEP 59.065-300
Fone: (84) 3206.0093 - Cel:(84) 8824.1581
Aniversário:24/03
10- José Candido Cavalcante
Rua Francisco Borges de Oliveira, 1577
Lagoa Nova - Natal/RN - CEP 59.063-370
Fone: (84 )3234. 4601 - Cel:(84) 9963.2739
E-mail: mailto:cavalcantijose@uol.com.br
Aniversário: 08/06
11- Letice de Azevedo Dantas
Rua Açaí, 7703
Pitimbu - Natal/RN - CEP 59.068-550
Fone: (84) 3218.6877
Aniversário:08/07
12- Maria do Socorro de Morais Cavalcante
Rua Francisco Borges de Oliveira, 1577
Lagoa Nova - Natal/RN - CEP 59.063-370
Fone: (84) 3234.4601 - Cel:(84) 99003646
Aniversário: 25/02
13- Maria do Socorro Marques Bezerra
Rua Sergipe, 94
Neópolis - Natal/RN - CEP: 59.080-230
Fone: (84) 3207.9824 - Cel:(84) 9988.5690
E-mail: socorro.m.bezerra@hotmail.com
Aniversário:21/06
14- Maria Lindalva Silva Soares
Rua Coqueiro, 10
Potengi - Natal/RN - CEP: 59.120-510
Fone:(84) 3661. 5082 - Cel: (84) 9982.2584
Aniversário:12/08
14- Severino Bezerra dos Ramos
Rua Sergipe, 94
Neópolis - Natal/RN - CEP: 59.080-230
Fone: (84) 3207.9824 - Cel: (84) 9988.5690
Aniversário: 01/11
15- Zelia Maria Pereira
Rua Cel Milton Freire, 1923
Cidade Jardim - Natal/RN - CEP 59.078-310
Fone: (84) 3217.6172 - Cel: (84) 9983.3725
Aniversário:15/09
Rio Grande do Sul
1- Canisio Beuren
Rua Barão do Triunfo, 302
Americano - Lajeado/RS - CEP 95.900-000
Fone: (51) 3714.5297 - Cel (51) 9954.9885
Aniversário:01/05
2- Devina A. Bello Beuren
Rua Barão do Triunfo, 302
Americano - Lajeado/RS - CEP 95.900-000
Fone: (51) 3714.5297
E- mail: canisiodevina@hotmail.com
Aniversário:20/12
3- Dionisia Brod
Rua São José, 34
Centro - Arroio do Meio/RS - CEP: 95.940-000
Fone: (51) 3716.1114
Aniversário:12/12
4- Dora Milicich Seibel
Rua Marilia, 871
Panazollo - Caxias do Sul/RS - CEP 95.082-150
Fone (54) 3222.1343 - Cel. (54) 9977.2647
E-mail: dora.ms@terra.com.br
Aniversário:19/09
5-Eli Tereza Schmidt
Rua Conceição, 921 Apto. 209
Centro - São Leopoldo/RS - CEP 93.010-070
Fone: (51) 3534.7312 - Cel. (51) 9903.5757
Aniversário: 01/07
6- Iracy Maria Assmann Braun
Rua General Rondon, 1577
Tristeza - Porto Alegre/RS - CEP 91.900-171
Fone: (51) 3268.7788 - Cel. (51) 9638.8541
Aniversário: 20/06
7- Iradi Masotti
Rua Hoffmann, n. 740
Floresta - Porto Alegre/RS - CEP 90.220-170
Fone: 51) 3022.8485
Aniversário:22/03
8- Ivanete Giordani
Rua São Paulo, 282
Borgo - Bento Gonçalves/RS - CEP 95700-000
Fone:(54) 3454.1781 - Cel:(54) 9994.0500
Aniversário: 10/12
9- Mons. João Ermillo Weizenmann
Rua Espírito Santo, 95
Centro - Porto Alegre/RS - CEP. 90.010-370
Fone: (51) 3213. 7447 - Cel. (51) 9807.8393
Aniversário 24/01
10- João Seibel
Rua Marilia, 871
Panazollo - Caxias do Sul/RS - CEP 95.082-150
Fone (54) 3222.1343 - Cel. (54) 9923.8772
E-mail: awgadvogados@terra.com.br - MSN swg Aniversário: 06/06
11- Pe.Julio Antonio Giordani
Rua Visconde São Gabriel, 274
Cidade Alta - Bento Gonçalves/RS - CEP 95.700-000
Fone: (54) 3055.4741 - Cel: (54) 9982.5598
E-mail: padrejulio@pop.com.br e padrejulio@hotmail.com
Aniversário:29/03
12- Lúcia Cauduro
Rua Principal, 2
Itapuca - Anta Gorda/RS - CEP 95.980-000
Fone: (51) 3756.1147
Aniversário: 20/01
13- Maria Helena Scopel
Rua 07 de Setembro, 746
Centro - Antonio Prado/RS - CEP 95.250-000
Fone: (54) 3293. 2841
Aniversário: 06/10
14- Renita Graeff Meinerz
Rua Miracema, 424
Chácara das Pedras - Porto Alegre/RS - CEP 91.330-490
Fone: (51) 3334.9623 - Cel: (51) 9133.5565
E-mail: mailto:taniameinerz@via-rs-net
Aniversário:19/02
15- Sirio Sandri
Rua Cristiano Grün, 684
Moinhos - Lajeado/RS - CEP 95.900-000
Fone: (51) 3714. 1286 - Cel (51) 9646.0711
Aniversário:06/07
16- Vitório Beuren
Rua Mauricio Cardoso, 1061
Centro - Soledade/RS - CEP 99.300-000
Fone: (54) 3381. 4560 - Cel (54) 9973.0069
E-mail:vitoriobeuren@yahoo.com.br
Aniversário: 22/08
17-Zilba Bartolotto Signori
Rua Conego Angelo Donatto, 250
São José - Caxias do Sul/RS - CEP 95.042-190
Fone: (54) 3224.1559
Aniversário:09/12
Sergipe
1- Miguel Ferreira de Lima
Rua Mons.Alberto B. de Azevedo, 88
Atalaia - Aracaju/SE - CEP 49.037-630
Fone: (79) 3223.1127 - Cel. (79) 8833.1255
E-mail: limafrancinete@ig.com.br
Aniversário:28/12
2- Paula Francinete Barbosa de Lima
Rua Mons.Alberto B. de Azevedo, 88
Atalaia - Aracaju/SE - CEP 49.037-630
Fone: (79) 3223.1127
Aniversário 02/04
Argentina
1- Arlindo Sandri
Rua Entre Rios, 597- Apto11- B
Buenos Aires - Argentina 1079
Fone (54-11)- 4383.7093 - Celular (54)911 44215885 E-mail: arlindosandri@fibertel.com.ar
Aniversário: 05/04
2- Elda Picasso de Sandri
Rua Entre Rios, 597- Apto11- B
Buenos Aires - Argentina 1079
Fone (54-11) 4383.7093 E-mai: eldayarlindo@gmail.com
Aniversário: 29/05
3- Alberto Soler
Rivadavia Y D.Falco, S/n
La Toma San Luis 5750 - Argentina
Fone (54) 02655 421443 Aniversário :12/09
4- Milicich Concepción Maria del Carmen
Rivadavia Y D.Falco, S/n
La Toma San Luis 5750 - Argentina
Fone (54) 02655 421443 Aniversário 19/09