segunda-feira, 30 de julho de 2012

Brasília sedia cerimônia de entrada da Venezuela no Mercosul



Após seis anos de tramitação, a Venezuela será incorporada ao Mercosul em solenidade marcada para o próximo dia 31 (terça-feira), em Brasília. A parte do cerimonial já está definida. Por volta das 9h45, a presidenta Dilma Rousseff aguardará no Palácio Planalto a chegada da presidenta Cristina Kirchner (Argentina) e dos presidentes José Pepe Mujica (do Uruguai) e Hugo Chávez (da Venezuela). Em seguida, haverá a foto oficial com os quatro presidentes. Depois, ocorre a reunião dos chefes de Estado. Os ministros das Relações Exteriores do Brasil, da Argentina, do Uruguai e da Venezuela se reúnem amanhã (30), em Brasília. A ideia é que preparem um esboço das atividades do grupo de trabalho que se debruçará sobre os aspectos técnicos relativos à definição do programa de liberalização comercial. Há um mês, em Mendoza, os presidentes do Brasil, da Argentina e do Uruguai aprovaram a adesão da Venezuela como membro pleno do Mercosul e a suspensão temporária do Paraguai do bloco. A suspensão do Paraguai foi definida pelos presidentes por considerarem que o processo de destituição do poder do então presidente Fernando Lugo, em 22 de junho passado, não seguiu os preceitos democráticos. O Congresso do Paraguai ainda não havia aprovado o ingresso dos venezuelanos no bloco, mas os parlamentos dos demais países aprovaram a incorporação. O assunto motivou debates em todos os países. A exemplo do que ocorreu na Cúpula do Mercosul, em Mendoza, na Argentina, Dilma, Chávez, Mujica e Cristina Kirchner devem discursar na cerimônia do dia 31. 
Fonte: Agência Brasil

domingo, 29 de julho de 2012

A refundação do Mercosul


A entrada da Venezuela como membro pleno do Mercosul - a ser formalizada na próxima terça-feira em Brasília – permite que o Mercosul reformule não apenas sua composição, mas ganhe novo impulso e ocupe todos os espaços da integração regional. Esse novo formato rompe com círculos viciosos que estavam fazendo o Mercosul girar em falso, pelas disputas comerciais por mercado entre grandes corporações privadas brasileiras e argentina. Com os outros dois países – Uruguai e Paraguai – marginalizados.

Enquanto isso os processos de integração regional – Unasul, Banco do Sul, Conselho Sulamericano de Defesa, Comunidade de Estados Latinoamericanos e do Caribe – avançavam. No começo da crise economica internacional, foi a Unasul que promoveu as reuniões dos governos sulamericanos para formular estratégias comuns de resistência aos efeitos recessivos da crise.

A solicitação de ingresso da Venezuela tinha sido aprovado no Congresso da Argentina, do Uruguai e do Brasil, ficando, há anos, bloqueada no Senado do Paraguai. Quando esse mesmo Senado promoveu o golpe branco que derrubou Fernando Lugo, os outros tres países do Mercosul, além de condenar o golpe, decidiram pelo ingresso da Venezuela, depois da suspensão do Paraguai como membro pleno.

O ingresso da Venezuela permitirá uma espécie de refundação do Mercosul, não apenas rompendo com o círculo vicioso apontado, mas também estendendo as esferas de integração para outras áreas, entre elas, a educação, a pesquisa, tecnologia, a comunicação, a cultura, os esportes, entre outros. Assim como, no próprio plano econômico, aprofundar as formas de integração.

Enfim, o Mercosul passa a poder expressar a força que a região tem demonstrado, ressaltada ainda mais pelo contraste com os países do centro do capitalismo, que seguem em crise e em recessão. Os países do Mercosul estão entre os países latino-americanos que priorizam a integração regional, as políticas sociais e um Estado ativo nos planos econômico e social.

O Mercosul, incorporando a terceira economia da América do Sul, torna-se um pólo econômico dinâmico no Sul do mundo. Deve incorporar a Bolívia e o Equador – que já solicitaram seu ingresso – como membros plenos, avançando na integração econômica regional.

Daí a importância da reunião da próxima terça-feira, uma das mais importantes em toda a historia do Mercosul e certamente a mais importante há muito tempo.
Postado por Emir Sader às 16:10

O Mercosul na sua segunda geração


A entrada da Venezuela coloca o Mercosul em um novo estágio. O bloco fica ampliado nas dimensões econômicas, comerciais, culturais e demográficas. Territorialmente, incorpora mais de 900 mil quilômetros quadrados, que é praticamente as superfícies de França e Alemanha somadas. Consolida o domínio sobre as maiores reservas energéticas, minerais, naturais e de recursos hídricos do planeta. A partir de agora, o Mercosul passa a ser a região com a maior reserva mundial de petróleo. O artigo é de Jeferson Miola.
No último 13 de julho o Governo da Venezuela formalizou na Secretaria do Mercosul o Instrumento de Ratificação do Protocolo de Adesão da República Bolivariana da Venezuela ao Mercosul, assinado em 04 de julho de 2006. Dessa forma, o país cumpre as formalidades para seu ingresso pleno no bloco, passando da condição de Membro Associado à qualidade de Estado Parte.
O ingresso da Venezuela foi aprovado pelas Presidentas Cristina Kirchner, da Argentina, Dilma Rousseff, do Brasil e pelo Presidente José Mujica, do Uruguai, na Cúpula Presidencial de 29 de junho de 2012, na cidade argentina de Mendoza.

O Mercosul nasceu num contexto histórico e político muito diferente do atual. Menem governava a Argentina, Collor o Brasil, Andrés Rodriguez o Paraguai e Alberto Lacalle presidia o Uruguai. Era o auge da fanfarra neoliberal e das promessas da globalização financeira que supostamente levariam a humanidade a um nirvana que, na verdade, se converteu num tremendo pesadelo. Em 1991, a constituição do “Mercado Comum do Sul” visava coordenar políticas macroeconômicas e de liberalização comercial no marco de uma inserção desfavorável à globalização neoliberal.

O epicentro daquele Mercosul idealizado em 1991 eram as relações comerciais e a coordenação dos interesses das mega-empresas transnacionais e dos monopólios econômicos na maximização dos lucros auferidos regionalmente para a transferência às suas matrizes, radicadas sobretudo na Europa e nos Estados Unidos.

Em 2012 este projeto de integração completou 21 anos, marcado por limites e contradições; mas, também, exibindo avanços em diversos campos. Desde 2003, a partir da assunção de governos de esquerda e progressistas na região, notadamente sob a liderança inicial de Kirchner e Lula, a fisionomia do Mercosul vem sendo transformada.

O comércio intra-bloco passou de 4,5 para 50 bilhões de dólares anuais; foi criado um Parlamento próprio; 100 milhões de dólares ao ano são aplicados pelo FOCEM [Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul] a fundo perdido na execução de investimentos sociais e de infra-estrutura para diminuir as assimetrias e disparidades entre os países; está sendo implementado um Estatuto da Cidadania, e a “integração anti-Condor” converteu as políticas de direitos humanos adotadas no MERCOSUL em paradigma mundial.

A entrada da Venezuela significa o aprofundamento desta transformação, e coloca o Mercosul em um novo estágio. O bloco fica ampliado nas dimensões econômicas, comerciais, culturais e demográficas. Territorialmente, incorpora mais de 900 mil quilômetros quadrados, que é praticamente as superfícies de França e Alemanha somadas. Consolida a jurisdição e o domínio sobre as maiores reservas energéticas, minerais, naturais e de recursos hídricos do planeta. Seguramente deverá ter maior protagonismo no jogo geopolítico internacional.

A ampliação do Mercosul naturalmente será acompanhada de dificuldades, mas também de inúmeras conveniências. Contribui para maior coesão da região, para a estabilidade democrática, para a diminuição de conflitos e aumenta a segurança e a capacidade de defesa. A maior integração também conforma um ambiente comunitário mais favorável à adoção de estratégias comuns de desenvolvimento, aproveitando o mercado regional de massas incrementado em 29 milhões de pessoas e um comércio intraregional de produtos manufaturados com maior valor agregado. A partir de agora, o Mercosul passa a ser a região do globo com a maior reserva mundial de petróleo, adquirindo maior poder de influência na definição das políticas energéticas no mundo.

Desde a assinatura do Tratado de Assunção em 1991, dois acontecimentos marcaram uma inflexão geopolítica e estratégica do Mercosul numa perspectiva pós-neoliberal. O primeiro deles foi o sepultamento, em 2005, da Área de Livre Comércio das Américas, a ALCA, que representava uma perigosa ameaça à soberania, ao desenvolvimento e à independência dos países do hemisfério. O segundo acontecimento marcante está se dando justo neste momento, com o ingresso pleno da Venezuela no Bloco, inaugurando o que se poderia considerar como a segunda geração do MERCOSUL e do processo de integração regional.

A América do Sul foi historicamente prejudicada pelas grandes potências - especialmente pelos Estados Unidos - que preferem nosso rico e promissor continente dividido – ou desunido – a um continente integrado e capaz de construir soberanamente seu destino. Esta realidade faz compreender as razões do conservadorismo que combate - por vezes de forma irascível - o ingresso da Venezuela no Mercosul e o fortalecimento dos laços regionais de amizade, de harmonia e de integração.

O crescimento do Mercosul poderá ser fator de estímulo para o ingresso de outros países nesta comunidade, que já examina com o Equador as condições para sua adesão. A unidade regional, que já é física devido à contiguidade territorial, poderá assumir características de uma integração mais avançada, abrangendo tanto aspectos comerciais e econômicos, como sociais, culturais e políticos. Isto propiciará um melhor posicionamento estratégico e geopolítico da região no mundo, o que será benéfico para cada país individualmente e para o conjunto das nações no enfrentamento dos problemas e na defesa de interesses que são comuns a elas.

O Mercosul altivo e motorizando o fortalecimento da América do Sul é a melhor contribuição que o continente pode dar à paz e à igualdade no mundo. Constitui uma resposta eficiente à prolongada crise do capitalismo mundial, protegendo as conquistas sociais e econômicas logradas na última década pelos atuais Governos da região dos avanços da sanha neoliberal que na Europa trata do desmonte do Estado de Bem-Estar social em nome da austeridade fiscal e da proteção dos interesses da especulação financeira.

(*) Exerce a função de Diretor da Secretaria do MERCOSUL em Montevidéu. Este texto expressa opiniões de caráter pessoal que não devem ser consideradas como sendo da Instituição
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quarta-feira, 11 de julho de 2012

SEPULTAMENTO DE DOM EUGÊNIO


 Catedral fica cheia para missa em homenagem a dom Eugenio (Foto: Alexandre Durão / G1) 
Catedral fica cheia para missa em homenagem a
dom Eugenio (Foto: Alexandre Durão / G1)


A Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro lotou de fiéis na tarde desta quarta-feira para acompanhar o enterro do cardeal Dom Eugênio de Auaújo Sales. O corpo do religioso foi sepultado às 15h em uma cripta no chão da igreja, no mesmo local onde repousa o seu antecessor, o cardeal Dom Jaime Câmara, falecido em 1971.
Dom Eugênio morreu na noite de segunda-feira, aos 91 anos, após sofrer um infarto em casa. Centenas de pessoas fizeram fila para as últimas despedidas. Desde a tarde de terça-feira, aconteceram missas de corpo presente abertas ao público, com intervalo de duas horas.
Nascido em Acari, no Rio Grande do Norte, em 8 de novembro de 1920, Dom Eugenio de Araújo Sales era o mais antigo cardeal da Igreja Católica, segundo informação da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

MORREU O CARDEAL DOM EUGÊNIO SALES


O Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, faleceu ontem (09/07), às 22h30 na residência em que morava, no Sumaré, no Rio, vítima de uma parada cardíaca. O corpo de Dom Eugênio será velado na Catedral Metropolitano de São Sebastião, do Rio de Janeiro, onde será sepultado, amanhã, dia 11/07, às 15 horas. Dom Eugênio de Araújo Sales nasceu em 8 de novembro de 1920, na cidade de Acari-RN. Foi ordenado Presbítero em 21 de novembro de 1943. Em 01 de junho de 1954, o então Pe. Eugênio de Araújo Sales é nomeado Bispo Auxiliar de Natal. Em 09 de dezembro de 1961, foi nomeado Administrador Apostólico de Natal, pastoreando a Arquidiocese até julho de 1964. Em 09 de julho de 1964, Dom Eugênio foi nomeado Arcebispo Primaz de Salvador, Bahia. Recebeu o título de Cardeal em 30 de abril de 1969. De Salvador, foi transferido para o Rio de Janeiro em 27 de março de 1970, permanecendo lá até ter o seu pedido de renúncia aceito pelo Papa, em 25 de julho de 2001. No período em que exerceu seu pastoreio em Natal, tanto como Padre, como Bispo Auxiliar e Administrador Apostólico, Dom Eugênio Sales foi o responsável por inúmeras ações sociais na Arquidiocese de Natal, dando origem ao Movimento de Natal, destacando-se: a sindicalização dos trabalhadores rurais, as escolas radiofônicas através da Radio Rural, maternidades e a Campanha da Fraternidade. Dom Eugênio teve extrema importância no processo de redemocratização do Brasil, atuando na defesa dos direitos humanos durante a Ditadura Militar. Na década de 70, Dom Eugênio ajudou a abrigar mais de cinco mil pessoas que eram perseguidas politicamente no Brasil e outros países da América do Sul. Ele também foi referência para perseguidos políticos durante a ditadura militar e abrigou padres, intelectuais, operários e estudantes brasileiros e estrangeiros. Mesmo com essas atitudes, ele era conservador e combatia as doutrinas da esquerda