O papa Francisco convoca a juventude a confrontar o
"egoísmo" da classe política e sua "corrupção", a fome, o
racismo, a perseguição ideológica, violência e drogas. Marcando a Igreja com
seu estilo, o papa Francisco deu à via-crúcis desta sexta-feira, 26,na Jornada
Mundial da Juventude, um sentido
político e social. Dos jovens, cobrou uma atitude de "coragem" para
mudar o mundo e, com a cruz, desafiar os problemas vividos pela sociedade.
"Você é o que lava as mãos e vira para o outro lado?", questionou o
papa à multidão.
Deixando claro que seu pontificado dará uma
dimensão social ao evangelho, o papa foi além e cobrou da juventude
internacional uma atitude para confrontar as mazelas do mundo. "Você é o
que lava as mãos, se faz de distraído e vira ao outro lado?", questionou o
papa à multidão, comparando a atitude a de Pilatos, que lavou as mãos diante da
crucificação de Jesus. "Jesus olha agora e te diz: quer ajudar a levar a
cruz?".
O papa Francisco optou por transformar a cruz e as
imagens das estações do sofrimento de Jesus em alusões aos desafios sociais e
políticos. "Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para
carregar os nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os
mais profundos. Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência,
que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos", declarou o
papa.
"Jesus se une às famílias que passam por
dificuldades, que choram a perda de seus filhos, como os 242 que morreram em
Santa Maria. Rezemos por eles. Ou que sofrem vendo-os presas de paraísos
artificiais como a droga", disse o papa, em mais uma referência nesta
viagem ao problema da dependência química.
Outro alerta do papa Francisco é para o desafio da
fome, numa crítica explícita ao desperdício de setores inteiros da sociedade,
enquanto milhões não tem o que comer. "Jesus se une a todas as pessoas que
passam fome, num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida".
No discurso, falou pela primeira vez do racismo
presente na sociedade, além dos problemas de intolerância religiosa.
"Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias ou pela cor
da pele", apontou.
O tradicional ato de devoção da Igreja não escapou
ao estilo que o papa começa a implementar, transformando a Igreja em um centro
do debate inclusive político. "Jesus se une a tantos jovens que perderam a
confiança nas instituições políticas, por egoísmo e corrupção, ou que perderam
a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de
ministros do Evangelho", declarou o papa.
Para o pontífice, os jovens não devem temer e
precisam sair a enfrentar esses obstáculos. "Na Cruz de Cristo, está o
sofrimento, o pecado do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo com seus
braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos diz: Coragem!
Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte e vim
para lhe dar esperança, dar-lhe vida", disse Francisco.
Há dois dias, o papa já havia incentivado os jovens
brasileiros a lutar contra a corrupção. Agora, usa o símbolo da cruz para
insistir que não podem se dar por derrotados. "Com Ele, o mal, o
sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e
a vida: transformou a Cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em
sinal de amor, de vitória e de vida", declarou.
O papa ainda fez questão de lembrar aos jovens
brasileiros que a luta, na forma de cruz, esteve sempre presente na história do
País. "O primeiro nome dado ao Brasil foi justamente o de "Terra de
Santa Cruz". A Cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de
cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo
brasileiro". Fonte: MSN
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