domingo, 31 de março de 2013

sábado, 30 de março de 2013

UMA SANTA E FELIZ PÁSCOA





VIVER A PÁSCOA HOJE

Frei Betto

A Páscoa, na sua origem hebraica, é um fato político: sob o reinado do faraó Ramsés II, em 1250 a.C. Liderados por Moisés, os hebreus se libertaram da escravidão no Egito. Basta isso para que, hoje, ela seja comemorada como incentivo a combater toda forma de opressão, preconceito e discriminação.

Nascemos do mesmo modo; ao morres, teremos todos o mesmo destino; no entento, as desigualdades imperam em nosso modo de viver.

A Páscoa, para os cristãos, além do ato político encabeçado por Moisés, é sobretudo a proclamação de que Jesus, assassinado em Jerusalém, venceu a morte e manifestou a sua natureza também divina.

Assassinaram Jesus porque ele queria o óbvio, o que ainda hoje muitos fingem não enxergar: vida em plenitude para todos. Não é preciso saber economia para se dar conta de que há suficiente riqueza no mundo para assegurar vida digna a seus 7 bilhões de habitantes.

A renda per capita mundial é, hoje, de USS 9.390. Porém, basta olhar em volta para ver nossos semelhantes jogados nas calçadas, catando lixo para se alimentar, morando em favelas, submetidos ao trabalho escravo. Basta abrir o jornal para ler que dois terços da humanidade ainda vivem abaixo da linha da pobreza. E 20% da população mundial concentra 84% da riqueza global.

Páscoa significa passagem, travessia. Domingo, nós, cristãos, iremos à igreja celebrar esta que a mais importante festa litúrgica. E o que muda em nossas vidas? Vamos sair do nosso comodismo para ajudar a acabar com a opressão? Vamos deslocar a nossa ótica do lugar do opressor para encarar a realidade pelos olhos do oprimido, como sugeria Paulo Freire?

É fácil ter religião e professar a fé em Jesus. O difícil é ter espiritualidade e a fé de Jesus.

Feliz Páscoa, queridos(as) leitores(as)!

quarta-feira, 27 de março de 2013

Esgarçamento da Política

Esgarçar: afastarem-se, soltarem-se os fios de um tecido (Caldas Aulete).
Quem é direita e esquerda hoje no Brasil? Eis um dilema shakespeariano. A direita, representada pelo DEM, se acerca do PMDB e, na palavra do senador Agripino Maia, propõe “oposição branda” ao governo Dilma Rousseff, que se considera de esquerda.
O PPS do deputado Roberto Freire, versão ao avesso do Partido Comunista, apoia as forças mais retrógradas da República. O PDS de Kassab e o PMDB de Sarney ficam em cima do muro, atentos para o lado em que sopram os ventos do poder.
Como considerar de esquerda quem elege Renan Calheiros presidente do Senado, e Henrique Alves, da Câmara dos Deputados. Você, caro(a) leitor(a), qualifica como de esquerda quem se apoia em Paulo Maluf, Fernando Collor de Melo e Sarney?
Desde muito jovem aprendi que a esquerda se rege por princípios e, a direita, por interesses. E hoje, quem coloca os princípios acima dos interesses? Como você, que é de esquerda, se sente quando se depara com comunistas apoiando o texto do Código Florestal que tanto agrada a senadora Kátia Abreu?
A esquerda entrou em crise desde que Kruschov, líder supremo da União Soviética, denunciou os crimes de Stalin, em 1956. Naquela noite de fevereiro, vários dirigentes comunistas, profundamente decepcionados, puseram fim à própria vida. 
Depois que Gorbachev entregou o socialismo na bandeja à Casa Branca, e a China adotou o capitalismo de Estado, a confusão só piorou.
Muitos ex-esquerdistas proclamam que superaram o maniqueísmo esquerda x direita, inadequado a esse mundo globalizado. Mera retórica para justificar o aburguesamentos de quem, em nome da esquerda, alcançou um estilo de vida à imagem e semelhança dos poderosos da direita: muita mordomia e horror, como confessou o general Figueiredo, ao “cheiro de povo” (exceto na hora de angariar votos).
Ser de esquerda, hoje, é defender os direitos dos mais pobres, condenar a prevalência do capital sobre os direitos humanos, advogar uma sociedade onde haja, estruturalmente, partilha dos bens da Terra e dos frutos do trabalho humano.
O fato de alguém se dizer marxista não faz dele uma pessoa de esquerda, assim como o fato de ter fé e frequentar a igreja não faz de nenhum fiel um discípulo de Jesus. A teoria se conhece pela práxis, diz o marxismo. A árvore, pelos frutos, diz o Evangelho.
Se a prática é o critério da verdade, é muito fácil não confundir um militante de esquerda com um oportunista demagogo: basta conferir como se dá a relação dele com os movimentos populares, o apoio ao MST, a solidariedade à Revolução Cubana e à Revolução Bolivariana, a defesa de bandeiras progressistas, como a preservação ambiental, a união civil de homossexuais, o combate ao sionismo e a toda forma de discriminação.
Quem é de esquerda não vende a alma ao mercado.

Frei Betto é escritor e religioso dominicano. Recebeu vários prêmios por sua atuação em prol dos direitos humanos e a favor dos movimentos populares. Foi assessor especial da Presidência da República entre 2003 e 2004. É autor de "Batismo de Sangue", e "A Mosca Azul", entre outros

domingo, 17 de março de 2013

Papa lembra raízes com Itália e diz que humanidade se cansou de pedir perdão


Cidade do Vaticano, 17 mar (EFE).- O papa Francisco rezou neste domingo, da janela do apartamento papal, que tem vista para a praça de São Pedro, o primeiro Ângelus de seu pontificado, no qual lembrou suas raízes com a Itália e destacou a misericórdia e a paciência de Deus.
O pontífice voltou a explicar que escolheu ser chamado de Francisco em homenagem a Francisco de Assis, frade italiano, o que reforça suas relações com o país. Além disso, sua família procede do norte da Itália.
Durante a reza, o líder religioso afirmou que Deus 'jamais se cansa' de perdoar os homens e que se Deus não perdoasse, o mundo 'não existiria'.
Diante de milhares de pessoas, que abarrotaram a Praça de São Pedro, o papa exaltou a misericórdia e a paciência de Deus e fez uma crítica dizendo que são os homens que se cansaram de pedir perdão. 'Um pouco de misericórdia muda o mundo, o torna menos frio e mais justo', declarou.
Dezenas de milhares de pessoas acolheram Francisco com uma prolongada salva de palmas quando saiu à janela de seu apartamento. Os presentes, entre eles milhares de crianças, exibiram bandeiras de vários países, algumas argentinas, país de origem de Francisco, assim como do Brasil e do Vaticano. MSN-Notícias/ AgênciaEFE

quarta-feira, 13 de março de 2013

O NOVO PAPA É LATINO-AMERICANO E SE CHAMAFRANCISCO


 
O 266º papa da igreja católica, Jorge Mario Bergoglio, é o primeiro
pontífice nascido num país em desenvolvimento a ser escolhido para liderar católicos de todo o mundo. O novo pontífice, que escolheu ser chamado de Francisco, é um jesuíta que era arcebispo da Arquidiocese de Buenos Aires desde 1998.
O papa Francisco enfrentará a difícil tarefa de conter as divisões na hierarquia da igreja, ao mesmo tempo em que atende aos 1,2 bilhões de fiéis da igreja católica apostólica romana. O novo pontífice tem ampla experiência pastoral na Argentina, mas não está claro quanta influência tem na Cúria romana, o órgão administrativo do Vaticano, já que não tem uma posição de destaque na Cúria.

O novo papa, que tem 76 anos, foi eleito pelos 115 cardeais no segundo dia de votação. Nascido em Buenos Aires, o novo pontífice foi ordenado padre jesuíta em 1969. Ele se tornou bispo em 1992 e, seis anos mais tarde, foi nomeado arcebispo de Buenos Aires. Bergoglio tornou-se cardeal em 2001, pelo papa João Paulo II.
Pessoas ligadas a Bergoglio dizem que ele evita as ostentações de um cardeal e prefere ser chamado de "padre Jorge" em vez do título formal de "cardeal" ou "sua eminência". Ele é conhecido por viajar para paróquias e igrejas em ônibus de linha ou de metrô, vestido como um padre comum.
Na língua da Igreja na Argentina ele é um "pastor, não um príncipe". Ele buscou uma igreja que olhasse para o mundo exterior ao invés de uma igreja que se fecha em si mesma dentro de templos.
Bergoglio tem sido um defensor dos padres que trabalham em favelas - conhecidas como "villas" na Argentina - que cercam a capital Buenos Aires. Ao mesmo tempo, ele tem uma visão ortodoxa dos temas sociais, como o casamento gay, aborto e eutanásia.
Em 2010, Bergoglio se opôs fortemente à lei que autorizou o casamento gay na Argentina. Em seu primeiro discurso como papa da sacada do Vaticano, dirigido aos fiéis reunidos na Praça São Pedro, Bergoglio disse que os cardeais "foram ao fim do mundo" para encontrar o novo papa. Ele pediu aos fiéis que rezem por ele e depois abençoou a multidão. As informações são da Dow Jones
Fonte: www.yahoo.com.br

domingo, 10 de março de 2013

Cardeais buscam um Papa com carisma e que seja durão

Algumas pistas das características procuradas em um futuro pontífice podem ser deduzidas a partir de declarações dos cardeais que passaram a última semana em reuniões no Vaticano. Antes de quarta-feira, quando eles pararam de dar entrevistas, os sacerdotes frequentemente citaram alguns atributos que a Igreja precisa neste momento: um exímio comunicador que consiga conquistar almas através de suas palavras e que tenha um comportamento santo. E também um xerife destemido, para conseguir lidar com as desordens e escândalos no Vaticano.
O foco que eles deram para a comunicação e bom governo é, em muitos aspectos, um reconhecimento das deficiências do Papa Bento XVI, que voou de helicóptero para uma aposentadoria inesperada, depois de um mandato pedregoso de oito anos. Mas é também um símbolo de nostalgia em relação a seu antecessor de Bento XVI, João Paulo II, uma presença magnética que comandou, entre holofotes, viagens ao redor do mundo mesmo quando estava no fim da vida.
Sob olhares do Papa Bento XVI, a Igreja perdeu influência na Europa, nos Estados Unidos e até mesmo na América Latina. A burocracia central em Roma, na Cúria, caiu profundamente em disfunção e até mesmo corrupção. Cardeais de diversos países comentaram esta semana que estavam seriamente preocupados com os recentes relatos na mídia italiana sobre um dossiê secreto que teria sido dado à Bento XVI, e conteria explosivas evidências de chantagem sexual e financeira. O dossiê confidencial deve ser mostrado ao próximo Papa.
Poucos candidatos vêm com todo o arsenal de talentos, e os meios de comunicação italianos chegaram a cogitar a ideia de que os cardeais estão considerando combinar um papa pastoral com um Secretário de Estado duro e experiente, que poderia atuar como administrador e, se necessário, executor.
O próximo papa talvez não precise fazer uma ofensiva contra as rivalidades e crimes no Vaticano, mas deve ter pelo menos a inteligência de nomear um vice destemido o suficiente para enfrentar a entrincheirada burocracia do Vaticano.
- A primeira coisa que ele tem que fazer é colocar mais ordem na administração central da Cúria - disse o cardeal Edward Egan, arcebispo emérito de Nova York - Ele tem que estar disposto a aceitar críticas, e ao mesmo tempo precisa ser um homem que entenda a fé e possa anunciá-la de uma maneira descomplicada e atrativa - completou Egan, cardeal que votou no conclave que elegeu Bento XVI, mas agora não poderá votar por exceder a idade limite de 80 anos.
Para aqueles cujos nomes circularam como "papáveis", os discursos feitos até agora servem em parte como testes.
- O atraso na programação do conclave indicou que os cardeais ainda estavam em uma fase de avaliação de personalidades, registros e ideias de cada um - disse Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, em uma coletiva de imprensa na última quinta-feira.
Qualquer candidato sério deve estar sempre em oração, ter uma boa base teológica e ser fluente em italiano, a língua do Vaticano e de Roma, que é, afinal, diocese do Papa. Vários cardeais também disseram que o próximo Pontífice deve ter tido experiência como bispo de uma diocese. Essa descrição poderia excluir alguns candidatos que serviram a maioria de seus anos na Cúria, e aqueles com pouca experiência pastoral , como o cardeal Gianfranco Ravasi, o erudito italiano a quem Bento XVI deu a honra de pregar no recente retiro quaresmal do Vaticano.
O cardeal Donald Wuerl, arcebispo de Washington, disse em uma entrevista:
- Acho que ser um pastor de uma igreja local seria um fator muito importante se você vai estar envolvido espiritualmente nessa ideia de renovação da Igreja.
Alguns cardeais também enfatizaram que o Papa deve ser capaz de atingir a outras religiões, melhorar as relações com os bispos de todo o mundo e apresentar vigorosamente a doutrina católica. Muitos daqueles mencionados como papáveis foram apontados como grandes administradores, seja em suas arquidioceses, na Cúria Romana, ou em ambos. Isso inclui os cardeais Angelo Scola, arcebispo de Milão; Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo; Peter Erdo, arcebispo de Esztergom-Budapest e primaz da Hungría; Leonardo Sandri, um argentino com longa experiência na Cúria; e Marc Ouellet, um canadense que dirige a poderosa Congregação dos Bispos do Vaticano.
Mas alguns desses bispos são conhecidos por terem pouca presença ou carisma. Os cardeais Erdo e Ouellet são famosos por ficarem mais confortáveis lendo um texto previamente preparado do que falando espontaneamente diante de multidões ou em entrevistas, de acordo com associados e ex-alunos.
Outros cardeais, por sua vez, viram suas reputações melhorarem com uma capacidade comprovada de se comunicar com o público de massa, como notavelmente faz o cardeal Luis Antonio Tagle, das Filipinas. Mas sua idade, apenas 55 anos, depõe contra ele. Tagle é o segundo mais novo cardeal, atrás apenas de Baselios Thottunkal, da Índia.
- É necessário mais tempo para construir sobre os alicerces. Eu acho que nós precisamos de um papado mais longo para gerar energia e manter o dinamismo - afirmou Napier. - A partir de conversas informais, alguns dos outros cardeais também estariam olhando nessa direção - completou.
No passado, seria impensável ter um sério candidato papal dos Estados Unidos, uma superpotência econômica e política, mas os observadores do Vaticano dizem que, pela primeira vez, há entusiasmo para dois americanos que têm tanto carisma quanto força administrativa: Timothy Dolan, de Nova York, uma presença falante, e Sean Patrick O'Malley, de Boston, um frade franciscano.
Ainda é pouco provável que qualquer um deles se torne Papa, em grande parte porque os Estados Unidos ainda são vistos como uma superpotência global cujos interesses nem sempre se encaixam tão bem com os da Igreja Católica, mas este conclave é o primeiro a quebrar o tabu.
- Pela primeira vez os americanos estão sendo considerados. Isso é novidade - disse Marco Politi, um veterano vaticanista na Itália.
Fonte:Agência O Globo